As ações de enfrentamento à esporotricose executadas pela Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), foram apresentadas nesta quarta-feira, 29/6, em um simpósio promovido pela Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD).
Representando a Semsa na abertura do simpósio, a assessora da subsecretaria de Gestão da Saúde, Ângela Nascimento, informou que 100 profissionais da rede municipal de saúde foram inscritos para participar da programação.
O evento foi realizado no auditório Wilson & Graça Alecrim, na sede da FMT-HVD, no bairro Dom Pedro, zona Oeste, abordando o tema “Emergência da Esporotricose em Manaus”, e teve como público-alvo profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros e médicos veterinários.
Conforme a pesquisadora da Fundação de Medicina Tropical, Kátia Santana Cruz, uma das organizadoras do simpósio, a programação foi elaborada como uma forma de conscientizar e alertar os profissionais sobre a ocorrência da doença em Manaus e sobre o agente etiológico que causa a doença, o fungo do gênero Sporothrix.
“O enfrentamento à esporotricose requer uma ação integrada em todos os níveis nos serviços de saúde. A Semsa atua na Atenção Primária, que é a porta de entrada no sistema de saúde, e já executa um plano de enfretamento, mas é necessário sempre ter a integração com outros níveis de atenção, para que possamos obter bons resultados. Nesse sentido, o simpósio é importante, porque vai permitir aprofundar a integração com outras instituições, fazendo com que os profissionais tenham mais informações sobre o impacto da doença, os fluxos e protocolos de atendimento”, afirmou Ângela.
Enfrentamento
“O evento também é uma oportunidade para abordar os últimos tratamentos desenvolvidos e preconizados para a doença, orientando os profissionais, apresentando as ações executadas na rede municipal e na rede estadual, e a interação com o Centro de Controle de Zoonoses, o CCZ, para o enfrentamento da esporotricose”, informou Kátia.
“Houve a organização de busca ativa de casos suspeitos, elaboração de um plano de ação imediata para contenção dos casos, definição de canais de comunicação com a comunidade, elaboração de nota técnica para orientar os profissionais sobre os fluxos de notificação, diagnóstico, manejo clínico e vigilância epidemiológica dos casos suspeitos, e treinamento de profissionais. A Semsa ainda organizou o atendimento de casos suspeitos de esporotricose humana em oito unidades de referência, assim como estabeleceu protocolos de atendimento dos casos de esporotricose animal pelo CCZ”, informou Cláudia.
Durante a apresentação das ações de enfrentamento à esporotricose, a gerente de Vigilância Epidemiológica da Semsa, Cláudia Rolim, lembrou que os primeiros casos de esporotricose animal foram notificados em Manaus no fim de 2020, no bairro da Glória, zona Oeste, quando houve o início de uma série de ações para o controle da doença.
O fungo da esporotricose pode ser transmitido aos animais e às pessoas pelo contato com materiais contaminados, como casca de árvores, palha, farpas, espinhos ou terra. Em contato direto, o animal contaminado transmite a doença por meio de arranhões, mordidas ou contato com a pele lesionada. A doença tem tratamento e, na maioria dos casos humanos e em animais, pode ser feito com a administração de antifúngico, que dever ser receitado por médico ou veterinário.
A esporotricose é uma zoonose que pode afetar pessoas e animais, especialmente gatos, causada por fungos do gênero Sporothrix. Em animais, os sintomas mais comuns são feridas profundas na pele (úlceras), que não cicatrizam e se espalham rapidamente. Os sintomas iniciais em humanos são lesões similares a uma picada de inseto.
Desde o ano de 2020, o município de Manaus já registrou 240 casos de esporotricose animal, a maioria na população felina, e 167 casos de esporotricose humana.
Ocorrências
Em 2022, já foram notificados 91 casos de esporotricose humana em Manaus, com 85 ainda em tratamento. Desse total de casos, 57,1% dos pacientes apresentaram o risco de exposição por animais domésticos com acesso às ruas; 22% risco de exposição por animal de rua; 5,5% por risco ocupacional no caso de profissionais como médicos veterinários; 5,5% por risco de contato com ambiente contaminado (manuseio de plantas, solo ou secreção de animais doentes) e 9,9% com situação de risco desconhecido de exposição.
Reforçando as ações de controle, a Semsa iniciou na última segunda-feira, 27, no bairro Santo Antônio, um levantamento sobre o quantitativo de gatos em cada domicílio e identificação de casos de suspeita da doença. Após essa identificação, os gatos doentes serão encaminhados para avaliação por médico veterinário do CCZ. Atualmente, a zona Oeste de Manaus apresenta 80,6% dos casos de esporotricose humana em Manaus, registrados entre 2021 e 15 de junho deste ano.
Para mais informações sobre esporotricose animal, a população pode entrar em contato pelo Disque-Saúde (0800 – 280 – 8 – 280), de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h, no WhatsApp 98842-8484 (esporotricose), ou pelo e-mail [email protected] .
“A Semsa também vem planejando ampliar de oito para 16 o número de UBSs com atendimento de referência para a esporotricose humana até o fim deste ano. E os Distritos de Saúde irão organizar ações de Educação em Saúde nas escolas públicas municipais com o PSE (Programa Saúde na Escola), buscando atingir 103.494 estudantes”, informou Cláudia.
Para pacientes com suspeita de esporotricose humana, a Semsa disponibiliza atendimento médico em oito unidades de saúde de referência.
Unidades para o atendimento de esporotricose humana
Clínica da Família Carlson Gracie – avenida Curaçao, s/nº, Nova Cidade.
Disa Norte
Disa Sul
UBS Armando Mendes – rua Aragarças, s/nº, conjunto Manoa, Cidade Nova.
(Policlínica de Referência –Dr. José Antônio da Silva);
Disa Leste
Clínica da Família Dr. Antônio Reis – rua Escandinávia, São Lázaro (Policlínica de Referência Castelo Branco);
UBS Luiza do Carmo – avenida Ministro Mário Andreazza, 5.585, Vila da Felicidade.
Clínica da Família Severiano Nunes – rua das Dálias, s/nº, Jorge Teixeira;
Disa Oeste
(Policlínica de Referência Dr. Antônio Comte Telles);
UBS Santo Antônio – rua Promécio, s/nº, Vila da Prata;
UBS Vila da Prata – rua Gusmania, s/nº, conjunto Ajuricaba, bairro Alvorada;
(Policlínica de Referência Djalma Batista)
UBS Ajuricaba – rua Lauro Bittencourt, s/nº, Santo Antônio.
Texto – Eurivânia Galúcio /Semsa
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Foto – Divulgação/Semsa