Mães registraram o caso na delegacia, produziram cartazes e banners, fazem busca pelas filhas e já foram até vítimas de golpe
Duas adolescentes de 13 anos, Maria Eduarda e Marli Eloiza, estão desaparecidas desde o dia 25 de maio. Elas foram vistas pela última vez na escola onde estudam, o CETI (Centro de Educação de Tempo Integral) Gilberto Mestrinho, na zona sul de Manaus.
De acordo com a mãe de Maria Eduarda, a cabeleireira Joyce Barros de Oliveira, de 50 anos, a filha não tinha motivos de sair de casa. Ela disse que soube na escola que a filha estava levando roupas e, possivelmente, já planejava não voltar para casa.
No dia em que desapareceram, as adolescentes participaram normalmente das aulas e saíram da escola às 16h. Joyce contou que a filha ia para a escola e voltava em uma condução. O motorista da condução a deixou pela manhã e voltou à tarde para levá-la pra casa, mas ela não apareceu.
“Ele levava e trazia a Maria Eduarda e um sobrinho meu, que estudam na mesma escola. No dia 25, ele me ligou às 17h dizendo que ela não tinha aparecido”, disse a mãe.
A mãe de Marli Eloiza, a dona de casa Vanessa Souza, de 43 anos, também disse que não havia motivos para a filha não voltar para casa. “Eu não sei se ela foi embora de casa por vontade própria ou se foi levada por alguma pessoa”, disse Vanessa. Marli completa 14 anos no dia 12 deste mês.
Ne escola, de acordo com Vanessa, a pedagoga a informou que nos últimos dias as duas meninas andavam sempre juntas e que os colegas de turma viram a bolsa de Maria Eduarda cheia de roupas. Ela disse que Marli Eloiza não levou roupas.
As adolescentes tinham telefone celular, mas desde que sumiram não atenderam os telefonemas. As ligações acusam que os aparelhos estão desligados.
As mães registraram o desaparecimento das filhas na Delegacia Especializada em Proteção à Criança e ao Adolescente. De acordo com elas, a delegada informa que o caso está sendo investigado, mas não dá detalhes para não atrapalhar as investigações.
Elas também levaram o caso ao Conselho Tutelar da Zona Sul. Ambas as adolescentes moram no bairro Educandos, o mesmo onde fica a escola em que estudam.
Joyce Oliveira disse ter ouvido da delegada que o caso estava “quase solucionado”, mas vê pouco empenho dos investigadores. “Eu vejo muito desinteresse em encontrar as meninas. A última conversa que tive com o investigador, ele não respondeu as perguntas”, disse.
As mães e familiares das adolescentes fizeram cartazes com a foto das duas e espelharam pelos bairros da zona sul e também publicaram banners na internet, com telefones para contato.
Golpe
De acordo com Joyce Oliveira, elas já receberam diversos telefonemas de pessoas que disseram ter visto as adolescentes, mas as buscas que os familiares fizeram não confirmaram. “Uma das pessoas disse que vira elas em uma casa. Nós fomos nessa casa, mas era uma informação falsa”, disse a mãe de Maria Eduarda.
Nesta sexta-feira (3) quando se completaram dez dias do desaparecimento, uma irmã de Joyce recebeu um telefonema de uma pessoa que dizia saber onde Maria Eduarda estava. “Essa pessoa pediu que a gente depositasse R$ 150 para ele dar a informação sobre o local. Depois de a gente fazer o PIX, ele mandou mensagem dizendo ‘voce caiu num golpe’”, disse Joyce.
A pessoa disse que estava em um presídio e pediu desculpas à família.
“Eu queria fazer um apelo para que as pessoas não fizessem isso. Nós estamos no maior desespero e ainda querem aplicar golpe…”, apelou a mãe de Maria Eduarda.
Joyce disse que não consegue trabalhar desde que a filha saiu de casa, e apela para que ela volte. “Todos estão preocupados. Eu, o irmão dela, as tias. Eu estou desesperada”, disse.