FOTO: Divulgação/Acervo do pesquisador Paulo Cesar Machado AndradeAproximadamente 400 comunitários, entre ribeirinhos, agroextrativistas, seringueiros, além de professores e alunos de comunidades de reservas extrativista e de desenvolvimento sustentável fizeram parte da pesquisa: “Alimentação de filhotes e juvenis de tartarugas e tracajás na natureza e em sistemas de criação comunitários no Amazonas”, a qual contou com o apoio do Governo do Estado, por meio do Programa Universal Amazonas, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam).
Por Agência Amazonas
O projeto amparado pela Fapeam ocorreu nos municípios de Barreirinha e Carauari
FOTOS: Divulgação/Acervo do pesquisador Paulo Cesar Machado AndradeO estudo buscou avaliar a alimentação de filhotes e juvenis de tartarugas na natureza e em sistemas de criação comunitária nos municípios de Barreirinha e Carauari (a 331 e 788 quilômetros da capital, respectivamente).
O número estimado de comunitários que podem ser beneficiados direta ou indiretamente pelos resultados do estudo pode chegar a 32 mil ribeirinhos, conforme dados do coordenador do projeto, Paulo César Machado Andrade, pesquisador da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
“O principal impacto social foi a capacitação dos comunitários que acompanharam os ensaios em unidades experimentais. Os ribeirinhos aprenderam sobre o manejo alimentar adequado dos filhotes em cativeiro, sobre quais frutos, sementes e folhas que são alimentos destes quelônios na natureza e, com esses ingredientes, aprenderam os procedimentos para a fabricação de ração artesanal, o que ajudará a baratear os custos de produção nessa atividade”, acrescentou o pesquisador.
A pesquisa, especificamente, foi realizada em sete comunidades: nas criações comunitárias da RDS Uacari e Reserva Extrativista Médio Juruá, em Carauari, nas comunidades do Manarian, São Raimundo, Vila Ramalho, Xibauazinho e Nova União. Também em comunidades de Barreirinha, no rio Andirá, na Granja e no Piraí. Outra parte ocorreu no Laboratório de Animais Silvestres, da Ufam, em Manaus, como informou o coordenador.
“Nós identificamos o que eles comiam na natureza e passamos a usar alguns destes ingredientes na alimentação em cativeiro, substituindo as rações comerciais”, observou Paulo César.
De acordo com os resultados da pesquisa, o impacto científico mais importante é a definição de uma lista de plantas, frutos, sementes e outros itens alimentares das dietas de juvenis de tartarugas e tracajás na natureza. Os estudos existentes, até então, mostravam apenas a composição de itens alimentares na dieta dos adultos.
“O apoio da Fapeam foi fundamental para que essa pesquisa pudesse ser realizada nas comunidades do interior, graças aos recursos para o apoio logístico e o transporte, para que nossos acadêmicos, técnicos e pesquisadores pudessem chegar até aquelas distantes localidades e implementar os experimentos. A Fapeam tem nos apoiado muito no desenvolvimento da linha de pesquisa de criação e manejo de quelônios, principalmente em comunidades ribeirinhas do interior do Amazonas”, concluiu.
Com a pesquisa, também foi possível obter a redução dos custos com a alimentação dos filhotes nas criações comunitárias, além do potencial de geração de renda quando ocorrerem as futuras vendas dos animais criados.
Mais apoio
Além da Fapeam, a pesquisa teve o apoio da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), da Associação dos Moradores Agroextrativistas da RDS Uacari (Amaru) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Maués.
Metodologia
Segundo o coordenador, uma das metodologias da pesquisa foi a avaliação do crescimento dos filhotes de tartarugas e tracajás nas criações comunitárias, de acordo com a alimentação fornecida. Outro método foi a marcação, a biometria e o monitoramento do crescimento dos filhotes nas criações comunitárias. Em Carauari e Barreirinha foram acompanhados 4.648 filhotes de tartaruga e 1.938 de tracajá.