São projetos que têm conexão com a água, pela paisagem natural, redesenham e melhoram os espaços urbanos de Manaus, com reabilitação, resiliência e beleza, com assinatura do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb).Em homenagem ao Dia Mundial da Água, que é comemorado neste dia 22 de março, a Prefeitura de Manaus compilou uma série de projetos arquitetônicos, nesta gestão, que mostram as relações moldadas com a proximidade da água, de revitalização, de reabilitação e bom uso da arquitetura em torno do elemento vital à vida.
O conceito de biofilia, pensando a cidade a partir de soluções baseadas na natureza, é amplamente encontrado no Local Casa de Praia, na Ponta Negra, que está com 98% de obras concluídas; no complexo de São Vicente, no Centro, com o mirante Lúcia Almeida, largo de São Vicente e casarão Thiago de Mello, cujas obras estão em andamento; no parque linear Gigantes da Floresta, entre as zonas Leste e Norte, já em construção; no mirante Rosa Almeida Encontro das Águas, que tem uma ode do arquiteto Oscar Niemeyer; e na lagoa do Parque São Pedro.
Em uma cidade que tem a vista para o gigante rio Negro e dezenas de igarapés, que vive o ciclo de cheia e vazante todos os anos, a água tem profundas relações históricas com seus habitantes. A compreensão da necessidade humana pela água proporciona à sociedade desde construções próximas a fontes naturais até visões da biofilia pelo encontro de rios, passando por obras fisicamente envoltas por afluentes e suas margens.
“Este é o legado da gestão municipal para a população e para a cidade, pensar nela a partir da sustentabilidade, da segurança dos seus moradores e, acima de tudo, da qualidade de vida de todos com uma infraestrutura verde, que conecta intervenções por meio das águas, do paisagismo, da beleza natural, ampliando regiões permeáveis, e criando caminhos e corredores mais humanos com parques lineares”, explicou o diretor-presidente do Implurb, engenheiro Carlos Valente.
Legado
A presença da água é fundamental, ou por contato direto ou pelo visual, como os mirantes projetados propõem, para que a população saia do estar de costas para o rio e passe, de forma real, a estar pela frente, usufruindo da beleza magnífica.
Para o vice-presidente da autarquia, arquiteto e urbanista Claudemir Andrade, ao se estar inserido na floresta amazônica, onde existe a maior concentração de água doce do planeta, se percebe profundamente a importância do elemento. “Muitas vezes se acaba não usufruindo da sua beleza e da sua importância, principalmente no ambiente urbano, onde a maioria da população vive hoje, no mundo das cidades, do concreto e do asfalto. Mas é preciso ter a oportunidade de ter contato com a natureza, e os projetos da prefeitura, desenvolvidos pelo Implurb, têm esse viés”, disse Andrade.
Natureza presente
“É permitir que a população veja os rios. E hoje, no Dia Mundial da Água, nada melhor que referendar os projetos e a equipe técnica que tem essa sensibilidade de não esquecer de um dos maiores dons que a gente tem, proporcionado pelo nosso Deus, que é a água”, concluiu.
A biofilia e a vista para a água são pontos altos do projeto do mirante, primeira área vertical pública de entretenimento, lazer, contemplação e negócios do “Nosso Centro”, ocupando um antigo prédio abandonado, que ainda terá pier, varandas cobertas, praça de alimentação, decks e uma bela cobertura sinuosa, que remete às ondas do rio.
Fechar os olhos e sentir a luz natural, o calor do sol e perceber o som da água será possível em cada um dos projetos da Prefeitura: o complexo de São Vicente, com o mirante Lúcia Almeida encrustado no início da avenida 7 de Setembro, às margens do rio Negro.
O uso de formas e silhuetas botânicas em vez de linhas retas, como o teto que remete às ondas do rio no mirante da Ilha, é uma característica em projetos biofílicos e tem total relação com a Amazônia.
“Estaremos conectados com a água, à natureza, integradas ao projeto e tudo será amplificado com paisagismo, vãos livres para deixar a vista ainda mais explícita. Muitas vezes nem percebemos as sensações provocadas pela biofilia, como pisar na grama molhada, ouvir o barulho da chuva, sentir o cheiro de terra molhada”, comentou o diretor de Planejamento, arquiteto e urbanista Pedro Paulo Cordeiro.
As bacias de retenção de água pluvial ajudam a dar o traçado natural do espaço público, com curvas e aclives. O espaço terá áreas de vivência, bosqueadas, faixa saudável com pista de caminhada, faixa verde para a arborização e ciclovia, quiosques e outros mobiliários.
