Com projeto arquitetônico desenvolvido pelo Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb), o casario está sendo reformado e restaurado, localizado na rua Bernardo Ramos, nº 66, Centro, com térreo e pavimento superior, que terão uma função de elo com a vida do poeta, reproduzindo inclusive cenas da sua vivência na casa construída em Barreirinha, sua terra natal na Amazônia.O poeta, jornalista e escritor Thiago de Mello completaria 97 anos neste dia 30 de março e a Prefeitura de Manaus, dentro do programa “Nosso Centro”, prepara como presente à memória, à história e à liberdade tão difundida pelo amazonense um casario que vai abrigar parte do seu vasto acervo e suas paixões: o Casarão Thiago de Mello.
Com obras iniciadas no dia 11, o casarão já teve conclusão de serviços de demolições, incluindo de um anexo geminado não original, além de ampla limpeza, uma vez que o imóvel estava em desuso e sofreu alterações internas adaptando banheiro e o antigo porão.
O projeto vai dar ao espaço sala e salão de exposição, biblioteca, um café, um quarto Thiago de Mello, sala multiuso, área de administração, elevador e banheiros.
O diretor-presidente do Implurb, engenheiro Carlos Valente, explicou que a ideia de ter um espaço para o poeta, dentro da primeira etapa de reabilitação do Centro, surgiu durante conversas com o prefeito David Almeida.
“Chegar a esse casarão como projeto da prefeitura, que é lindo, em amarelo e branco, para o meu pai, que era tão apaixonado por este centro histórico, dá uma sensação e emoção únicas. A sensação que tenho é que ele, meu avô (Pedro Thiago de Mello) e minha avó (Maria Mitouso de Melo) estarão ali, atando as redes. Minha avó está limpando as coisas e a gente vai chegar daqui a pouco para tomar um café com leite, um açaí e ler. Com tudo aquilo, a biblioteca, as obras de arte, história e estudos, que são a base dele”, comentou a filha do artista, Isabella Thiago de Mello.
O casarão estará integrado ao largo de São Vicente e ao mirante Lúcia Almeida, as primeiras intervenções do “Nosso Centro”, cujas obras têm prazo de 300 dias corridos.
“Tinha este imóvel que não tinha função definitiva e o prefeito sugeriu que se prestasse uma homenagem ao poeta, jornalista e amazônida Thiago de Mello. E em reunião com a filha dele, chegamos ao casarão para reunir grande parte do seu acervo, algumas reconstituições, como os projetos de duas casas que foram construídas em Barreirinha, pelo arquiteto Lúcio Costa”, disse Valente.
A exposição permanente que será abrigada no imóvel terá tecnologia para acesso ao mundo, com passeios virtuais pelo casarão, expondo ao máximo possível todo o patrimônio que o artista deixou. De quem foi e de quem sempre será o poeta.
Para o diretor-presidente, o prefeito David Almeida está proporcionando este resgate e a perenização da imagem do poeta, ao reconhecimento ao grande homem e artista amplo que foi. “O acervo do Thiago é grandioso e vamos querer resgatar a biblioteca particular dele, que existia na casa de Barreirinha, onde ele nasceu. Reconstruir seu quarto, desde a altura da cama, a integração com a linha de horizonte para a floresta e para o rio, tudo isso para transportar e criar referências para que as pessoas entendam como era o Thiago de Mello em Barreirinha”, comentou Valente.
“Foi em Manaus que ele se tornou o jornalista, o poeta, médico e diplomata. E há essa interligação da cultura europeia, a Paris dos trópicos, que tem bonde e fiação elétrica, e o caboclo, que é o fio condutor. É a história se refazendo agora”, disse a filha.
A filha Isabella vem trabalhando há anos na biografia do pai, estudos que renderam dois documentários e dois livros, o primeiro sobre a vida e obra do poeta, e o segundo sobre o processo de tombamento das casas em Barreirinha. Isabella é presidente do Instituto Thiago de Mello e a parceria com a Prefeitura de Manaus vai dar espaço único a memória do autor de “Manaus, amor e memória” (1984), que retrata a capital que foi tão importante na vida do jornalista e médico.
Conhecida como antiga Casa Amarela, a edificação que ocupa o número 66 da rua Bernardo Ramos é datada de 1908. Classificada como uma unidade de interesse de preservação de segundo grau, de acordo com Decreto 7.176/2004, o imóvel tem uma escada toda em madeira que será restaurada. A casa já chegou a abrigar o depósito da firma Sinfrônio & Cia.
Casa Amarela
O uso proposto para a edificação será destinado a um casarão que conserva, difunde e expõe as obras do poeta, jornalista e tradutor brasileiro Thiago de Mello. Será destinado para preservação e história, além de proporcionar um ambiente para exibição dos exemplares e acervo.
O poeta
Quanto aos pavimentos, foram divididos para atender a necessidade do programa proposto, a fim de deixar agradável, seguro, moderno e acessível com elevador para circulação vertical. O pavimento térreo contará com acesso principal, banheiros e espaço destinado a um café e um grande salão de exposição, com área de 176,48 metros quadrados.
O acesso principal se dá pela rua Bernardo Ramos, mas ela faz fundo com o início da avenida 7 de Setembro, tendo uma altura máxima de 10,37 metros. A intervenção consiste em manter a estrutura dos pavimentos, quanto aos gabaritos, e área de construção não terá adição, apenas demolição do anexo não original.
Conforme o memorial descritivo apresentado pelo Implurb, o telhado original será restaurado. O restauro da pintura deve ocorrer de acordo com os padrões originais da edificação, sendo as cores nas fachadas escolhidas em conformidade com o manual de pintura para o centro histórico.
Quanto ao pavimento superior, conta com cinco salas, destinadas à biblioteca, administração, duas salas multiuso e a uma reprodução do quarto Thiago de Mello, com área total de 176,48 metros quadrados.
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O imóvel faz parte de um conjunto arquitetônico de grande relevância para a cidade, em razão da sua localização na rua Bernardo Ramos, uma das vias mais antigas de Manaus. Localiza-se em área de tombamento federal, na vizinhança de outros edifícios históricos como o Casarão de São Vicente, Centro Cultural Óscar Ramos, Museu da Cidade de Manaus, praça Dom Pedro II, Casarão da Inovação Cassina, Palácio Rio Branco, dentre outros.
Fotos – Clóvis Miranda / Semcom (em anexo) e Aguilar Abecassis / Semcom
Texto – Claudia do Valle / Implurb
Disponíveis em – https://flic.kr/s/aHBqjAvRaP