Fotos: Mauro Neto/ SecomO Governo do Amazonas realizou, neste sábado (23/12), o 28º implante coclear no estado, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).O procedimento foi realizado no Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz, unidade vinculada à Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), em uma mulher que recebeu um implante unilateral.
23 de dezembro de 2023
De março a dezembro, foram realizados procedimentos bilaterais e unilaterais de forma gratuita pelo SUS, no Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz
“A alta complexidade sempre foi uma meta nossa, e o governador Wilson Lima, com muita sensibilidade, nos permitiu avançar nesse projeto. E hoje, completamos 28 cirurgias de implante coclear, e nossa equipe está para justamente fazer mudanças e os avanços que vão melhorar a vida dos amazonenses”, afirmou o secretário de saúde, Anoar Samad.
A unidade é a primeira da rede pública a ser capacitada para a realização deste tipo de procedimento, que já existe na rede particular desde 2008, por cumprir as exigências da Saúde.
“Essa é uma cirurgia relativamente simples, que demora mais ou menos 40 minutos a uma hora de cirurgia para colocar o eletrodo dentro da cóclea. E depois dessa fase vem a ativação desse implante coclear e depois vem o processo longo de reabilitação”.
O procedimento foi realizado pelos médicos, otorrinolaringologistas, Luiz Avelino Jr, e o coordenador da cirurgia de implante coclear no Delphina Aziz, Arthur Castilho.
“Quanto mais precoce fazemos o diagnóstico da perda de audição, mais rápido conseguimos atuar para reabilitar essa pessoa. A parte da cirurgia, de onde vem a indicação cirúrgica, o implante coclear e a prótese ancorada no osso, são mecanismos que a gente consegue ajudar a pessoa a desenvolver a audição de quem nasceu surda ou de pré-lingual ou de pós-lingual”.
O médico ainda destacou a importância do diagnóstico precoce para o tratamento da perda de audição.
“Um estado tão grande como o Amazonas agora tem esse tratamento importante, e isso é uma grande iniciativa da secretaria de saúde, que vai atender muitos pacientes, e muitos mais vão vir ano que vem, e isso impede que os pacientes daqui de nossa cidade tenham que viajar para outros estados”.
O médico Arthur Castilho, enfatizou sobre o trabalho do Governo do Estado nesse segmento da saúde na vida da população.
A paciente, Jéssica Fernanda Morais Avelar, 33, nasceu prematura, descobriu a perda auditiva aos 3 anos e, desde os 5, usa aparelho auditivo. Sua perda foi progredindo e atualmente não apresenta mais ganho com aparelho tradicional.
Transformação de vida
“É uma esperança, e era um sonho desde criança. Está sendo uma transformação pra mim, e me sinto nova mulher, pois está sendo tudo novo pra mim”.
Há duas semanas, Jéssica se formou em medicina veterinária. Para ela, a cirurgia representou uma nova etapa em sua vida.
“Estou feliz em saber que, daqui a algum tempo, ela vai ouvir e vai poder ser ouvida. Agradeço a Deus e a todas as pessoas que contribuíram para que ela pudesse hoje estar realizando um sonho, que é voltar a ouvir”.
A tia de Jéssica, a autônoma Luciana Avelar, 42, expressou gratidão por esse sonho realizado na vida de sua sobrinha.
Histórico
Outras duas pacientes também receberam implante coclear, neste sábado, sendo uma mulher de 48 anos, unilateral, e uma adolescente de 17 anos, bilateral.
A cirurgia é considerada de alta complexidade por necessitar de uma rede de diagnósticos e um hospital capacitado com equipamentos especializados na área, e uma equipe grande de acompanhamento para que o paciente receba apoio para o resto da vida, seja para manutenção do aparelho ou para ajustes de reabilitação auditiva e oral.
Desde março, quando iniciaram os procedimentos no Hospital Delphina Aziz, 19 pessoas, sendo 12 adultos; 5 crianças e duas adolescentes, receberam implantes até dezembro deste ano, entre procedimentos bilaterais (quando recebem nos dois ouvidos) e unilaterais (em um só ouvido) de forma gratuita pelo SUS.
Os implantes cocleares são indicados para pessoas com perda auditiva neurossensorial severa à profunda. A prioridade para a realização de um implante coclear é para pacientes que nascem com perda total de audição, e que tenham até quatro anos de idade para que seja aproveitada a janela de aquisição de linguagem oral que é desenvolvida neste período da vida.
Procedimento cirúrgico
A cirurgia consiste em uma incisão atrás da orelha para acessar a cóclea, porção da orelha interna responsável pela audição. Por uma pequena abertura, é implantado um feixe de eletrodos junto ao nervo auditivo e fixado um receptor (antena) no crânio do paciente. Como a cóclea não varia de tamanho ao longo da vida, não será preciso trocar a unidade interna. Com isso, o procedimento é realizado uma única vez, sem a necessidade de ser refeito ao longo da vida.
Nos casos de pacientes com idade adulta, que perderam a audição gradativamente e que já utilizam o método comum, com uso do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI), não há uma idade limite para a recomendação do procedimento, desde que sejam avaliados e se encaixem nos padrões previamente analisados por médicos especialistas, e seja identificado que o aparelho tradicional não oferece mais ganho de audição para a pessoa que a utiliza.
Além da cirurgia de implante coclear, outro procedimento inédito pela rede pública na área de otorrinolaringologia começou a ser realizado na unidade, em setembro deste ano, a Mastoidectomia Bilateral/ Implante de Prótese Auditiva Ancorada no Osso (PAAO).
O paciente recebe alta médica no mesmo dia e precisa retornar para retirada dos pontos e avaliação clínica após sete dias. No primeiro mês o paciente será acompanhado de maneira mais próxima para garantir que a recuperação e cicatrização tenha sucesso.