Saindo do Centro e indo direto para as zonas Leste e Norte, a prefeitura está construindo o Gigantes da Floresta, primeiro parque linear multigeracional, urbano e temático da capital, que tem no entorno a área do Programa de Recuperação Ambiental e Requalificação Social e Urbanística do Igarapé do Mindu (Promindu).
O parque é resultado de um convênio firmado entre Prefeitura de Manaus e governo do Estado, com 2 quilômetros de extensão. A previsão é que o espaço seja entregue em dezembro de 2023. Com a construção, a população vai ganhar um espaço público de qualidade em uma área que estava sem uso definido, sofrendo a pressão de novas ocupações irregulares e até de lixeiras viciadas.
A área de intervenção do parque fica entre as avenidas Isaías Vieiralves e Olívia de Menezes Vieiralves, nos bairros Novo Aleixo e Tancredo Neves, na divisão entre as zonas mais populosas da cidade.
Local Casa de Praia
E, na extremidade oposta ao conjunto habitacional, será implantado o parque temático com esculturas de grandes dimensões alusivas à natureza amazônica, com uma diversidade de cenários interativos. Os espaços terão iluminação cênica direcionada, como também alguns vão contar com áreas molhadas com jatos de água. O parque temático fará parte da segunda etapa de execução do complexo.
Visto de cima, a paisagem conecta uma faixa gigante de água, a faixa de areia da praia perene e a faixa da intervenção arquitetônica, onde em todos os níveis se pode contemplar o rio. O local terá central de artesanato, área de duty free, praça de alimentação, espaço para shows e playground. Ele é um exemplo da biofilia.
A revitalização do antigo Local Casa de Praia, cercado por um calçadão de pedras portuguesas com desenhos e mosaicos, semelhantes aos que foram usados pelo paisagista Burle Max, transformou uma área antes degradada e abandonada em um espaço mutigeracional construído de frente para as águas escuras do rio Negro.
Distribuído em uma área total de mais de 120 mil metros quadrados, com encostas e grande declividade, a prefeitura prepara para licitação o mirante Rosa Almeida Encontro das Águas, uma ode à natureza e à arquitetura, ambas bebendo na fonte da vista dos rios Negros e Solimões, que não se misturam.
Mirante Rosa Almeida
Para a intervenção será necessária a implantação de edificações, mobiliários urbanos, infraestrutura e estacionamentos. O projeto desenvolvido por Niemeyer, em 2005, tem museu e um restaurante incrustado no talude. O museu tem uma cúpula de concreto, tendo nas extremidades opostas duas hastes com 20,70 metros de altura, sendo uma na cor amarela, representando o rio Solimões, e outra na cor preta, apresentando o rio Negro.
Com projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer (morto em 2012), uma das suas últimas criações ainda em vida e o seu único trabalho assinado para a Região Norte, o projeto está localizado na Colônia Antônio Aleixo, zona Leste, e recebeu configuração de parque urbano pelo Implurb.
Lagoa Parque São Pedro
Os jardins vão dar pontos de cor ao entorno da floresta, com espécies nativas, desde grandes arbóreas a arbustos. O parque é voltado para a paisagem natural, o Encontro das Águas. O enorme platô elevado diante do rio é o melhor ponto visual do fenômeno pela terra.
Um deque com lona tensionada será instalado no meio da lagoa, proporcionando uma ampliação do contato humano com a borda e a água. Com relação ao paisagismo, destaca-se a manutenção de árvores já existentes.
Desenhado a partir do desenho natural de uma lagoa natural em uma área de cerca de 38 mil metros quadrados, a comunidade São Pedro, no Tarumã, zona Oeste, se soma aos projetos desenvolvidos pela Prefeitura em torno da paisagem natural com recurso hídrico. O projeto prevê para o espaço áreas de estar e convivência, ampliando os usos de lazer e contemplação, o contato com a natureza e contando com estruturas de esporte, sociabilidade e promoção ao turismo.
Também estão previstas área de convivência e playground para atender ao público infantil e um pequeno anfiteatro, que ainda poderá ser usado para a prática de zumba.
“Trata-se de uma área com potencial muito bonito visualmente e que tem um nível de conservação bom. A gestão municipal assumiu o compromisso de ampliar espaços públicos de qualidade e estamos desenvolvendo um parque que vai resgatar o visual e abrir a imagem da lagoa para a comunidade, moradores e visitantes”, afirmou Valente.
Texto – Claudia do Valle
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Fotos – Semcom e Divulgação