O Banzeiro Materno é um dos 88 grupos de gestantes apoiados pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), por meio dos cinco Distritos de Saúde (Disa), o Rural, Norte, Leste, Oeste e Sul. A chefe da Divisão de Atenção à Saúde da Mulher, Lúcia Freitas, assinala que esses grupos são uma estratégia para reforçar os vínculos de gestantes e profissionais de saúde com o pré-natal.Com a proposta de fortalecer a saúde das mães e futuras mães, a Prefeitura de Manaus vem promovendo encontros temáticos do grupo de gestantes Banzeiro Materno, na Unidade de Saúde da Família (USF) Lúcio Flávio Dias, no bairro Betânia, zona Sul. Nesta segunda-feira, 24/4, grávidas e acompanhantes que participam do grupo assistiram a uma palestra sobre violência obstétrica, e receberam orientações de condutas adequadas no atendimento voltado a gestantes e puérperas.
A palestra na USF Lúcio Flávio faz parte de uma série de encontros realizados pelo Banzeiro Materno, sempre na última segunda-feira de cada mês, tratando de diferentes temas relacionados à saúde materna e neonatal. É o que explica a responsável técnica de Saúde da Mulher do Distrito de Saúde (Disa) Sul, Rosandra Cavalcante dos Santos, que atua no apoio técnico a 19 grupos de gestantes ativos no distrito.
“É uma ferramenta muito potente para a redução da mortalidade materna, na medida em que, além de fazer a integração da gestante com a unidade de saúde, com os profissionais de saúde, também possibilita espaços para que elas troquem experiências entre elas, permitindo um auxílio mútuo e uma vivência diferenciada da gestação. E temos fomentado a criação de mais grupos porque eles têm grande potência na promoção da saúde materna e infantil”, afirma.
Temáticas
“Os encontros têm o objetivo de trazer informações para que a grávida tenha um cuidado maior, entenda o processo de desenvolvimento e alterações durante a gravidez, as intercorrências que podem se dar durante o parto, favoráveis ou desfavoráveis. O intuito é também contribuir para a redução da mortalidade materna, que é um dos pontos importantes que abordamos em relação à violência obstétrica”, aponta ela.
“Algumas profissionais, e eu me incluo entre elas, informam seu celular para as grávidas, e elas enviam perguntas e dúvidas, questionando mais ainda quando se aproximam do parto. Por conta dessa necessidade delas vimos a importância desses encontros, ao mesmo tempo em que houve um movimento do Disa Sul para resgatar os grupos presenciais que haviam sido paralisados após a pandemia”, relata.
As próximas reuniões do grupo de gestantes da USF Lúcio Flávio vão discutir cuidados pós-parto, orientação nutricional, aleitamento materno, depressão durante e após a gestação, entre outros assuntos. A enfermeira da S-23, Wildys Azevedo, que coordena o grupo ao lado da enfermeira da S-22, Grasilvia Almeida, explica que as temáticas foram pensadas a partir de dúvidas trazidas pelas próprias gestantes.
“Quando a gestante começa a ter conhecimento dos seus direitos, das condutas adequadas, de como ela deve ser bem tratada na maternidade, isso faz todo o diferencial”, diz Wildys.
A palestra desta segunda-feira foi conduzida pela enfermeira obstetra Anne Caroline Azuma, integrante da Comissão de Saúde da Mulher do Conselho Regional de Enfermagem do Amazonas (Coren/AM), que falou sobre a violência obstétrica e suas formas. Wildys Azevedo ressalta a importância de reforço da temática para que as gestantes possam distinguir entre posturas e condutas consideradas adequadas ou não no atendimento de saúde.
“Estamos tendo palestras para informar à mãe de primeira viagem, como eu, quais os procedimentos devemos fazer durante o parto, gestação, amamentação, os cuidados principais antes do bebê chegar. Para mim está sendo ótimo, estou tirando muitas dúvidas. Vou continuar vindo até quando der, depois vou continuar acompanhando com a equipe, que está sendo excelente. Até pelo Whatsapp eles ajudam”, conta.
Entre as participantes do encontro, a comerciante Rebeca Sampaio destaca o cuidado que vem recebendo das equipes da USF Lúcio Flávio e aponta que o grupo de gestantes vem contribuindo para esclarecer seus questionamentos na primeira gravidez.
O Banzeiro Materno foi criado na USF do Morro da Liberdade, na zona Sul, e foi retomado na USF Lúcio Flávio após o fechamento temporário da unidade de saúde para reforma, no ano passado. A proposta da iniciativa é permitir às mães e gestantes interagir com outras mulheres na mesma condição e com profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF), num espaço para acolhimento, escuta, troca de experiências e esclarecimento de dúvidas.
Interação e esclarecimento
“No momento em que se consegue montar um grupo de gestantes, a gente consegue fazer que esse pré-natal seja de maior qualidade, pois há uma adesão grande dessas gestantes em relação às consultas e às orientações dadas pelos profissionais. A proposta é realmente aumentar o vínculo com a gestante e proporcionar esse pré-natal qualificado, sempre com o objetivo de reduzir a morbimortalidade materna e infantil”, conclui Rosandra.
Rosandra Santos destaca que os grupos de gestantes como o Banzeiro Materno permitem complementar o trabalho de orientação realizado no pré-natal, na medida em que possibilitam difundir assuntos que não cabem nas consultas com os profissionais, a exemplo dos cuidados após a gestação, da alimentação nutricional e da depressão durante e após o parto.
Texto – Jony Clay Borges / Semsa
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Fotos – Guilherme Silva / Semsa