As agressões foram confirmadas pelo irmão mais velho
Um casal que estava sendo procurado por torturar uma criança de 4 anos no bairro Compensa, na zona oeste, foi preso na manhã desta quarta-feira (15)
O homem é o pai do menino que está internado em coma desde o último sábado (10). A vítima chegou ao Hospital da Criança da com hematomas pelo corpo e marcas de mordidas e cortes na região do pênis. Além disso, ele também sofreu um ferimento no rosto e no crânio.
O suspeito, de 31 anos, e a atual esposa dele, de 28 anos, estavam escondidos na casa de um familiar na Comunidade São João, no bairro Lagoa Azul, na zona norte.
Segundo a delegada Joyce Coelho, o menino mora com a mãe, mas passa o final de semana com o pai, a madrasta e outro irmão de 7 anos. Nesses períodos ele era constantemente espancado pela mulher. As agressões foram confirmadas pelo irmão mais velho.
“ Em uma breve pesquisa nós verificamos que esse menino de 4 anos já tem um histórico de maus-tratos. No dia 31 de maio ele falou em escuta especializada na delegacia que a madrasta pisava no estômago dele, derrubava ele no chão, cortava.
Ele já tinha relatado para a genitora (…) Mesmo assim, no final de semana ele acabou voltando para a casa do genitor, onde ocorreu outra possível violência”, afirma Joyce
Na segunda ocasião descrita pela delegada, no dia 4° de junho, o casal levou o garoto ao pronto-socorro alegando que ele teria engolido uma moeda de um real e tinha conseguido expelir o objeto, mas desde então estava vomitando sangue.
No último dia 10, quando o menino deu entrada com parada cardiorrespiratória, os médicos tiraram uma tampa de creme dental de dentro do corpo da criança e encontraram várias lesões graves no rosto, cabeça e pênis dela.
A delegada explica que a princípio o crime foi registrado como maus-tratos, mas devido à gravidade do estado da criança e as evidências apresentadas pelo médico que atestavam tortura, o crime foi configurado como tal e a prisão do casal foi decretada.
Joyce explica ainda que apesar das agressões serem cometidas supostamente pela madrasta, o pai era conivente e permitia que o filho fosse espancado.
“Todos os relatos indicam que no momento em que aconteciam essas violências, a criança estava aos cuidados da madrasta e o genitor, quando a mãe questionava, acabava defendendo a madrasta com uma certa conivência”.
O casal, preso temporariamente, nega os crimes. Além dos filhos do homem, moram na residência outras duas crianças que são filhas apenas da mulher dele. Contudo, as agressões são direcionadas apenas ao menino que segue internado em estado gravíssimo.
As investigações continuam para apurar também porque a mãe permitiu que o menino voltasse para a casa do pai mesmo sendo vítima de espancamento.
“Nos causa estranheza que uma criança de 4 anos verbalize que está sendo agredida, pisada e enforcada e no outro final de semana essa genitora permita que a criança retorne para lá”.
Para a polícia, também houve negligência da parte da mãe e ainda há muito o que se apurar, uma vez que os relatos sobre o caso são muito vagos.
“Infelizmente o boletim da UTI é muito triste, a criança está em estado gravíssimo (…) São relatos muito vagos, ninguém nunca viu essa criança engolindo essa moeda ou essa tampa. A criança de 4 anos tomaria banho sozinha, no dia que ele foi internado com a lesão no pênis ninguém soube informar de onde veio a lesão”, afirma a delegada.