FOTO: Érico Xavier/FapeamMais dez pesquisadores apresentaram seus projetos de pesquisa nesta quinta-feira (23/06) no “Seminário Fapeam: Resultados/Impactos de Pesquisas”. Ao todo, 21 projetos apoiados pelo Governo do Estado, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa (Fapeam), foram expostos durante os dois dias do evento, realizado no auditório Tauató, na sede da Fundação.
Há 10 horas
Por Agência Amazonas
Em dois dias de evento foram apresentados os impactos de 21 projetos apoiados pelo Governo do Amazonas
Foram contempladas nesta edição inédita do Seminário, pesquisas das mais diversas áreas de conhecimento para apresentar seus resultados e impactos. Algumas ainda em andamento e outras já concluídas. A iniciativa visou socializar o saber e as estratégias adotadas pelos cientistas para o fortalecimento do ecossistema de ciência, tecnologia e inovação do Amazonas.
Nos últimos quatro anos, o Governo do Amazonas ampliou os investimentos em ciência, tecnologia e inovação (CT&I), incentivando vigorosamente as pesquisas para avançar no desenvolvimento científico, tecnológico e inovador do estado. O Seminário Fapeam: Resultados/Impactos de Pesquisas é uma ação de popularização da ciência para divulgar, popularizar e socializar os resultados de pesquisas realizadas no Estado
“A Fapeam vem cumprindo o seu papel e o Governo do Estado vem dando, desde 2019, total apoio para a área da pesquisa. As parcerias com as instituições, a competência dos pesquisadores e a nossa equipe, todos juntos aumentam as forças e o potencial para mais conquistas na área da pesquisa”, disse a diretora.
Na análise da diretora-presidente da Fapeam, Márcia Perales Mendes Silva, foram dois dias intensos e muito produtivos para a socialização dos resultados desses estudos. O Seminário apontou relevantes resultados, que mostram o potencial da ciência, da tecnologia e inovação para melhorar a vida das pessoas, superar os problemas, ajudar no desenvolvimento socioeconômico e avançar por meio do fornecimento de políticas públicas.
A pesquisa do “Centro Observatório de Doenças Otorrinolaringológicas do Amazonas – COOA”, apoiado pelo Programa Pró-Estado e coordenada por Diego Monteiro de Carvalho, possibilitou ampliar a formação de recursos humanos, em nível de pós-graduação stricto sensu, com ênfase nas principais doenças laringológicas, otológicas e cirurgias sobre a via aérea superior na apneia do sono.
Projetos apresentados
Oncologia
Além de apoiar financeiramente a melhoria da infraestrutura de pesquisa de instituições vinculadas ao Governo do Estado do Amazonas, apontou como principal impacto a melhoria na qualidade dos projetos de pesquisa executados no setor de otorrino, bem como, o aprimoramento da qualidade de assistência médica prestada, ao ressaltar a criação do primeiro Laboratório de Pesquisa em Medicina do Sono na região Norte.
O estudo apontou que 50% das pessoas aometidas pela doença são mulheres de baixa escolaridade (analfabeto a fundamental incompleto); 80% de baixa condição econômica (até 1 salário mínimo); 78% – agricultoras ou do lar; 16% de rastreio não apropriado; 46% não possuíam registro de rastreio no Sistema de Informação do Câncer (Siscan) entre 2019 e 2021; 25% tinha histórico de câncer de colo de útero na família e 13% de positividade para HPV.
O projeto “Inovação em tecnologias para prevenção do câncer de colo de útero”, apresentado pela pesquisadora Katia Luz Torres Silva, apoiado pela Fapeam, via Programa de Pesquisa para o SUS: Gestão Compartilhada em Saúde (PPSUS), mapeou mulheres de regiões isoladas do estado do Amazonas, para analisar a prevalência da infecção por HPV (Papilomavírus Humano) e os genótipos encontrados.
Outro estudo apresentado no âmbito do PPSUS foi sobre “Avaliação das características epidemiológicas e moleculares de mulheres tratadas com lesões precursoras do câncer de colo de útero no Amazonas”, da pesquisadora Priscila Ferreira de Aquino, da Fiocruz Amazônia, que apontou na coleta de dados de 91 pacientes, que 26,4% das mulheres possuem um crescimento anormal de células no colo uterino, cerca de 50% regressam à normalidade pós-tratamento e 71,4% possuem displasia grave.
