Iniciativa enfrenta dificuldades também pela ausência dos governo federal e estadual, alega Coletivo
Desde 2011 a tentativa de implementar o manejo do pirarucu na Comunidade de São Rafael, nas proximidades da Terra Indígena do Vale do Javari, esbarra na pesca ilegal, na ausência do governo federal e na falta de apoio do Governo do Amazonas, afirma o Coletivo do Pirarucu.
O indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram mortos em região próxima ao Vale do Javari, área marcada por forte exploração ilegal do pirarucu e de tracajás.
O Coletivo é uma rede integrada por pescadores indígenas e ribeirinhos, manejadores de pirarucu das bacias dos rios Negro, Solimões, Juruá e Purus e organizações de base comunitária indígenas e ribeirinhas e de assessoria técnica aos povos indígenas e comunidades tradicionais.
Em nota, a entidade lamenta a morte de Bruno e Dom. Na manifestação de pesar, o grupo afirma que o Vale do Javari sofre as consequências da política anti-indígena e anti- ambientalista implementadas pelo governo federal, que enfraquece órgãos de fiscalização e abandona projetos econômicos comunitários e sustentáveis.
Para os pescadores, ribeirinhos e indígenas manejadores de pirarucu, isso “contribui para o avanço do narcotráfico, da mineração, da pesca e da caça ilegal na região e intensifica os conflitos
protagonizados por aqueles que enriquecem através dessas práticas ilegais e destruidoras
dos recursos naturais”.
“É importante ressaltar que somente através do manejo comunitário em áreas protegidas e áreas com Acordo de Pesca é possível pescar o pirarucu legalmente, pois o manejo envolve uma série de ações relacionadas à organização comunitária, a vigilância, estabelecendo regras, realizando monitoramento dos estoques, garantindo a rastreabilidade e promovendo a comercialização sustentável do peixe”, defende o coletivo.
De acordo com o grupo, as iniciativas de manejo comunitário trazem benefícios à biodiversidade e promovem a melhoria da qualidade de vida das comunidades, fortalecendo atividades de proteção territorial.
“Por isso mesmo Bruno, que assessorava os povos indígenas em atividades de proteção ao território, tinha interesse em dialogar com as comunidades do entorno da TI [terra indígena] e apoiar a retomada do manejo comunitário do pirarucu”, afirmam os manejadores.
Na nota, o Coletivo afirma que os povos indígenas e tradicionais e defensores da Amazônia não aceitam mais serem vistos como empecilhos para o desenvolvimento socioeconômico do país.
“Pelo contrário, os conhecimentos tradicionais de práticas sustentáveis e convivência harmônica com a floresta geram renda e divisas para o País com os produtos da biodiversidade, devendo ser levados em consideração na formulação de políticas públicas e demais projetos para a região”, defende.
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