Comando Militar da Amazônia havia informado que só agiria quando acionado por “Escalão Superior”
Horas após informar, em nota, que somente auxiliaria nas buscas pelo indigenista Bruno Pereira e pelo jornalista inglês Dom Phillips quando fosse acionado por “Escalão Superior”, o CMA (Comando Militar da Amazônia) divulgou uma segunda nota na qual afirma que havia designado militares combatentes de selva para ajudar na operação.
O indigenista e o jornalista desapareceram no domingo (5), no Vale do Javari, no Amazonas, quando voltavam para a cidade de Atalaia do Norte, no oeste do estado. Na noite do dia 3, eles chegaram ao Lago do Jaburu para uma missão e retornariam no dia 5 para Atalaia do Norte, mas pararam na comunidade São Rafael e, desde então, não foram mais vistos.
Na primeira nota enviada aos jornalistas, o CMA informou que estava “em condições de cumprir missão humanitária de busca e salvamento, como tem feito ao longo de sua história”, mas as ações seriam iniciadas apenas “mediante acionamento por parte do Escalão Superior”. A nota repercutiu negativamente nas redes sociais.
Horas depois, o CMA publicou segunda nota dizendo que o Comando de Fronteira Solimões/8º Batalhão de Infantaria de Selva “desencadeou uma operação de busca na região do município de Atalaia do Norte (AM), empregando uma equipe de militares combatentes de selva, utilizando a embarcação Lancha Guardian”.
O desaparecimento de Bruno e Dom foi comunicado às autoridades na segunda-feira (6) pela Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari). No mesmo dia, a Polícia Federal, a Polícia Civil do Amazonas e o MPF (Ministério Público Federal) anunciaram que já estavam acompanhando o caso.
O MPF comunicou que acionou a polícias Federal e Civil, Força Nacional, Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari e a Marinha do Brasil. Segundo o Ministério Público, a Marinha já confirmou que conduzirá as atividades de busca na região, por meio do Comando de Operações Navais.
Na noite de segunda-feira, a Polícia Civil do Amazonas informou que deteve duas testemunhas que podem ajudar a esclarecer o desaparecimento do indigenista e do jornalista. Segundo a polícia, ambas “provavelmente tiveram mantido contato com eles antes do desaparecimento”. Elas foram ouvidas em Atalaia do Norte.