O número de amostras autocoletadas realizadas pelo estudo no período de janeiro a julho de 2021 representa 240, algo em torno de três vezes mais que o comparado ao número de citologias realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que foi de 78. O estudo ainda renderá novas pesquisas, que se encontram em fase de andamento, envolvendo o Mato Grosso do Sul (MS), o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a FCecon, a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa) e a Secretaria de Estado de Saúde (SES), com o Projeto Marco, que envolverá cerca de 20 mil mulheres.
Meio ambiente
Ainda no âmbito do PPSUS, o projeto “Desenvolvimento de teste para detecção eletroquímica de ensaios moleculares aplicados ao diagnóstico de doenças”, do pesquisador Luis André Morais Mariúba, da Fiocruz Amazônia, apresentou resultados alcançados com a padronização de testes moleculares para malária e zika vírus, a adequação de testes moleculares para eletroquímica, a modificação de sensores eletroquímicos, o desenvolvimento de sensores impressos e de equipamento para leitura eletroquímica com temperatura controlada.
Sobre os resultados, verificou-se que as mudanças climáticas e antrópicas influenciam as espécies da água e de áreas alagáveis amazônicas, em diversos níveis, tanto metabólico, como comportamental e genético. Os efeitos conjuntos e interativos ainda merecem estudos, especialmente diante da megabiodiversidade e da especificidade da resiliência e tolerância entre espécies e fases do desenvolvimento.
A pesquisa “INCT para Adaptações da Biota Aquática da Amazônia”, apoiada pela Fapeam e parceiros, é coordenada pelo pesquisador Adalberto Luis Val e foi apresentada no evento por Maria Teresa Fernandez Piedade, vice-coordenadora do projeto. O estudo tem o objetivo de gerar subsídios para políticas públicas, novos produtos e processos, a partir da biologia e da capacidade adaptativa de organismos aquáticos da Amazônia, em face das mudanças ambientais.
“Um Museu Vivo: O Museu Magüta, do Povo Indígena Tikuna”, do Programa Coleções Biológicas/Museus, coordenado pelo pesquisador João Pacheco de Oliveira Filho foi outro estudo também exposto no encontro. A iniciativa foi criada para auxiliar na produção em conjunto com os indígenas Tikuna a requalificação do museu. Com uma ampla divulgação do acervo e das atividades realizadas, o projeto contribui para melhorar a articulação com organismos públicos, com as novas gerações e maior visibilidade nacional e internacional.
O estudo “Fitoterápico à base de libidibia ferrea: estudo in vitro das propriedades antimicrobiana, anti-inflamatória e imunomodulatória”, do Programa Universal Amazonas, coordenado pela cientista Nikeila Chacon de Oliveira Conde, destacou a valorização do conhecimento tradicional por meio da ciência, a abertura de nova linha de produção de produtos farmacêuticos fitoterápicos para odontologia e a oferta de um produto de origem natural, incentivo dos processos produtivos e autossustentáveis, além de promover o favorecimento de uma boa aceitação dos pacientes. Outro importante impacto alcançado foi a formação de recursos humanos qualificados, contribuindo para o mercado de trabalho e movimentando o setor econômico da educação superior.
Mulheres e Meninas na Ciência
Sobre a pesquisa “Ergonomia, saúde e segurança no trabalho: impacto do Covid-19 na saúde (física e mental) dos servidores da área da saúde no município de Itacoatiara/AM”, apoiada pelo Programa de Apoio à Interiorização em Pesquisa e Inovação Tecnológica (Painter), coordenada por Moises Israel Belchior de Andrade Coelho, foram constatados pelo estudo, diversos tipos de consequências como dores musculares, esgotamento físico, depressão, burnout, distanciamento familiar e sobrecarga de trabalho no público investigado.
Outras edições do “Seminário Fapeam: Resultados/Impactos de Pesquisas” devem ocorrer ainda este ano, para que outros pesquisadores tenham a oportunidade de socializar os resultados alcançados por seus estudos.
O estudo sobre a “Caracterização e valoração do mel de abelhas nativas produzido em cultivos de guaraná e camu-camu para fomentar a bioeconomia amazônica”, apoiado por meio do Programa Fapeam Mulheres na Ciência, da pesquisadora Cristiane Krug, avaliou e caracterizou o mel produzido por colônias de abelhas nativas sem ferrão (ASF) Melipona (Michmelia seminigra) associadas aos cultivos de guaraná e camu-camu.