FOTO: Divulgação/SES-AMAbril é um mês marcado pela cor azul que aborda o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e, neste sábado (02/04), é celebrado o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo. A psicóloga do Centro de Atenção Integral à Criança e ao Adolescente – Caic+ Ana Braga, unidade da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), esclarece informações essenciais sobre diagnóstico e acompanhamento.
Há 37 minutos
Por Agência Amazonas
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) tem causas multifatoriais, genéticos e ambientais, conforme a psicóloga
O autismo é um transtorno que afeta o desenvolvimento neurológico de crianças e adolescentes, interferindo na comunicação e comportamento dos indivíduos. A psicóloga Catarina Araújo afirma que pais e responsáveis precisam estar atentos aos sinais de dificuldades na interação social, na fala e movimentos repetitivos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o TEA afeta 70 milhões de pessoas no mundo. No Brasil, estima-se que dois milhões de brasileiros tenham o diagnóstico de autismo.
Diagnóstico – De acordo com a especialista, o atendimento inicial para diagnóstico de autismo pode ser realizado com um pediatra em qualquer Unidade Básica de Saúde (UBS). Após essa primeira avaliação, a criança será encaminhada para uma unidade da rede pública estadual para acompanhamento especializado.
“Em relação a interação é muito mais por eles terem dificuldade de interagir, na relação socioemocional. Pode haver dificuldade na comunicação verbal e não verbal e, também, dificuldade do contato visual. Sobre padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, existem as estereotipias motoras tanto com o corpo e com a mão, e estereotipias de discurso, que são as ecolalias. Existe também a hipersensibilidade, eles são mais sensíveis a sons, e às vezes eles tem também a hipossensibilidade (ausência de dor)”, explicou Catarina.
Após avaliação clínica e o diagnóstico, a criança poderá ser encaminhada para acompanhamento multiprofissional, composto por neuropediatra, psicólogo, psiquiatra, fonoaudiólogo e fisioterapeuta.
“A partir do momento que os pais ou os responsáveis identificarem aspectos que de uma certa forma é diferente ou que não seja esperado, é importante que procure o pediatra. O pediatra acaba sendo esse profissional de porta de entrada para avaliar, para olhar, para analisar e para conversar com esses pais”, esclareceu.
Sobre o TEA – O autismo tem causas multifatoriais e existem fatores genéticos e ambientais, segundo a psicóloga. “Existem as causas genéticas, como a síndrome do X frágil, mas existem também questões ambientais, de acordo com os autores e pesquisas, como a questão do próprio estresse. Outros teóricos que nós já vimos, citam a questão da vitamina D, do ácido fólico que pode interferir na formação. São aspectos que podem, juntamente com os fatores genéticos, haver esse cruzamento”, afirmou a psicóloga.
“Não é que todo paciente vai precisar de todas essas especialidades, isso é algo que é visto pelo profissional. Cada ciência dessa vai cuidar de um aspecto. Para o autismo não existe um medicamento. É muito mais em relação às comorbidades, porque através de uma medicação que é prescrita para um paciente é possível fazer as intervenções. Se é um paciente que tem muita agitação, como é que eu vou fazer um trabalho psicomotor com ele? Então, depende do caso”, explicou Catarina.
Rede de apoio – Para a psicóloga, o papel da equipe multiprofissional vai além de cuidar somente do paciente, pois também são necessários a conscientização e o acolhimento das famílias para que também se comprometam com o acompanhamento do paciente.
O TEA é classificado em três níveis. O nível 1 (antigo nível leve), em que o paciente necessita de menos suporte; o 2 (antigo nível moderado) que existe apoio para a plena realização de atividades relacionadas à comunicação e interação social; e o nível 3 (nível severo) em que o auxílio é substancial por haver comprometimentos intensos nos domínios.
O diálogo entre os profissionais também é essencial para a formação de uma rede de apoio que reúna, além dos profissionais e das famílias, a sociedade, a fim de minimizar o estigma e o preconceito causado pelo desconhecimento do TEA.
“A importância desse acolhimento que realizamos aqui é também no sentido de orientação parental, o que a gente também faz com os pais, cuidadores, responsáveis, a gente faz essas orientações. Trabalhando com as famílias cada vez mais vemos como eles estão articulados, estão se fortalecendo em rede e isso é muito importante”, destacou Catarina.
“É importante sensibilizarmos a sociedade para cada vez mais as pessoas irem para além de um estereótipo e entenderem que ali tem uma pessoa com um potencial enorme que, às vezes, não fala, mas tem uma capacidade cognitiva imensa, de criação imensa. Quando nós conseguimos o contato visual de um paciente que não fazia esse contato é algo muito gratificante porque conseguimos entender como o nosso trabalho está fazendo diferença na vida daquelas pessoas”, contou a psicóloga.