A Prefeitura de Manaus está fortalecendo as ações de saúde auditiva direcionadas a estudantes da rede pública, por meio do Programa Saúde na Escola (PSE), desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). A partir do segundo semestre deste ano, será realizado um trabalho de investigação dos alunos com possíveis sinais de alteração auditiva, para que sejam encaminhados à assistência adequada.
A ação, coordenada pela Semsa, foi iniciada em 2019, mas teve que ser interrompida por conta da pandemia de Covid-19, segundo a chefe do PSE, Giane Sena. As atividades serão feitas por equipes intersetoriais nas 257 escolas onde o PSE está implementando as ações, para mais de 145 mil alunos da educação infantil, ensino fundamental e ensino médio.
“A promoção da saúde auditiva está dentro das 13 ações do PSE pactuadas pelo Ministério da Saúde, pois é uma das questões associadas diretamente à aprendizagem. Quando a gente consegue identificar o problema e encaminhar para a unidade de saúde precocemente, esse estudante melhora muito o seu desempenho escolar, além de melhorar sua vinculação com a família, bem-estar e qualidade de vida”, disse.
Para intensificar a capacitação dos profissionais envolvidos na atividade, a Semsa realizou mais uma edição do “Diálogos na APS”, nesta quarta-feira, 1º/6, com o tema “Programa Saúde na Escola: Promoção da Saúde Auditiva no Âmbito Escolar”. A webconferência foi disponibilizada para o público em geral por meio do link: bit.ly/dialogosaps12.
Os palestrantes foram a chefe do PSE, Giane Sena, a fonoaudióloga Marise Carioca, da Secretaria Municipal de Educação (Semed), e o otorrinolaringologista Luiz Carlos Avelino Júnior, da clínica Otoclin. O “Diálogos na APS” é uma estratégia da Semsa para promover a capacitação constante dos profissionais que atuam nas unidades básicas de saúde.
“Tratar a saúde auditiva nas escolas é de suma importância, porque é comum encontrar crianças que apresentem problemas na aprendizagem. A promoção da saúde vai buscar identificar por que essa criança tem atraso na linguagem oral, por que não desenvolve o processo de alfabetização ou não aprende a ler. Vários fatores podem estar contribuindo com isso, e nós vamos intensificar a investigação desses sinais e sintomas”, informou a fonoaudióloga Marise Carioca.
O otorrinolaringologista Luiz Carlos Avelino Júnior falou que o diagnóstico final do problema auditivo é feito a partir de exames específicos e avaliações especializadas. Ele avalia que o trabalho de investigação nas escolas terá um impacto muito positivo, visto que a maior pretensão dos profissionais é o diagnóstico precoce.
“A gente tem uma certa urgência em fazer esse trabalho por conta da janela auditiva que existe no desenvolvimento das crianças. Essa janela, como chamamos na área, vai até os 4 anos de idade da criança, e é o período em que ela consegue criar uma memória auditiva para fazer a associação dos sons aos seus significados”, explicou.
Etapas
De acordo com Giane Sena, o trabalho será desenvolvido no cotidiano do ambiente escolar por profissionais da Atenção Básica, em conjunto com os professores das redes municipal e estadual, até o final do ano letivo. As capacitações em torno da atividade foram iniciadas em abril deste ano, e são realizadas em cada Distrito de Saúde.
“Os professores que têm contato diário com os alunos irão preencher uma ficha apontando alguns critérios estabelecidos pelo programa. Por exemplo, se esse jovem pede frequentemente que repitam frases, se é desatento durante debates em sala de aula, se não responde quando está de costas, se prefere o isolamento social, se tem dificuldade em linguagem escrita ou oral, entre outros. Esse é um dos instrumentos utilizados nessa identificação”, explicou a chefe do PSE.
O estudante passa a ser considerado com suspeita de problema auditivo a partir de três respostas afirmativas ao Questionário de Saúde Auditiva. Nesse caso, conforme Giane, o estudante será acolhido pela equipe de saúde vinculada à escola, para avaliação clínica e encaminhamento via Sistema de Regulação (Sisreg) para uma clínica especializada em otorrinolaringologia.
“As equipes de Saúde que atuam no PSE irão convocar os pais para comparecer à escola para receber orientações em relação ao problema que foi identificado no seu filho, como será feita a investigação clínica, e tirar dúvidas em relação à assistência ofertada por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Estamos fortalecendo essa rede de atenção e incluindo todos esses atores, pois no caso do desenvolvimento da audição e fala, ele deve ser observado tanto pelo profissional de saúde, quanto pelos pais e educadores”, pontuou.
As equipes de saúde também devem verificar o cartão de vacina da criança, com os responsáveis ou enfermeiros nas creches, para saber se ela realizou a triagem auditiva, conhecida como “teste da orelhinha”.
Giane explicou que as alterações auditivas, ainda que transitórias e de grau leve, estão associadas a uma série de dificuldades nas crianças: déficits na aquisição do vocabulário, habilidades articulatórias, desatenção, entre outras. As reações da criança a sons e ruídos, sua fala e compreensão de ordens permitem identificar os casos em que a avaliação específica é indicada.
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Fotos – Divulgação / Semsa
Texto – Victor Cruz / Semsa
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