FOTOS: Lucas Silva/SecomDurante décadas, pacientes que necessitavam de atendimento de alta complexidade nos municípios do interior do Amazonas precisavam ser transferidos em UTI aérea para receber tratamento de saúde adequado para casos graves. O maior estado do Brasil começou a encurtar distâncias desse tipo de atendimento da população que mais precisa em 2021, quando implantou os primeiros leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da história fora de Manaus. Atualmente já são 31 leitos em três importantes municípios.
Por Agência Amazonas
Atualmente são 31 UTIs no interior; até 2021, atendimentos de alta complexidade na área de saúde só eram disponíveis em Manaus
Depois disso, o serviço passou a ser oferecido pelo governo estadual nos municípios de Tefé (distante 523 quilômetros da capital) e Tabatinga (a 1.108 quilômetros de Manaus), na tríplice fronteira com o Peru e a Colômbia. As duas cidades ganharam dez leitos de UTI, cada. Em pouco mais de um ano, já foram realizadas mais de 500 internações nos três municípios que contam com a estrutura.
Projeto da atual gestão do Governo do Estado, as primeiras UTIs foram instaladas em Parintins (a 369 quilômetros de Manaus), em outubro de 2021. A cidade, na região do Baixo Amazonas, conta com 11 leitos.
Em Tefé, os leitos de UTI estão em funcionamento no Hospital Regional Carlos Braga, desde junho deste ano. De lá para cá, 58 pessoas que estavam em estado grave foram atendidas e não precisaram viajar para Manaus. O público é formado por tefeenses e habitantes de outras seis cidades vizinhas.
Agora, o Governo do Estado começou a implantar os leitos hospitalares na cidade de Humaitá, que fica distante 590 quilômetros de Manaus – distância maior que uma viagem entre São Paulo e Rio de Janeiro e que os pacientes em situação de urgência precisam fazer pelas UTIs aéreas.
“Melhorou muito na questão da transferência e no cuidado desses pacientes. Hoje a gente tem UTI no próprio município, então a logística acontece dentro do próprio hospital, e o paciente já começa seus cuidados aqui no próprio município”, afirmou Lecita Marreira, secretária municipal de Saúde de Tefé.
Pacientes e profissionais de saúde dessas localidades comemoram a instalação dos leitos, uma demanda existente há décadas.
“No meu caso, que tive que passar da sala de cirurgia direto para a UTI, se não existisse a UTI dentro do hospital em Tefé, eu digo para vocês que teria sido muito difícil. Talvez fosse necessário ser removido daqui para outra cidade. Lá tem muitos equipamentos e o atendimento é muito bom, 24 horas, fui muito bem atendido graças a Deus. Acredito que mais uns 30 dias para completar os 90 dias (em recuperação) já chegou aos 100%. Se Deus quiser vai chegar”.
Atendimento
FOTOS: Lucas Silva/SecomEm agosto, o aposentado Otávio Lacerda, de 66 anos, passou por procedimento cirúrgico devido a complicações na próstata. Ele ficou por duas semanas na UTI de Tefé.
“Tudo está correndo bem. Agradeço muito ao Governo do Estado por ter implantado essa UTI aqui em Tefé. Se não fosse isso, a minha mãezinha teria que se deslocar para Manaus e talvez não suportasse nem essa viagem. Como tem essa UTI agradeço muito, e o atendimento foi perfeito. Ela está se sentindo muito bem e se sentindo em casa e brevemente ela estará conosco”.
O eletricista Agostino Barreto, 49, acompanha a mãe, idosa de 80 anos, internada após uma arritmia cardíaca, no dia 22 de outubro. Ela foi encaminhada com urgência para a UTI, mas depois do atendimento teve o quadro estabilizado pelos profissionais de saúde.
“A minha mãe é cardiopata, a gente descobriu que ela é cardiopata em 2012. Ela tinha que ser transferida sempre para Manaus para esse tratamento, e o custo era bem mais caro. Hoje não, com a implantação da UTI em Parintins, tudo ficou bem mais fácil, e eu sei que quando ela vem para a UTI aqui no Jofre Cohen, ela é bem assistida”, disse.
A autônoma Lidiane Menezes Gonzaga, de 40 anos, acompanha a mãe, Creuza Menezes, de 82 anos, que é cardiopata e está internada no Hospital Jofre Cohen, em Parintins.
“Hoje, para todos os pacientes que precisam de cuidados intensivos, a gente consegue ofertar esses cuidados aqui da unidade. Inclusive, a nossa demanda de remoções para Manaus diminuiu significativamente desde a inauguração da UTI. E nós também conseguimos fazer cirurgias de alta complexidade, que nós não conseguimos fazer antes pelo fato de não termos a UTI”, pontuou o médico.
Estrutura
FOTOS: Lucas Silva/SecomFOTOS: Lucas Silva/SecomDe acordo com diretor clínico do hospital de Tefé, Júlio César Miranda, a unidade conta uma estrutura adequada, com equipamentos de alta tecnologia.
O secretário de Estado de Saúde, Anoar Samad, reforça a importância da estrutura pioneira no interior do Amazonas. “Se você for ver, a quantidade de vidas que foram salvas simplesmente por ter leitos de UTI é incomensurável, não tem preço que pague uma coisa dessa”, afirmou o secretário.
Além da estrutura tecnológica, a implantação das UTIs exigiu ainda a contratação e treinamento das equipes profissionais, um trabalho que ocorreu em parceria com as prefeituras. Em Tefé, por exemplo, a equipe é composta por médicos intensivistas, enfermeiros, nutricionista, farmacêuticos, cardiologista, psicólogo e fonoaudiólogo, envolvidos na assistência aos pacientes internados.
SONORAS:LECITA MARREIRA – SECRETÁRIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE TEFÉOTÁVIO LACERDA – APOSENTADOAGOSTINO BARRETO – ELETRICISTAANOAR SAMAD – SECRETÁRIO DE ESTADO DE SAÚDELIDIANE MENEZES GONZAGA – AUTÔNOMAJÚLIO CÉSAR MIRANDA- DIRETOR CLÍNICO DO HOSPITAL DE TEFÉ
MATERIAL EM VÍDEO
RETRANCA: UTIS INTERIOR
IMAGENS: Davis Alberto e Anderson Nascimento/Secom
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