Diretora do Banco de Olhos do Amazonas, oftalmologista Cristina Garrido analisa córnea para realização do transplante. FOTOS: Rodrigo Santos/SES-AMO Abril Marrom é o mês da prevenção da cegueira e cuidados com os olhos. A oftalmologista e diretora do Banco de Olhos do Amazonas, Cristina Garrido, que coordena as centrais de doações e captações de córneas na Fundação Hospital Adriano Jorge, unidade da Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), e no Instituto Médico Legal (IML), esclarece sobre cuidados com a saúde ocular, prevenção da cegueira e transplante de córnea.
Há 22 minutos
Por Agência Amazonas
Médica orienta sobre consulta anual, higiene com uso de lentes de contato e outros cuidados com a saúde ocular
“Devemos nos preocupar tanto com a prevenção das causas de cegueiras reversíveis, como lesões de córnea, pterígio, catarata, quanto das irreversíveis, como glaucoma e retinopatias. Porém, ressaltamos as causas reversíveis de cegueira porque trabalhamos com os transplantes de córnea, cujos pacientes geralmente resgatam sua visão após a cirurgia. A maioria dos pacientes que volta a enxergar tem êxito porque, mesmo tendo sofrido traumas e infecções de córnea, conseguiram atendimento a tempo, evoluindo com bom prognóstico e cura”, afirma.
De acordo com Cristina, neste mês a preocupação está voltada para a prevenção dos tipos de cegueira e das causas que podem levar uma pessoa ao transplante de córnea (tecido translúcido que fica na superfície do olho).
“Alguns pacientes que sofreram traumas mais profundos com materiais perfurocortantes, chave de fenda, tesoura, ou que adquiriram infecções agravadas pela falta de acesso ao rápido atendimento, podem não conseguir reverter o quadro e evoluir para a cegueira, mesmo após realizada a cirurgia do transplante de córnea, daí a importância do diagnóstico e tratamento precoce”, explica.
O objetivo da campanha Abril Marrom é reduzir a incidência dos distúrbios que afetam a visão, instruir o acesso ao tratamento adequado e esclarecer a importância do diagnóstico precoce e prevenir a cegueira.
“Se essa lente de contato não for muito bem cuidada, você pode se contaminar com microrganismos muito graves, como é o caso, por exemplo, da Acanthamoeba, e caminhar para um transplante de córnea ou até para cegueira. Poucos são os pacientes com úlcera de córnea grave por Acanthamoeba que não necessitam de transplante de córnea, geralmente são casos graves que necessitam de um a dois anos de tratamento”, alerta a médica.
Infecções e orientações
Oftalmologista Cristina Garrido.FOTOS: Rodrigo Santos/SES-AMOs cuidados para prevenir as causas da cegueira também são enfatizados pela oftalmologista. Uma das formas de precaução é combater o uso inadequado de lentes de contato, pois estas podem causar úlceras de córneas graves perfuradas, levando muitos pacientes a precisar de transplante de córnea de urgência, causando prejuízo ou perda da visão.
Segundo a médica, existem variadas causas de infecção ocular como, por exemplo, contaminações por descuido no período pós-operatório, herpes ocular, úlceras pós-traumas, entre outros.
Algumas das orientações no uso das lentes de contato são: não dormir de lente, fazer a limpeza com solução adequada, não sendo recomendado a utilização de soro fisiológico, e trocar a lente na data de sua validade, conforme explica a oftalmologista.
Saúde ocular
O atendimento em oftalmologia deve ser realizado, geralmente, uma vez ao ano, quando o usuário não apresenta queixas, alterações ou comorbidades. O acompanhamento periódico é recomendado desde o nascimento, conforme Cristina.
“O paciente, às vezes, fez uma cirurgia, mas não obedeceu às orientações pós-operatórias rigorosas, saiu para passear e se contaminou. Também qualquer um de nós, mediante uma situação de estresse, pode manifestar um herpes ocular, independente de usar ou não lentes de contato. Outras infecções secundárias e traumas podem ocorrer, por exemplo, as úlceras fúngicas, que ocorrem em pacientes que trabalham capinando no campo ou plantando em canteiros, causando trauma ocular com felpas de madeira”, exemplifica Garrido.
Atendimento
O tratamento para infecções ou acidentes oculares inicia em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), de responsabilidade das prefeituras. Após essa primeira avaliação, o usuário será encaminhado via Sistema Nacional de Regulação (Sisreg) para acompanhamento especializado em oftalmologia na rede estadual de saúde ou para atendimento em clínicas conveniadas, credenciadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
“Se um recém-nascido é prematuro, deve ir logo ao oftalmologista antes que complete 2 meses de vida, deve realizar um exame rigoroso de fundo de olho porque, se houver alterações, dá tempo de serem tratadas, caso contrário a criança pode evoluir com retinopatia da prematuridade e chegar à cegueira irreversível. Se a criança nasce sem alterações oculares aos exames de rotina, ela vai visitar o oftalmologista aos 6 meses de vida e a seguir de seis em seis meses até completar 2 anos de idade, e depois, só uma vez por ano até os 8 anos”, enfatizou a médica.
A unidade para atendimento oftalmológico de urgência e emergência para o público adulto é o Hospital e Pronto-Socorro (HPS) João Lúcio, e para assistência infantil é o Hospital e Pronto-Socorro da Criança (HPSC) da Zona Leste. Em casos de transplante de córnea, o paciente é encaminhado para clínicas credenciadas e acompanhado pelo médico especialista, que encaminha sua inscrição para cirurgia de transplante de córnea na Central de Transplantes do Amazonas.