“No Brasil, a cada duas horas, um recém-nascido morre nos seis primeiros dias de vida por não ter o atendimento adequado, o que mostra a importância dos primeiros procedimentos realizados nos bebês, pois o risco de morte e agravos aumenta 16% a cada 30 segundos de demora para iniciar a ventilação até o sexto minuto de nascimento”, explicou a médica neonatologista da MMT e coordenadora do PRN no Amazonas, Briza Rocha.Profissionais médicos e residentes da Maternidade Dr. Moura Tapajóz (MMT), da Prefeitura de Manaus, localizada no bairro Compensa, na zona Oeste, iniciaram na terça-feira, 28/3, novo curso do Programa de Reanimação Neonatal em Sala de Parto da Sociedade Brasileira de Pediatria (PRN-SBP), agora para recém-nascidos com idade gestacional inferior a 34 semanas. O treinamento, que segue até esta quinta-feira, 30, tem carga horária de 8 horas, com duas aulas teóricas e quatro aulas práticas sobre os problemas mais frequentes relacionados à reanimação do prematuro e os respectivos procedimentos em sala de parto.
“Os cursos de reanimação neonatal são fundamentais para o primeiro atendimento ao recém-nascido. Nosso objetivo é diminuir a morbimortalidade neonatal, pois quanto mais habilitado o médico está, menos sequelas a criança vai ter em casos de partos com complicação”, avaliou a enfermeira obstetra Núbia Pereira da Cruz, diretora da MMT.
De acordo com dados da SBP, no Brasil, a asfixia perinatal é a terceira causa de óbito de crianças abaixo dos 5 anos, atrás da prematuridade e anomalias congênitas. Dois em cada dez recém-nascidos não choram ao nascer; um em cada dez precisa de Ventilação com Pressão Positiva (VPP); dois em cada cem precisam de intubação traqueal; e um a três recém-nascidos a cada mil precisam de procedimentos de reanimação avançada.
O curso, realizado em parceria com a Sociedade Amazonense de Pediatria (Saped), tem como pré-requisito a aprovação no treinamento anterior, realizado ano passado, para recém-nascidos maiores que 34 semanas, e segue as novas Diretrizes da Reanimação Neonatal, que têm como base as recomendações da Aliança Internacional dos Comitês de Ressuscitação – Ilcor (Internacional Liaison Committee on Resuscitation, no original, em inglês).
No total, 33 profissionais médicos e residentes participam de aulas teóricas e práticas sob a orientação das neonatologistas Briza Rocha, Sigrid Rodrigues do Nascimento, Paula Célia Dias Menezes e Dorothéa Serra Aragão. O conteúdo contemplou temas como ventilação com balão e máscara facial, intubação e ventilação com cânula traqueal, massagem cardíaca e medicações, além de, nessa nova edição, os alunos terem acesso a duas aulas teóricas atualizadas: “Passos iniciais e Ventilação com Pressão Positiva (VPP) com máscara” e “Reanimação avançada”.
“Ao nascer, o bebê tem que respirar, por isso chamamos o primeiro minuto de minuto de ouro, que requer antecipação e preparação por parte dos profissionais quanto ao cuidado do neonato ao nascer, no transporte e na estabilização imediata após a reanimação. O treinamento contínuo dos profissionais tem o objetivo de reduzirmos ainda mais a mortalidade precoce associada à asfixia perinatal na Moura Tapajóz”, avaliou a neonatologista.
A neonatologista e chefe da Divisão Clínica da MMT, Sigrid Rodrigues do Nascimento, relatou que os dados da SBP indicam que a asfixia perinatal é a causa de 30%-35% das mortes neonatais, o que representa, em nível global, 1 milhão de óbitos por ano.
Texto – Marcella Normando / Semsa
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Fotos – Divulgação / Semsa