Segundo o prefeito de Atalaia do Norte, a polícia chegou antes dele ao local e prendeu o pescador
Denis Paiva (PSC), prefeito de Atalaia do Norte (a 1.136 quilômetros de Manaus), afirmou que foi à casa de Amarildo da Costa Oliveira, de 41 anos, preso na investigação sobre o desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, para acompanhar os trabalhos de apuração e prestar solidariedade à população.
Em entrevista ao programa Estúdio I, da Globonews, nesta quinta-feira (9), Denis Paiva informou que foi de lancha para a comunidade São Gabriel, onde mora Amarildo, conhecido como “Pelado”. Segundo o prefeito de Atalaia do Norte, a polícia chegou antes dele ao local e prendeu o pescador.
“Nós chegamos com a Defesa Civil para saber como estavam sendo os trabalhos, acompanhar os trabalhos, reforçar as buscas. É o nosso papel, de prestar solidariedade ao nosso povo”, disse.
Amarildo foi preso em flagrante no último dia 7 de junho por posse de munição de uso restrito e permitido. Na noite desta quinta-feira (9), a juíza plantonista da Comarca de Atalaia do Norte, Jacinta Santos, decretou a prisão temporária dele. Peritos que trabalham na investigação encontraram vestígios de sangue na embarcação de Pelado e enviaram para análise em Manaus.
O prefeito negou que tenha interferido nos trabalhos da polícia e disse ter deslocado três lanchas do Município para a comunidade onde Amarildo foi preso. Foto compartilhada no Twitter mostra Paiva conversando com policiais no momento da prisão de Pelado. O prefeito negou que tenha amizade com o pescador.
O procurador da Prefeitura de Atalaia do Norte se apresentou para atuar como advogado de Amarildo. Antes dele, o procurador de Benjamin Constant (a 1.119 quilômetros de Manaus) também se dispôs a atuar na defesa. Ambos desistiram de trabalhar no caso.
Questionado sobre porque o procurador de Atalaia se apresentou como advogado de Amarildo, Paiva alegou que no município só há dois advogados. “E a família recorreu a esse profissional e ele é o procurador do Município. Então não tem para onde recorrer”, disse. “Isso não implica que a prefeitura está dando alguma cobertura, participando, encobrindo algum crime”, complementou.
Paiva também foi à delegacia onde Amarildo ficou preso. “Eu fui falar com o delegado, conversei com o delegado, para combinar uma resposta para a população. Porque a gente, como vocês, está preocupado com esse caso. Atalaia não tem um histórico de violência”, alegou.
O prefeito disse não saber que o procurador estava na delegacia quando foi ao local. “Eu perguntei do procurador quem tinha solicitado o serviço dele. Ele me comentou que foi a família”.
Paiva declarou não ter conhecimento de ameaças a Bruno e de onde vieram pressões políticas que o tiraram da Funai (Fundação Nacional do Índio). O prefeito afirmou que não tem recursos suficientes para colocar uma boa fiscalização na região. “Não sou presidente da República”, disse.
Questionado se enviou ofícios pedindo ajuda ao governo federal, o prefeito negou e informou ter entrado em contato com o Governo do Estado. “Não. Eu procurei a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas, em duas oportunidades, para dar apoio na sede do município e para dar apoio nessas questões de tráfico”, afirmou.