Foto: Iranilson Valente/FunbioUma força-tarefa do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa) e da Secretaria de Estado do do Meio Ambiente (Sema) garantiu ajuda humanitária a 4.715 famílias afetadas pela seca, em sete Unidades de Conservação Estaduais apoiadas pela iniciativa. Ao todo, 113 toneladas de alimentos, além de kits de higiene, beneficiaram 293 comunidades em áreas protegidas do Amazonas. As entregas começaram no dia 13 de dezembro e seguem até esta quarta-feira (20/12).
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Mais de 290 comunidades em Unidades de Conservação que ainda sofrem os efeitos da estiagem receberam cestas básicas e kits de higiene
Neste período de seca severa, as ações do Arpa também incluíram apoio direto às populações tradicionais, com a aquisição das cestas e dos kits, comprados com recursos do programa, financiado por doadores nacionais e internacionais. A Sema ofereceu apoio logístico para a entrega do material. O gerente do Programa, Fábio Ribeiro, ressaltou a importância da parceria.
O apoio às famílias em situação de vulnerabilidade ocorre após uma articulação da Sema junto ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática, que coordena o Programa Arpa, que tem o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) como gestor financeiro. Por meio da iniciativa, a maior de conservação de florestas tropicais do planeta, 24 Unidades de Conservação do Amazonas recebem apoio para atividades de gestão e proteção das florestas.
As entregas beneficiaram, ao todo, 332 famílias em 25 comunidades na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Juma; 656 famílias em 12 comunidades na RDS do Rio Negro; 1.319 famílias em 49 comunidades na RDS Piagaçu Purus; 284 famílias em sete comunidades do Mosaico do Apuí; 587 famílias em 79 comunidades na RDS Amanã; 1.148 famílias em 108 comunidades na RDS Mamirauá, além de 389 famílias em 13 comunidades na Reserva Extrativista (Resex) Catuá Ipixuna.
“O Programa Áreas Protegidas da Amazônia é uma iniciativa de conservação da biodiversidade, que tem as populações tradicionais como um pilar fundamental para que toda essa estratégia dê certo. (…) Essa ação solidária representa todo o esforço do programa e dos seus atores, desde os doadores e todo o corpo que trabalha nesse projeto, para que as comunidades consigam ter algum suporte e possam seguir com suas atividades, com seu modo de vida, promovendo a conservação da biodiversidade”, ressaltou.
Foto: Iranilson Valente/FunbioApoio humanitário
“Vale destacar que os rios começaram a encher, mas essas comunidades continuam a ser afetadas pelo longo período de estiagem. Importante também destacar que até essas populações recuperarem suas atividades econômicas vai demorar ainda um tempo e é por isso que essa ação é tão importante, de garantir a essas comunidades o apoio necessário nesse momento até que tudo volte devidamente ao normal”, destacou o secretário de Estado do Meio Ambiente, Eduardo Taveira.
“Essa seca agora foi muito difícil, principalmente para a pessoa idosa, para se deslocar para a cidade de Manacapuru. É muito difícil caminhar pela beira do rio. É difícil porque você pega uma rabeta, quebra a palheta, quebra o eixo, o motor quebra, tudo fica difícil para chegar até lá. Um chega, outro não chega, outro vai a pé, de qualquer maneira é um sacrifício muito grande. (…) Desde 1963 para cá, essa estiagem foi a maior que teve aqui. Mas vocês, com a ajuda de Deus, nos ajudam, e vão um dando ponte para outros, até chegarmos aqui”, disse.
Em 2023, o Amazonas foi impactado pela maior estiagem já registrada na história das medições. Situação crítica confirmada também pelos olhos de quem tem no rio a sua fonte de renda, subsistência, meio de transporte e história de vida. É o caso do aposentado Sebastião Pereira da Silva, primeiro morador e coordenador da comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, na RDS Rio Negro.
Segundo ela, as cestas básicas e os kits de higiene vão dar mais conforto às famílias assistidas, sobretudo, com a chegada do natal. “Vai ajudar muito, porque nós temos famílias que realmente necessitam. Todos nós precisamos. Têm famílias que necessitam mais e, nesse momento, às vezes não tem nem um quilo de arroz, não tem um café, um açúcar para adoçar um café para o seu filho. É gratidão, só gratidão. Vai ajudar muito, com o natal próximo”, completou.
A professora Juliane Silva de Oliveira, presidente da Comunidade São Francisco do Bujaru, também conta sobre as dificuldades enfrentadas nesse período. “Já tínhamos visto uma seca, mas não como essa, extrema, de a gente ter que andar duas horas, duas horas e meia até ter acesso a uma estrada. As tabernas ficaram sem abastecimento, sem gasolina. Quando chegaram as primeiras doações, foi uma luz no fundo do túnel, aquela coisa maravilhosa, esperança”, contou.
“A partir do momento que a equipe chega nesses lugares com a ajuda humanitária, é uma sensação de alívio e também do sentimento de que elas não estão sozinhas. A sensação é de felicidade. Ficamos muito felizes, porque o principal objetivo na Unidade de Conservação é a melhoria da qualidade de vida, pelos serviços ecossistêmicos que vão prestar para a sociedade, não somente a local, mas a global”, pontuou.
Nesse contexto crítico, a resposta humanitária para garantir a segurança alimentar, considerando a situação de emergência, tem sido essencial, segundo reforça o gestor da RDS do Rio Negro, Jaime Gomes.