Restrição inclui pessoas e empresas que contribuem para o desmatamento e expulsão de povos nativos de suas terras
MANAUS – O bispo José Amilton Lisboa de Oliveira, da Prelazia de Itacoatiara (a 268 quilômetros de Manaus), proibiu as paróquias, comunidades pastorais, grupos e movimentos vinculados à prelazia de receber recursos financeiros, em moeda ou outros bens, de políticos, de madeireiras, empresas de mineração, exploração de petróleo e gás.
Conforme a determinação no Decreto 006/2022, a restrição vale para pessoas e empresas que contribuem para o desmatamento e a expulsão de suas terras de indígenas, quilombolas, ribeirinhos e pequenos agricultores.
José Amilton Lisboa cita trechos da Bíblia para justificar a decisão. Entre eles, um do Profeta Isaías [33:15] “que precisamos caminhar na justiça, falar a verdade, recusar a lucrar com o roubo, não aceitar suborno.”
O bispo também cita o Papa Francisco, que se pronunciou sobre a Amazônia. “Não podemos excluir que membros da Igreja Católica tenham feito parte das redes de corrupção, por vezes chegando ao ponto de aceitar manter silêncio em troca de ajudas econômicas para as obras eclesiais.”
Francisco também alertou que configura crime as operações econômicas nacionais e internacionais que danificam a Amazônia e não respeitam o direito dos povos nativos do território e sua demarcação.
“As autoridades deixam caminho livre a medeireiros, a projetos minerários ou petrolíferos e outras atividades que devastam as florestas e contaminam o ambiente”, diz o papa, segundo citação usada pelo bispo de Itacoatiara.
A orientação foi enviada às 13 paróquias vinculadas à Prelazia de Itacoatiara, município com 104.046 habitantes, conforme dados do IBGE de 2021. A cidade foi fundada em 1683 por padres jesuítas e tem sua economia baseada na agropecuária e na exploração de madeira.
Leia o decreto do bispo na íntegra.