A primeira etapa de oferta do curso foi realizada no mês de abril, em duas turmas, com a capacitação de 46 profissionais. A nova turma, que segue até sexta-feira, 16/6, tem como público-alvo 25 profissionais, entre médicos e enfermeiros, com uma carga horária de 20 horas.Como estratégia para reforçar a capacitação de profissionais no diagnóstico precoce de casos de hanseníase, a Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), iniciou, nesta segunda-feira, 12/6, no Complexo de Saúde Oeste, bairro da Paz, a terceira turma do “Curso Básico em Hanseníase para Atenção Primária”.
“O diagnóstico da hanseníase é eminentemente clínico. Por isso, é necessário trabalhar com o diagnóstico diferencial em relação a outras doenças, saber como examinar e como descartar outras doenças. O curso é uma estratégia para reforçar a qualificação dos profissionais em todo esse processo”, informou Eunice Jacome.
A técnica do Núcleo de Controle da Hanseníase da Semsa, enfermeira Eunice Jacome, explica que a meta é capacitar cem profissionais no primeiro semestre de 2023 para o manejo na avaliação clínica do paciente e diagnóstico da hanseníase.
“O principal problema hoje ainda é diagnóstico tardio, ocorrendo quando a pessoa já apresenta sequelas que são difíceis de reverter. O desafio é garantir a identificação precoce dos casos e, para isso, os profissionais de saúde devem estar preparados ao máximo para suspeitar dos sintomas iniciais e realizar os exames necessários, como teste de sensibilidade, palpação dos nervos e avaliação neurológica”, explicou Eunice Jacome.
A programação do curso inclui os temas: Panorama epidemiológico da hanseníase; Conceito, Transmissão, Classificação Clínica e Operacional; Tratamento; Diagnósticos das reações hansênicas; Diagnóstico Diferencial; Discussão de Casos Clínicos; Exame físico na hanseníase; Teste de sensibilidade (térmica, tátil e dolorosa); Investigação de contatos domiciliares e sociais do paciente para detecção de casos suspeitos; Sistemas de Informação; Fluxo e rotinas do Programa de Controle da Hanseníase; Avaliação da função neural, grau de incapacidade e Escore OMP (face, mãos e pés).
Uma das palestrantes do curso, a médica dermatologista do Núcleo de Controle de Hanseníase da Semsa, Rosa Batista Corrêa, alertou que a hanseníase é uma doença que inicialmente pode apresentar alterações neurológicas, antes mesmo das manchas na pele, o que muitas vezes resulta na maior demora em suspeitar da doença.
Em 2023, Manaus registrou 49 casos novos de hanseníase. Desse total, 19,15% dos pacientes já apresentavam Grau II de incapacidade física na avaliação do diagnóstico.
“O paciente acaba procurando outros atendimentos e fica fazendo tratamento por anos para outros agravos, até que surgem as sequelas características da hanseníase e somente nesse momento começa a suspeita para a doença. Por isso é tão importante sensibilizar o profissional de saúde e a população para maior atenção aos sinais e sintomas iniciais da doença”, alertou a médica.
Mesmo com sintomas dermatológicos, explicou Rosa Corrêa, a hanseníase pode ser confundida com outras doenças de pele. No caso de sintomas neurológicos, muitas vezes também pode ser confundida com outras alterações neurológicas, reumatológicas ou ortopédicas.
Participando do curso, a enfermeira Ana Helena Nacif das Neves, que trabalha na Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) – Sul 01, no bairro Flores (zona Sul), informou que a equipe de saúde acompanha, atualmente, um paciente com hanseníase e que a busca ativa de casos suspeitos da doença acontece na rotina de atendimento.
Os sintomas neurológicos iniciais da hanseníase são: dormência, formigamento, sensação de choque elétrico, sensação de queimação na pele e câimbras. Os sintomas dermatológicos incluem as manchas (brancas, avermelhadas ou amarronzadas), áreas dormentes da pele com diminuição de pelos ou de suor.
A próxima turma do Curso Básico em Hanseníase para Atenção Primária está programada para o período de 19 a 23 de junho, das 13h às 17h, no Complexo de Saúde Oeste.
“Em cada consulta é feita uma avaliação básica, questionando o paciente sobre as manchas na pele ou outros sintomas da doença. Se houver mancha no corpo, é feita a avaliação e, em caso de suspeita, são feitos os testes para o diagnóstico. O paciente tem todo o acompanhamento com médico e enfermeiro para o tratamento, e recebe os medicamentos. Com o curso, acredito que vai ser importante principalmente para a avaliação do paciente com suspeita de hanseníase. A equipe está sempre disposta e procuramos a equipe do Distrito de Saúde Sul quando temos alguma dúvida, mas é sempre bom aprender e aprofundar o conhecimento. Tenho certeza que, durante o curso, vou aprender coisas que ainda não vivenciei no trabalho”, afirmou Ana Helena.
Texto – Eurivânia Galúcio/Semsa
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Fotos – Divulgação/Semsa