O curso vai beneficiar 22 professores indígenas, aprovados em uma seleção, do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, dos Espaços de Estudos da Língua Materna e Conhecimentos Tradicionais Indígenas (antigos Centros Culturais), além de outros nove professores lotados nas escolas regulares da rede de ensino. A formação será presencial, com duração de cinco anos, divididos em nove módulos.Em uma oportunidade inédita, 31 professores indígenas, da Prefeitura de Manaus, participaram da aula inaugural do curso de pedagogia intercultural indígena, nesta quarta-feira, 22/3, da Plataforma de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor), pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação (Semed). A programação foi no auditório da Reitoria da UEA, na Djalma Batista, Flores, zona Centro-Sul.“A Semed, a gerência, os movimentos, as comunidades, enfim, lutam desde 2009 para que eles tenham essa formação de nível superior e finalmente, ano passado, foi feita uma parceria para isso. É uma oportunidade inédita, é muito importante no processo de ensino e aprendizagem dos professores, tanto nos espaços culturais quanto nas escolas”, explicou.A responsável pela Gerência de Educação Escolar Indígena (GEEI) da Semed, Eneida Afonso, afirmou que é uma grande conquista proporcionar aos educadores dessa temática uma formação superior. “Esses professores vão poder atuar nas escolas, a partir da perspectiva que é dada no curso de formação com foco nas línguas indígenas e na produção de material didático para as escolas indígenas. É uma oportunidade que esses professores vão ter de estudar os diferentes elementos da cultura também não indígena. A partir disso, formulamos estratégias pedagógicas para que o ensino possa evoluir ainda mais”, completou.
Para a coordenadora do curso de pedagogia intercultural indígena da UEA, Adria Simone Souza, essa parceria é um momento, pois qualifica ainda mais o ensino dentro do contexto da temática indígena.
Da etnia Tukano, o professor Marcelo da Silva Clemente, da escola indígena municipal Aru Waimi, na comunidade indígena Terra Preta, rio Negro, zona Ribeirinha, foi um dos selecionados para participar do curso. Para ele, é uma chance única de se qualificar, além da realização de um sonho.Sonho
Para a contratação destes professores pela Semed, não se exige a formação inicial para o quadro docente. No entanto, a resolução nº 05, de 22 junho de 2012, que define Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Indígena na Educação Básica, no Art. 20, determina que a formação de indígenas, para professores e gestores escolares, deve ser uma das prioridades dos sistemas de ensino e de suas instituições formadoras, como um compromisso público do Estado.
“Primeiramente é um sentimento de gratidão por tudo que vai acontecer. A gente tem uma expectativa de aprender e adquirir mais conhecimentos. O que a gente já sabe, vamos acrescentar mais ao nosso trabalho e ter muito conteúdo. Estou realizando meu sonho, desde de criança de me tornar um profissional e ajudar as nossas famílias, a nossa escola, a nossa comunidade a sair de um lugar, onde às vezes pensamos que não temos acesso à educação, mas hoje temos essa oportunidade”, salientou.
Texto – Paulo Rogério / Semed
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Fotos – Cleomir Santos / Semed