A chefe do Núcleo de Controle da Malária da Semsa, Ilauana Oliveira Paz, explica que os 63 microscopistas foram divididos em cinco turmas, com carga horária de 40 horas, iniciando no dia 22 de maio e seguindo até dia 30 de junho.O Laboratório Central de Controle da Qualidade do Diagnóstico da Malária, que integra a rede de saúde da Prefeitura de Manaus, está promovendo o curso de Atualização em Diagnóstico em Hemoparasitos. Com o foco principal na qualificação do diagnóstico da malária, o curso é direcionado para 63 microscopistas que atuam na Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), em serviços da rede privada, na rede estadual de saúde e na Casa de Saúde Indígena (Casai/Manaus).
Além de malária, o curso ainda aborda a qualificação para o diagnóstico de Doença de Chagas e de Tripanossoma cruzzi. Segundo Ilauana Oliveira, diagnósticos para essas doenças em Manaus são raros, mas os microscopistas precisam ficar sempre atentos para identificar qualquer possível caso.
“São profissionais que atuam em bases de operação nos distritos de saúde Norte, Sul, Leste, Oeste e Rural, e alguns realizam o trabalho de campo em comunidades nas áreas ribeirinhas nos rios Negro e Amazonas, assim como nas comunidades ao longo das rodovias BR – 174 e AM – 010”, informa Ilauana Oliveira.
Promovido com o apoio do Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen/AM), o curso aborda conteúdo teórico e prático, incluindo temas como biossegurança e qualidade, notificação, fluxo e monitoramento, coleta de material e diagnóstico diferencial para malária Vivax e Falciparum.
“Já a malária é endêmica no município de Manaus e um diagnóstico preciso é essencial para que o paciente receba o tratamento adequado. E o objetivo do curso é garantir que os profissionais estejam qualificados e atualizados sobre os processos de trabalho para realizar o diagnóstico sem erros”, afirma Ilauana.
O microscopista Raimundo Nonato Silva, servidor do Ministério da Saúde que trabalha na Casai/Manaus, localizada no quilômetro 25 da AM – 010, participa da etapa do curso realizada esta semana, de 29/5 a 2/6, e conta que atua no atendimento de todos os indígenas que ficam hospedados na Casai para tratamento de saúde em Manaus.
“O Laboratório Central de Controle da Qualidade do Diagnóstico da Malária recebe amostras que são coletadas em toda a rede de saúde de Manaus, como dos distritos de saúde, das Forças Armadas e rede particular, para fazer o controle de qualidade dos diagnósticos realizados pelos microscopistas. Com o curso, estamos atualizando tudo o que os microscopistas já realizam no trabalho diário, trazendo novos conhecimentos, adaptações que precisam ser feitas e tirando as dúvidas que os profissionais têm sobre o trabalho”, destaca a coordenadora do Laboratório, Ivanete Oliveira, que também é uma das instrutoras do curso.
No ano passado, Manaus registrou a realização de 82.219 exames para diagnóstico de malária, que é chamado exame de gota espessa, quando é feito a coleta de sangue da ponta de um dos dedos do paciente para obter a amostra que será analisada pelo microscopista. Este ano, o número chegou a 30.036 exames.
“Assim que a pessoa chega, já fazemos o exame para o diagnóstico da malária porque ela pode ter chegado contaminada com a doença. Quando vai sair da Casai, também fazemos esse controle para saber se não contraiu a malária em Manaus. Para fazer esse trabalho, capacitação é muito importante. O que queremos é aprimorar nosso trabalho para oferecer um diagnóstico precoce e correto”, afirmou Raimundo Nonato.
Com a capacitação, ressalta Alciles Comape, uma das preocupações é a qualificação dos microscopistas para o diagnóstico diferencial da malária causada pelo Plasmodium vivax, que é o mais comum na região, e Plasmodium falciparum, que caracteriza a forma mais grave da malária e é principal responsável por mortes pela doença.
O chefe da Divisão de Controle de Doenças Transmitidas por Vetores da Semsa, Alciles Comape, explica que a gota é analisada pelo microscopista em busca da presença do protozoário do gênero Plasmodium, causador da malária, que é transmitido ao ser humano pela picada da fêmea do mosquito Anopheles.
Número de casos
“O Plasmodium falciparum não é comum e não faz parte da rotina diária no trabalho de diagnóstico para a malária. Com isso, o profissional pode perder a habilidade de identificar casos da doença, o que vai dificultar o diagnóstico precoce. E essa é uma situação que pode ocasionar surtos da forma grave de malária, já que não será possível atuar com ações de prevenção e controle em tempo oportuno. A capacitação é uma estratégia para relembrar o conhecimento e reforçar a qualificação do diagnóstico”, afirma Alciles Comape.
Apesar dessa variação provocar um alerta, Alciles Comape lembra que no ano passado Manaus registrou quase 35% de redução de casos em relação a 2021, a maior redução anual na série histórica desde o ano de 1999.
Este ano, Manaus registrou, entre janeiro e 30 de maio, 912 casos de malária, em um aumento de 11,1% em relação ao mesmo período do ano passado, quando houve a notificação 821 casos.
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“Considerando a grande redução do ano passado e que Manaus é uma área endêmica para a malária, estamos prevendo os mesmos números de 2022 para este ano. Mas a Semsa já trabalha com um planejamento para os próximos meses com a meta de reforçar as ações de prevenção e controle, protegendo a saúde da população”, afirmou Alciles Comape.
Foto – Divulgação / Semsa
Texto – Eurivânia Galúcio / Semsa