Técnicos do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb) estão debruçados na produção do projeto para o novo museu e suas ambiências, recuperando a edificação histórica de tijolinhos e o casarão, fazendo conexão entre passado e futuro. O espaço está fechado há mais de 20 anos.Manaus conheceu uma riqueza inesperada no início do século 20 com o comércio da borracha, sendo considerada a mais rica do Brasil à época, e literalmente luxava com seus casarões ao estilo francês, bondes elétricos, telefones e eletricidade. E parte desta história é foco do programa “Nosso Centro”, lançado pelo prefeito David Almeida, que prevê a revitalização, reforma e reabilitação do antigo Museu do Porto e da casa vermelha anexa ao complexo, no Centro, na rua Governador Vitório, esquina com a travessa Vivaldo Lima.
“Ir a campo é importante, porque hoje os museus atuais vão além da exposição e do resgate histórico. Eles contemplam a interação com as gerações mais jovens. A proposta é que o prédio de tijolinhos tenha o resgate do patrimônio, da história, das máquinas existentes e do acervo, e a casa vermelha seja mais tecnológica. O acervo físico mostra a evolução e nos apresenta o passado, com os geradores de energia que abasteciam o porto e parte do Centro da capital”, comentou o diretor de Planejamento, arquiteto e urbanista Pedro Paulo Cordeiro.
Durante visita ao espaço, a equipe do Departamento de Planejamento Urbano (DPLA) fez um tour para sentir a ambiência e espacialidade das edificações para ajudar na projeção e de como integrar a área do museu ao casario.
Fazendo as pontes entre passado e presente, o projeto deverá abrigar ainda atrativos para geração de emprego e renda, como um café, loja de souvenires e até uma livraria. “O museu hoje não é apenas uma contemplação do passado, mas a revisitação de história e convívio, dialogando com a cidade no presente”, enfatizou Pedro Paulo Cordeiro.
Na edificação histórica, um ambiente de armazém, estão as máquinas geradoras da Manáos Harbour Limited, empresa inglesa contratada para construir o porto. O prédio foi construído em 1903.
Inaugurado em 1985, o Museu do Porto teve seu acervo reunido a partir de 1981, criado para resgatar a história portuária, de navegação e do comércio no período áureo da borracha. Nos anos 1980, a então administração do Porto de Manaus reuniu o acervo, composto por peças, documentos, móveis, máquinas e outros.
Museu do Porto
O museu foi instalado na antiga casa de máquinas da Manáos Harbour, o prédio número 1 da história do porto, construído para abrigar a usina de eletricidade que alimentaria a execução de obras e garantiria o funcionamento dos equipamentos e instalações por seis décadas. O imóvel é tombado pelo Instituto Nacional de Patrimônio Histórico e Artístico (Iphan).
Uma antiga locomotiva, restaurada nas cores originais, usada no serviço de aterramento do porto e de algumas ruas, está no local.
Para o diretor-presidente do Implurb, Carlos Valente, é importante ambientar o conceito e a escala do que é o porto para a cidade.
História
A escala portuária é maior, com as grandes navegações pelos rios Negro e Amazonas, sua importância histórica e cultural, que deve estar representada no trabalho museológico. “Essa escala merece e precisa ser ampliada. O Implurb, dentro do projeto ‘Nosso Centro’, comandado pelo prefeito David Almeida, está atuando para aprofundar essas prospecções”, disse Valente.
“Quando se fala Museu do Porto, geralmente se remete ao porto construído pelos ingleses. Mas a escala histórica dos portos de Manaus começa desde o surgimento do Forte da Barra e perpassa por toda uma evolução portuária e de navegação”, afirmou.
— — —
Para um Museu do Porto atual, os grupos técnicos, colaboradores e prefeitura buscam a modernidade, que a viagem deixe as canoas e navios a vapor para dar lugar ao touch screen, levando os visitantes a uma navegação no tempo, mostrando, por exemplo, a implantação da navegação comercial que cruzava águas até chegar à bacia amazônica. Também poderá se viajar e recordar a riqueza da borracha e as grandes transformações promovidas na capital, a partir da linha direta de navegação entre Manaus e Liverpool.
Fotos – Divulgação / Implurb
Texto – Claudia do Valle / Implurb