A pesquisa ouviu 3 mil pessoas, entre os dias 21 de maio a 2 de junho, nas cinco regiões do país
Preços de alimentos aumentaram muito, afirmam 90% consumidores na região Norte. A grande maioria (78%) afirma que os alimentos afetaram mais a renda familiar, segundo a pesquisa Radar Febraban, da Federação Brasileira de Bancos. São oito em cada dez pessoas.
A pesquisa ouviu 3 mil pessoas, entre os dias 21 de maio a 2 de junho, nas cinco regiões do país.
Segundo os entrevistados, a recuperação econômica ainda está longe do horizonte dos moradores da região. Boa parte dos entrevistados (41%) acredita que a vida financeira e familiar só irá se recuperar após 2022 ou isso sequer acontecerá.
Quando pensam na recuperação da economia do país, é mais elevado o contingente de pessimistas (68%). Alinhados com esse sentimento, 60% têm expectativa negativa também no que se refere ao crescimento do país.
Considerando um horizonte mais favorável, com disponibilidade de recursos extras no orçamento doméstico, as preferências dos entrevistados recaem na compra ou reforma de imóvel – 30% disseram que comprariam um imóvel e 24% que reformariam a casa.
A indicação de investimentos bancários como destino de eventuais recursos financeiros excedentes converge com o elevado grau de confiança no setor (63% confiam nos bancos).
Cresceu também o percentual daqueles que já foram vítimas de golpes e fraudes envolvendo instituições bancárias, chegando a um terço dos respondentes. Mas a maioria (61%) declarou não ter sido vítima de golpes ou fraudes. Dentre os crimes mais frequentes, a clonagem ou troca de cartão é citado por 46%.
Ainda sobre o tema, 50% dizem já ter recebido comunicação do banco instruindo sobre golpes e 89% apontam a importância de tais materiais como alerta e prevenção.
“A inflação é o inimigo número 1 do Brasil. É um fenômeno mais sério aqui porque, há 9 meses consecutivos, anualizada, vem ultrapassando a faixa dos dois dígitos. Além disso, está bastante disseminada e vem atingindo sobretudo as classes menos favorecidas. É mais sério também porque a inflação tem fatores estruturais, que estão entre nós, como o quadro fiscal débil que, vez por outra, volta a inspirar cuidados”, diz Isaac Sidney, presidente da Febraban.
“Nesta mais recente rodada da pesquisa Radar Febraban reverbera os desafios da retomada econômica em uma conjuntura desfavorável de inflação alta, aumento do preço do petróleo e desdobramentos do impacto da guerra na Ucrânia”, aponta o cientista político e sociólogo Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe), responsável pela pesquisa.
Economia familiar
Boa parte dos nortistas (41%) acredita que a situação financeira familiar só irá se recuperar depois de 2022 (39%) ou nem irá se recuperar (%). Uma parcela de 36% dos entrevistados acredita que a recomposição financeira da família irá ocorrer ainda em 2022. E mais 7% afirmam já ter havido uma melhora financeira em 2021, perfazendo 43% que já se recuperaram ou estão em vias de se recuperar; além de 6% que afirmam não terem sido afetados.
Saindo do campo das finanças pessoais para a visão sobre a economia do país, os entrevistados se mostram mais cautelosos e 62% afirmam que só haverá recuperação após 2022. Os mais pessimistas quanto à recuperação da economia (sem perspectiva de melhoria) somam 6%.
Nessa rodada do Radar foi incorporada pergunta sobre a expectativa de crescimento do país. Mais da metade dos respondentes (54%) acreditam que esse se dará depois de 2022.
Aspectos econômicos
- 61% dos nortistas vislumbram o aumento da taxa de juros esse ano.
- 67% dos entrevistados apostam no aumento da inflação e aumento do custo de vida.
- 43% dos nortistas acreditam em queda no poder de compra (contra 50% que creem em aumento ou estabilidade).
- 32% sinalizam que haverá crescimento do desemprego (contra 61% que acreditam em diminuição ou manutenção do nível atual).
- 24% afirmam que o acesso de pessoas e empresas ao crédito irá diminuir (contra 70% que acham que ficará como está ou irá aumentar).
Impacto da inflação
É quase uma unanimidade (90%) a percepção de que a inflação e o preço dos produtos aumentaram ou aumentaram muito do início do ano pra cá.
O consumo de alimentos e de outros itens do abastecimento doméstico é o item que mais impacta no orçamento das famílias hoje em dia (78%), representando aumento de 7 pontos em relação ao levantamento de dezembro passado.
A preocupação com o preço do combustível caiu para 37% (era 51% em dezembro de 2021). O peso do valor dos serviços de saúde ou remédios é mencionado por 11% do total da amostra. Os demais itens avaliados pontuaram abaixo de 10%.