Por Márcia Grana
Encontro segue até o dia 3 de agosto. Alimentação indígena e quilombola e aspectos quantitativos e qualitativos dos cardápios escolares estão entre os temas abordados durante o evento
O reitor da Universidade Federal do Amazonas, professor Sylvio Puga, participou, na manhã desta segunda-feira, 1, da solenidade de abertura do Encontro Técnico Regional para Nutricionistas do PNAE Norte, evento promovido pelo Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição do Escolar da Universidade Federal do Amazonas (Cecane/Ufam), em parceria com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
Equipe Ascom Ufam
Fator Amazônia
O evento segue até o próximo dia 3 de agosto, no auditório Sumaúma da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA). Entre os assuntos a serem debatidos durante o evento estão as novas regras de rotulagem nutricional, o novo sistema de cadastro de nutricionistas e a proteção ao aleitamento materno no ambiente escolar. Confira a programação completa.
Especificidades regionais
Durante seu pronunciamento, o reitor da Ufam anunciou a aprovação do fator Amazônia, um reconhecimento de diferencial nos custos de tudo o que é realizado na região amazônica. “Neste evento, abordamos um assunto muito importante que é a alimentação escolar. Estudei em escola pública e lá serviam vários tipos de mingau de aveia e o pirarucu com farinha, que era o alimento do qual eu mais gostava e que marcou muito minha memória afetiva. Naquele tempo, não íamos à escola para comer, mas hoje isso é uma questão fundamental, e percebemos isso quando o consumo nos Restaurantes Universitários teve expressivo aumento, não em razão de os alunos estarem comendo mais, mas porque levam quentinha para suas famílias. Mas eu queria trazer uma notícia que julgo ser boa. Eu faço parte, como reitor, da Associação de Reitores das Universidades Federais, a Andifes, que congrega 69 reitores e reitoras do país. Na nossa penúltima reunião, em uma articulação dos reitores da Região Norte, conseguimos que fosse incluído o fator Amazônia, o que significa reconhecer que há um diferencial de custo em tudo o que fazemos. A Amazônia é diferenciada. Nossas estradas são rios. Nossa alimentação tem muitas peculiaridades e vocês, nutricionistas participantes deste evento, têm papel muito importante nesse desafio que é garantir alimentação de qualidade aos nossos cidadãos. Aqui na Universidade nossa parte. Alunos sem renda não pagam a alimentação, pois entendemos que a mobilidade social é feita através da educação”, declarou o gestor.
Alimentação – direito do cidadão
O diretor em exercício do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), professor José Fernando Marques Barcelos, ressaltou a importância da aprovação do fator Amazônia para atender as especificidades da região. “Dentro do ICB, temos o Núcleo de Atividades Integradas e tal núcleo tem várias vertentes, como por exemplo, o Cecane, que tem esse olhar de cuidado para a alimentação escolar para todo o estado do Amazonas e também para Roraima. O Cecane fiscaliza a melhoria da qualidade da alimentação escolar nos interiores e é com alegria que recebemos a novidade da aprovação do fator Amazônia, considerando que temos custos bem diferentes do restante do país. Muitas vezes, não são ruas e avenidas que nos levam ao interior, mas rios, e alguns deles não são navegáveis. Além disso, a alimentação indígena é diferente da alimentação ribeirinha e essas especificações devem ser respeitadas e o fator Amazônia contribui diretamente para isso”.
A chefe do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Ufam, professora Eliana Feijó, também destacou a importância do evento. “Receber as nutricionistas da Região Norte é um presente para nós. Na Região Norte temos alimentos que ainda nem foram utilizados e nutrientes que ainda precisamos estudar e vamos compartilhar essas experiências e desafios. Elaborar o cardápio é fácil, o difícil é aplicar esse cardápio no dia a dia e que realmente ele seja respeitado e que as crianças sejam alimentadas com o mínimo de qualidade e quantidade adequada”.
A coordenadora do Cecane, professora Celsa Moura Souza, afirma que o encontro técnico é espaço para desenvolver várias ações e articulações sobre as vivências nutricionais na Região Norte. “O Encontro, além de possibilitar a troca de experiências sobre as novas notas técnicas desenvolvidas para que a alimentação escolar seja garantida, realmente, como direito à alimentação das crianças, é espaço para viabilizar que o cardápio elaborado para as escolas, para os ribeirinhos para os quilombolas e para os indígenas sejam respeitados e, dessa forma, a alimentação seja garantida como um direito do cidadão. Tudo isso é feito através da parceria entre Ministério Público Federal (MPF), FNDE e a Universidade e tais ações conjuntas colaboram para prevenir doenças como a obesidade e a anemia, considerando que, em nossa região, a insegurança alimentar é expressiva”, afirmou.
A coordenadora de segurança alimentar e nutricional do Programa Nacional de Alimentação Escolar, nutricionista Débora Bosco Silva, comenta que o evento integra o planejamento da Coordenação de Segurança Alimentar e Nutricional de realizar encontros técnicos para as nutricionistas que atuam no Programa Nacional de Alimentação Escolar. “Tivemos algumas atualizações nas nossas legislações e é muito importante que todos os profissionais da área acompanhem tais atualizações durante o evento. Além das atualizações, incluímos na programação a Oficina de Escuta, importante instrumento para identificar dificuldades que só as pessoas que atuam diretamente neste processo podem evidenciar”, afirmou.
Atualizações
Marisa Carla dos Santos Moraes (imagem à direita) é uma das participantes do evento. Ela é nutricionista escolar quilombola do município de Óbidos/Pará. Ela destaca as expectativas em relação ao Encontro Técnico. “Além de aprender, desejo compartilhar conhecimentos com os demais colegas e especialistas sobre a alimentação escolar do PNAE. Sabemos que é um grande desafio exercer essa função na prática, mas estamos aqui juntos para colaborar uns com outros para melhorar e fazermos o melhor para atendermos todos os alunos com uma alimentação escolar saudável e segura para todos. Estou feliz com esse evento e creio que sairei daqui cheia de informações que irão ajudar no decorrer do dia a dia nessa jornada que é a alimentação escolar”
Troca de experiências