Por Márcia Grana
Equipe Ascom Ufam
Formação antecede o I Congresso Norte de Qualidade e Segurança do Paciente, que será realizado de 21 a 23 de setembro, no Centro de Convenções Vasco Vasques
O Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV), órgão suplementar da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e vinculado à Rede EBSERH, recebeu, na manhã desta quarta-feira, 20, o curso “Medicina baseada em qualidade e segurança dos cuidados: a propedêutica da Acreditação em Saúde”. A formação antecede a primeira edição do Congresso Norte de Qualidade e Segurança do Paciente, que será realizado de 21 a 23 de setembro, no Centro de Convenções Vasco Vasques.
Acreditação – método de avaliação da qualidade adotado em mais de 70 países
O evento contou com as palestras do superintendente técnico da Organização Nacional de Acreditação (ONA), médico Péricles Góes da Cruz e do Souza e do CEO do Accreditation Pathways Institute, médico Carlos Hiran Goes de Souza.
Durante sua apresentação, o CEO do Accreditation Pathways Institute, médico Carlos Hiran Goes de Souza, destacou que a cultura de segurança de cuidados deve ser cultivada desde o início da formação médica. “A qualidade e a segurança estão implícitas na prática médica e no nosso cotidiano. Antes de sairmos de casa, por exemplo, nós nos olhamos no espelho justamente em um processo de autoavaliação e cuidado pessoal permanente, diário. A cultura da segurança de cuidados é similar na Medicina e deve começar desde o início da formação. Devemos sempre nos perguntar ‘Quão seguro é o que eu faço?’ Qual o plano de ação para promover melhorias? Fazer qualidade é monitorar esses cuidados e participar da formação periódica de cuidados e ser submetido a auditorias clínicas e é aí que entra a Acreditação, um método de avaliação de sistemas e serviços de saúde baseado em padrões e que é utilizado como uma das ferramentas de gestão da qualidade e segurança dos cuidados com um alto potencial de transformação das organizações e serviços de saúde. É esse método que nos baliza hoje e tem impactado muito os serviços de saúde mundo afora, sendo o método de avaliação utilizado em mais de 70 países”, destacou.
Desafios e soluções
Em seguida, houve a palestra do superintendente técnico da Organização Nacional de Acreditação (ONA), médico Péricles Góes da Cruz. Ele destacou a sensibilização dos profissionais de saúde e dos próprios pacientes para a temática da segurança e o desenvolvimento de estratégias para a segurança do paciente através do conhecimento e do cumprimento de normas do funcionamento de uma instituição de saúde como os principais desafios na atualidade. “Temos, no Brasil, uma população de 218 milhões, 312.622 Serviços de Saúde cadastrados, 6.805 hospitais e 492.505 leitos hospitalares e o cenário de algumas organizações de Saúde no país é que as lideranças das instituições não têm claramente estabelecidas sua missão e seu perfil assistencial e a falta de integração e alinhamento entre as lideranças executivas e lideranças médias ou intermediárias. Isso gera insuficiência de sistemas e profissionais capacitados e dedicados a gerenciar qualidade e segurança e a inexistência de políticas e procedimentos utilizados como referenciais para a prática institucional. Antes, quando um paciente morria, a família se reunia e lamentava. Hoje, todo e qualquer procedimento médico é questionado pelos familiares e somos constantemente alvo de processos judiciais. Isso é irreversível. Mais que nunca nossas boas práticas precisam ser constantes e quanto mais registros fizermos mais respaldados estaremos. Investir na qualidade é o caminho”, ressaltou.
Prática médica focada no atendimento de qualidade
Participante da formação, Luísa Tuda, acadêmica de medicina do quinto ano, afirma que o curso é importante para sua formação. “A medicina está em constante mudança e aprimoramento, principalmente após os órgãos dirigentes entenderem a necessidade de investir na segurança do paciente e gestão de qualidade, já que o paciente tem direitos e os profissionais da saúde têm, como disseminadores de saúde, a obrigação de se capacitarem em gerência de qualidade e segurança do paciente. Dessa forma, é imprescindível ir além da formação baseada em doença/remédio, pois as bases da medicina não podem ser pautadas em uma linha de produção em que só se pense nos números de pacientes e nos atendimentos por hora. Urge-se uma prática médica que pense no paciente como um todo, e que o atendimento precisa focar no atendimento de qualidade: resolutivo e empático. Fico contente em que o hospital HUGV se preocupe com a formação dos acadêmicos nesse sentido, plantando a semente da gestão dos serviços de saúde e segurança do paciente”, comentou a estudante.