O projeto “Autoexame de Pele Virtual: rastreamento de casos de hanseníase e outras dermatoses”, que pretende alcançar aproximadamente 150 mil estudantes de 257 escolas públicas na cidade de Manaus, foi apresentado nesta terça-feira, 31/5, na Universidade Paulista (Unip), bairro Parque 10 de Novembro, para profissionais de Educação.
Elaborado pela Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), o projeto tem como objetivo a utilização de ferramentas tecnológicas para fortalecer a investigação de casos suspeitos de hanseníase, quebrar o ciclo de transmissão e promover o tratamento adequado.
Segundo a diretora do Departamento de Vigilância Ambiental e Epidemiológica (Devae/Semsa), enfermeira Marinélia Ferreira, o projeto para o autoexame vai disponibilizar um link para que estudantes, com o apoio dos pais, possam responder um questionário on-line, em que poderão identificar alterações na pele que possam indicar casos suspeitos de hanseníase ou outras dermatoses.
“O propósito do projeto é utilizar a tecnologia a nosso favor, fortalecendo o trabalho que as unidades de saúde já realizam para a busca ativa de casos suspeitos de hanseníase, representando uma ferramenta a mais na rede municipal de saúde para o controle da doença. E é importante destacar que a hanseníase tem cura, mas que pode deixar sequelas irreversíveis, quando não há o diagnóstico precoce, com a conclusão do tratamento até a cura”, alertou Marinélia Ferreira.
O projeto será desenvolvido entre julho de 2022 até novembro de 2023, tendo a parceria da Secretaria Municipal de Educação (Semed), da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e da Fundação Alfredo da Matta (Fuam), abrangendo alunos de 196 escolas municipais e 61 estaduais, que já estão inclusas no Programa Saúde na Escola (PSE).
A apresentação do projeto aos diretores de escolas foi conduzida pela chefe do Núcleo de Controle da Hanseníase, enfermeira Ingrid Santos.
Ela explicou que o link para o acesso ao questionário do Autoexame de Pele Virtual será disponibilizado nos sites da Semsa, Semed e Seduc, além da utilização de aplicativos de mensagens, com previsão para início da execução no dia 1º de julho.
“No link, também serão disponibilizados um vídeo educativo, uma cartilha de sensibilização, lista das escolas envolvidas e vídeo ilustrativo com o passo a passo para que possam responder ao questionário. As respostas serão analisadas por profissionais de saúde, identificando as dermatoses básicas e os casos suspeitos de hanseníase. De acordo com o resultado, a Semsa poderá utilizar estratégias como mutirão de atendimento nas escolas para a realização dos exames de pele. A intenção é ter maior rapidez aos possíveis diagnósticos de hanseníase e interromper a cadeia de transmissão da doença”, informou Ingrid Santos.
Durante a apresentação do projeto, o gerente de Ações Complementares e Programas Especiais da Semed, Mário Jorge Lima, explicou que, a partir da apresentação, os gestores das escolas passaram a ter conhecimento do projeto e poderão levar as informações para a comunidade escolar.
“Temos uma parceria pactuada, por meio do programa Saúde na Escola, que já vem de longa data, com o objetivo de promoção da saúde e da prevenção das doenças. Agora estamos abraçando o projeto do autoexame de pele virtual para o controle da hanseníase. Uma criança com saúde tem um potencial muito maior para aprendizagem”, afirmou Mário Jorge.
A coordenadora do PSE na Semsa, Giane Sena, reforçou a importância da participação de toda a comunidade escolar no enfrentamento da hanseníase. “O PSE é uma política intersetorial que envolve vários eixos para a promoção da saúde e a prevenção de doenças, inclusive a identificação de possíveis casos de hanseníase. O novo projeto vai contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos nossos escolares, até porque vai ter a participação da família, atuando junto com as equipes de saúde na identificação precoce de casos da doença”, ressaltou Giane Sena.
Participando do evento em Manaus, o coordenador nacional do Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan), Artur Custódio, afirmou que, durante os últimos dois anos, com a pandemia da Covid-19, houve uma perda da ordem de 50% na detecção de casos novos de hanseníase no Brasil e que, por isso, é necessário avançar rapidamente em todas as direções na identificação de casos novos da doença.
“A escola é um polo importante não só na detecção precoce da hanseníase entre estudantes e professores, mas também para disseminar informações corretas e, assim, diminuir o estigma e o preconceito em relação à doença”, afirmou Artur Custódio.
O coordenador do Morhan alertou ainda que Brasil é o primeiro país no mundo em incidência da hanseníase, o primeiro país em incidência de casos da doença em crianças e que a hanseníase é a doença infectocontagiosa que mais resulta em pessoas com deficiência hoje no país.
Hanseníase
Durante o ano de 2021, houve registro em Manaus de 103 casos novos da doença, incluindo sete casos em menores de 15 anos. Este ano, Manaus já registra 42 casos novos de hanseníase, sendo cinco casos em menores de 15 anos. Do total de registro deste ano, 54,76% dos pacientes apresentaram grau I e 9,52% grau II de incapacidade física.
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, causada pelo Mycobacterium leprae, também conhecido como bacilo de Hansen. A transmissão da doença ocorre quando uma pessoa doente, sem tratamento, elimina o bacilo por meio de secreções nasais, tosses ou espirros, transmitindo para pessoas sadias que convivem próximo e por tempo prolongado no mesmo ambiente.
Por esse motivo, as unidades de saúde devem realizar o acompanhamento dos contatos domiciliares do paciente com hanseníase para a detecção do diagnóstico precoce.
Na fase inicial da doença, a hanseníase é caracterizada por lesões na pele e nervos que causam diminuição ou ausência de sensibilidade. Em estágios mais avançados pode ocorrer, entre outros sintomas, formigamentos, câimbras, dor ou espessamento dos nervos periféricos, principalmente nos olhos, nas mãos e nos pés, com diminuição ou perda de força muscular, inclusive nas pálpebras.
Texto – Eurivânia Galúcio/Semsa
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Fotos – Camila Batista/Semsa
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