Existe uma rede criminosa que movimento esses roubos e encoraja os ladrões a roubar cada vez mais
Na rua, na praça, na porta de casa… Ninguém está seguro em Manaus. O hit que mais se ouve na capital do Amazonas é “Passa o celular”. Geralmente é cantado por um homem, jovem ou adolescente, que pula da garupa de um moto. Como todo hit de sucesso, “Passa o celular” virou febre e ninguém está livre de ouvi-lo.
O roubo é um crime que previsto no Artigo 157 do Código Penal Brasileiro. Caracteriza-se por “subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência. Pena – reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Se o Código Penal fosse levado a sério no Brasil, seria suficiente para inibir a cantoria que se estabeleceu nos quatro cantos do País. Falamos de Manaus por ser a cidade sede do jornal on-line, e pela pouca importância dada a esse tipo de crime que se espalhou como rastilho de pólvora nos últimos tempos.
A impressão que os criminosos deixam na sociedade é de que eles têm certeza da impunidade. Esse sentimento, infelizmente, tem sido dominante nas pessoas vítimas dos ladrões de celular. A grande maioria não procura a polícia, não vai à delegacia para reclamar. O máximo que fazem é registrar a ocorrência on-line para acessar o boletim de ocorrência, caso necessite para algum fim.
Na maioria das vezes, as pessoas buscam uma forma de conseguir outro aparelho. Recuperar o aparelho roubado quase ninguém tem esperança. A sensação é de que a polícia não desperdiçará tempo investigando um roubo de celular, que é um objeto aparentemente sem valor (mesmo os que custam acima de 5 salários-mínimos). E a realidade revela exatamente isso: quase ninguém que tem o celular roubado consegue recuperá-lo.
Mesmo os aparelhos mais sofisticados – como os iPhones, com a promessa de segurança e de rastreamento mesmo depois de desligados – são recuperados. Somem do radar. Ninguém os localiza minutos depois do roubo.
Existe uma rede criminosa que movimento esses roubos e encoraja os ladrões a roubar cada vez mais. Essa rede tem compradores certos e esses compradores conseguem colocar os aparelhos no “mercado negro” sem grandes esforços.
Na outra ponta, as pessoas roubadas geralmente são trabalhadores que compram um aparelho com muito sacrifício, às vezes pagam o aparelho ao longo de meses e são roubadas antes de quitar a dívida. Os mais pobres são os mais vulneráveis porque dependem do transporte público ou andam a pé pela cidade.
Para grande parte das vítimas dos roubos, não é o aparelho que faz falta, mas o conteúdo dele. Os smartphones são capazes de armazenar todas as atividades de uma pessoa, do lazer ao trabalho, das contas bancárias aos bancos de dados. Uma parte da vida da pessoa se vai em segundos, ao simples grito de “Passa o celular”.
O ladrão não está preocupado com o valor sentimental, o valor do objeto ou o valor de uma vida acumulada em Gigabytes. Aquele aparelho roubado, valha R$ 500 ou R$ 6 mil, é vendido por R$ 100 ou R$ 200 ao receptador.
Uma sociedade não pode se acostumar com o roubo. Todos precisam reagir. Os órgãos de segurança precisam avançar em estratégias e tecnologias para coibir esse crime, identificar e prender os ladrões e, principalmente, os receptadores.
Entregar os pontos, deixar os ladrões vencerem a guerra é um mergulho da sociedade ao caos e à barbárie.