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Por Agência Amazonas
Pesquisa tem como base três espécies usadas popularmente no combate a infecções e verminoses na região do Médio Solimões
FOTOS: DivulgaçãoA flora amazônica apresenta uma diversidade de espécies com potencial medicinal ainda pouco exploradas pela ciência. Diante dessa oportunidade, um grupo de pesquisadores apoiados pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), está desenvolvendo uma pesquisa com o objetivo de encontrar novos fármacos a partir de três espécies de plantas típicas da região do Médio Solimões.
A pesquisa, que conta com recursos obtidos por meio do Edital nº 001/2021 – Fapeam Mulheres na Ciência, vem sendo desenvolvida no município de Tefé (a 523 quilômetros de Manaus) e tem como foco desmistificar os poderes terapêuticos das plantas pobre-velho (Costus spicatus), escada-de-jabuti (Bauhinia rutilans Spruce) e mucuracaá (Petiveria alliacea).
Pobre-velho (Costus spicatus).Mucuracaá (Petiveria alliacea)De acordo com a pesquisadora Elzalina Soares, coordenadora do projeto, tratam-se de plantas que foram pouco estudadas cientificamente na forma de chá e são bastante usadas pela população do município no combate a enfermidades como infecções e verminoses, além de outros benefícios.
“O chá da folha de C. spicatus é usado no tratamento de infecção urinária e para qualquer tipo de inflamação. O chá do caule de B. rutilans é popularmente usado para o tratamento de verminose. O chá das folhas da espécie P. alliacea é usado na para infecção, dor nos rins, gastrite e auxilia no alívio dos sintomas da gripe”, exemplifica a pesquisadora.
Desenvolvimento
A pesquisa está sendo desenvolvida em etapas. O processo teve início com a coleta do material, feita na feira municipal de Tefé. Junto a isso são realizados estudos bibliográficos para, em seguida, serem obtidos os extratos, mediante extração aquosa e investigação dos extratos aquosos por Cromatografia em Camada Delgada (CCD).
“Nessa etapa foi realizada a extração por infusão, ou seja, em formato de chá, devido a ser o modo mais próximo utilizado pela população. Iniciamos a investigação química por análise de CCD, devido a ser uma maneira mais simples, rápida, barata e eficiente para análise de misturas”, explica Elzalina.
Os trabalhos prosseguem com a análise e isolamento dos extratos, e em seguida é feita a caracterização estrutural e análises por docking molecular. “São realizadas no computador, identificando possíveis atividades biológicas dos compostos isolados”, explica a coordenadora, que também destaca a elaboração de relatórios parciais e finais como pontos importantes do processo.
“Como resultado do projeto, de maneira científica, esperamos identificar compostos com atividade biológica comprovada por testes in silico. E de maneira profissional esperamos que ocorra uma mudança no paradigma que no interior não conseguimos fazer pesquisa, devido não termos mão de obra qualificada”, finaliza.
Mulheres na Ciência
O programa Fapeam – Mulheres na Ciência é uma iniciativa do Governo do Amazonas, por meio da Fapeam, que visa estimular a participação de mulheres na coordenação de propostas nas áreas de Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Ciências Agrárias no interior do estado do Amazonas.