Abandonado durante décadas, o antigo Local Casa de Praia está sendo reformado em projeto arquitetônico inédito da Prefeitura de Manaus, e, nesta sexta-feira, 3/6, o espaço, já em obras e com licenciamento urbano e ambiental, recebeu uma visita técnica do Ministério Público do Amazonas (MPAM).
Conforme o promotor Paulo Stélio, da 63ª Promotoria de Justiça Especializada na Proteção e Defesa da Ordem Urbanística (63ª Prourb), a preocupação maior no espaço é com questões ambientais. “Houve uma provocação para o MP e viemos verificar in loco a situação. Recebemos as explicações técnicas dos órgãos envolvidos e vamos aguardar a documentação”, comentou.
Para realizar a obra de reforma do imóvel abandonado, será necessário fazer a supressão vegetal de dez árvores que colocam em risco a segurança da edificação e dos próprios transeuntes, inclusive risco de vida.
Conforme autorização recebida pela prefeitura para fazer a retirada vegetal, expedida pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semmas), o laudo identifica que as árvores apresentavam risco por estarem enraizadas, apoiadas e com crescimento na estrutura da edificação e no gabião existente, que dá sustentação ao talude, comprometendo não somente a segurança da obra e do imóvel patrimonial mas também a de transeuntes e frequentadores do espaço. Riscos de queda e de comprometimento da estrutura do talude de sustentação na Ponta Negra.
“Com relação ao corte das árvores, as situações foram justificadas e, neste aspecto, ficamos satisfeitos com as informações. Vou analisar os documentos que serão encaminhados pelos órgãos. Mas Manaus é uma cidade que precisa destes espaços reformados. O MP não é contra. Ao contrário, tem que revitalizar estes locais públicos, e a nossa preocupação realmente era com a questão de cunho ambiental”, explicou o promotor Paulo Stélio.
A reforma no Local Casa de Praia é a primeira reconversão da gestão David Almeida, que transformará o imóvel abandonado e degradado em espaço público multiuso, com foco no lazer, turismo, negócios, artesanato e gastronomia. O antigo local, que já foi palco de casas de shows, vai abrigar, quando reformado, uma edificação comunitária, de revitalização urbana, aberta ao público gratuitamente, lugar de encontro, para contemplação da paisagem e entretenimento com a vista do rio Negro.
Gestão
O projeto é de autoria do Instituto de Planejamento Urbano (Implurb) e obra executada pela Secretaria Municipal do Trabalho, Empreendedorismo e Inovação (Semtepi).
“A supressão foi de algumas poucas árvores comprometidas, algumas podres, mas a maioria colocando em risco o gabião e a própria segurança da reforma. O próprio licenciamento e autorização da supressão definiu a medida compensatória e outras árvores serão plantadas no mesmo lote. E a Semtepi multiplicou em 100 vezes a medida e fará ainda a distribuição de mil mudas na Ponta Negra”, explicou o diretor-presidente do Implurb, engenheiro Carlos Valente.
Valente acrescentou que as ações da prefeitura com foco no meio ambiente têm repercussão internacional, inclusive com convite para participação em cooperações e intercâmbios. “O Implurb está em conversa com o Banco Interamericano de Desenvolvimento para implantar projetos com Selo Verde em Manaus”, disse o diretor-presidente.
Titular da Semtepi, Radyr Júnior acompanhou a visita técnica, reforçando que o crescimento de árvores no gabião compromete a edificação e a reforma.
“No dia 19 de junho vamos montar a ação de doação de mudas, e árvores nativas serão plantadas no entorno da reforma. Teremos outras intervenções no canteiro de obras para a população acompanhar a reforma em tempo real, dando mais transparência à intervenção”, explicou o secretário.
Com a chegada do verão amazônico, os licenciamentos aprovados e as informações prestadas aos órgãos de fiscalização e de controle, a intervenção deve ganhar em celeridade e a previsão é de que seja entregue em dezembro deste ano.
Segundo o diretor do Departamento de Arborização da Semmas, Davidson Braga, as dez árvores identificadas para supressão são, a maioria, da espécie Ficus, popularmente conhecida como Figueira ou Benjaminzeiro. “É uma espécie notória exótica da região, de crescimento espontâneo e muito acelerado tanto na copa quanto na raiz. E todas elas cresceram no gabião que faz a contenção do terreno. Existe uma grande pressão na edificação e vigas de sustentação e algumas árvores estão com inclinação, tortuosidade do sistema de troncos e o diagnóstico pelo corte foi para garantir a integridade para a reforma, patrimônio e para as pessoas”, explicou.
Diagnóstico
Braga disse que o corte visa diminuir e eliminar risco ao patrimônio e à vida de terceiros caso ocorresse o tombamento de uma das espécies. Uma outra árvore, um Apuí, também crescido no gabião, apresentava inclinação acentuada, raízes expostas e podridão na base.
O novo Local Casa de Praia vai integrar turismo, negócios, artesanato e culinária regional, com ambientes integrados do interior e exterior, não tendo barreiras visuais como paredes.
Reforma
A reconversão do prédio é uma ampla reforma, aproveitando a estrutura existente, convertendo a obra em um centro de lazer e cultura, com área para exposições, venda de artesanato, mostra de artistas locais, espaço para shows, lojas tipo duty free, pontos comerciais de gastronomia e um restaurante com área climatizada e outra ao ar livre.
Projeto
Com vista privilegiada para o rio Negro e a praia da Ponta Negra, o projeto em construção prevê ainda um playground, áreas de convivência, passarela, mirante, quiosques e estrutura para receber shows intimistas.
Com 1.650 metros quadrados, a revitalização do antigo Local Casa de Praia, cercado por um calçadão de pedras portuguesas com desenhos e mosaicos, semelhantes aos que foram usados pelo paisagista Burle Max, é uma obra dentro do programa de crescimento econômico e social “Mais Manaus”, lançado pelo prefeito David Almeida.
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Fotos – Divulgação
Texto – Claudia do Valle / Implurb
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