Pesquisadores afirmam que atividades nas escolas não têm sido associadas a eventos de maior transmissão do vírus
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) recomenda a manutenção de aulas presenciais, mas com o afastamento de estudantes em casos positivos ou com sintomas de Covid-19.
Em nota técnica divulgada, pesquisadores da Fundação enfatizam que é necessário ter disponibilidade de testes para Covid-19 na comunidade escolar e recomendam que seja dada prioridade à vacinação (doses de reforço) aos trabalhadores da educação.
De acordo com o documento, situações identificadas como agravos associados à Covid-19 devem ser referenciadas para as equipes de atenção primária à saúde, vinculadas a unidades básicas de saúde. Os pesquisadores ressaltam que as escolas são seguras e essenciais, por serem promotoras e protetoras da saúde.
“Decorrido todo este tempo de convivência com períodos de maior ou menor transmissão do Sars-CoV-2, pode-se afirmar que as atividades presenciais nas escolas não têm sido associadas a eventos de maior transmissão do vírus”, diz a nota técnica.
Os pesquisadores afirmam que “a detecção de casos nas escolas não significa necessariamente que a transmissão ocorreu nas escolas. Em sua maioria os casos são adquiridos nos territórios e levados para o ambiente escolar. Nesse sentido, a experiência atual, comprovada por estudos científicos de relevância, revela disseminação limitada da Covid-19 nas escolas”.
De acordo com a nota, pelas características da doença, padrão de disseminação nas diferentes faixas etárias e efeitos da vacinação, é possível afirmar que a transmissão de trabalhadores para trabalhadores é mais frequente do que a transmissão de alunos para trabalhadores, trabalhadores para alunos ou alunos para alunos.
Portanto, aconselham que medidas de proteção devem ser adotadas em todos os ambientes escolares, com priorização das estratégias direcionadas à redução da transmissão entre trabalhadores, por exemplo: espaços de convívio e ênfase no rastreio de casos e contatos.
A nota destaca que foi identificado um maior uso de autotestes após a liberação no Brasil. No entanto, chama a atenção para o difícil controle de sua execução correta, bem como as dificuldades de notificação, embora reconheça que os autotestes têm sido importantes para o isolamento precoce dos casos.
O documento lembra que o controle da pandemia resultou, em 2022, na retomada plena das atividades presenciais nas escolas, constatando as consequências e prejuízos pedagógicos e psicossociais da pandemia Covid-19. Assim, reforça que é importante buscar reconstruir as rotinas escolares e projetos pedagógicos.
A nota afirma que, no atual momento epidemiológico, não são recomendadas novas interrupções das atividades escolares.
Os pesquisadores sublinham, porém, que com o inverno, as viroses respiratórias têm sua incidência aumentada. “É necessário rever os protocolos para melhor gerenciar os riscos. Assim, atenção especial à ventilação dos ambientes, higiene das mãos e uso de máscara nos sintomáticos leves devem ser incentivados. Essas medidas são importantes para todas as viroses respiratórias”.