O deputado ironizou a vinda do presidente à Manaus para a Marcha para Jesus no sábado (28)
O deputado federal Marcelo Ramos (PSD-AM) contra-atacou o presidente Jair Bolsonaro, que pressionou pela sua saída da vice-presidência da Câmara, e ironizou a vinda de Bolsonaro a Manaus no sábado (28) para participar da Marcha para Jesus. Ramos afirmou que “queria que o presidente Bolsonaro viesse ao Amazonas inaugurar alguma coisa”. A declaração ocorreu em entrevista coletiva no Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, na manhã desta quinta-feira (26).
Ramos citou promessas de campanha de Bolsonaro para criticá-lo. “Ele prometeu a BR-319 e não entregou, ele prometeu proteger a Zona Franca e não entregou. A BR-174, que foi uma rodovia que nunca teve problema, está quase que intrafegável em muitos trechos dela. Então, ele vem aqui, participar destas festas, infelizmente financiadas com dinheiro público. Porque você tem dinheiro público financiando uma atividade que é legítima do ponto de vista religioso, mas perde a legitimidade quando contaminada por um interesse político, quando vira um palanque eleitoral”, disse.
Ramos disse respeitar a religiosidade de todos e que “o presidente pode andar por onde ele quiser”, mas espera boas notícias. “Agora o povo do Amazonas ainda espera que ele venha aqui trazer uma boa notícia que até agora ele não trouxe nenhuma”, afirmou.
Ramos x Lira
Essa foi a primeira visita de Marcelo Ramos a Manaus após ser destituído da vice-presidência da Câmara dos Deputados. O parlamentar se tornou alvo de Jair Bolsonaro ao deixar o PL com a filiação do presidente. O deputado acirrou o embate político ao criticar a edição de decretos sobre a redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) que afetam a Zona Franca de Manaus. Bolsonaro pressionou o partido a retirar o amazonense do cargo, o que foi concretizado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Ramos e Lira entraram em atrito após discurso do deputado amazonense na tribuna da Câmara dos Deputados nesta terça-feira (24) para falar sobre a perda do cargo. Ramos acusou a decisão de Lira de não ser regimental ou jurídica, mas sim uma decisão política. Lira rebateu que não iria responder a “lacrações palanqueiras” ou a “celeumas de redes sociais”.
Nesta quinta-feira (26), Ramos voltou a criticar o presidente da Câmara. “Eu acho que cada um demonstrou o tamanho que tem. Eu fiz um discurso para o Brasil, um discurso para o parlamento e ele [Arthur Lira] foi pequeno como ele sempre é”, disse. “Não é uma decisão regimental, é uma decisão política de um presidente da Casa que se acovarda diante de uma ordem do presidente da República”, declarou.
Ramos classificou a destituição do cargo como “descarada interferência” do Poder Executivo no Legislativo. “Na ditadura militar os militares cassavam os deputados, eles não mandavam o presidente da Câmara cassar o deputado. Nenhum presidente da Câmara jamais teve uma atitude tão vergonhosa como teve o presidente Lira”, comparou.
O deputado amazonense foi recebido no aeroporto por grupo de apoiadores que exibiram faixas e cartazes a favor do parlamentar. Eles foram levados ao aeroporto em cinco ônibus.