A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM), por meio da Fundação Hospitalar Alfredo da Matta (Fuham), realizou durante esta semana, uma série de cirurgias reabilitadoras em pacientes com hanseníase, no Hospital Regional Vinícius Conrado, principal unidade de Saúde de Eirunepé (1.160 quilômetros de Manaus).
Ação faz parte das novas estratégias do Programa Estadual de Combate à doença no Amazonas
Em três dias de trabalho, foram realizadas 30 avaliações, das quais resultaram em 15 cirurgias (5 úlceras e 10 neurólises, este último, procedimento de liberação do nervo paralisado pela hanseníase). Um paciente foi avaliado como necessidade de amputação e vai ser encaminhado para Manaus, por conta da complexidade do procedimento.
O trabalho faz parte das ações de campo do Programa Estadual de Controle da Hanseníase (PECH), de responsabilidade da Fuham, que tem como objetivo manter a busca ativa de novos casos da doença e seguir com o atendimento a cada paciente, após o diagnóstico.
Resultados
A coordenadora do PECH, epidemiologista Valderiza Pedroza, explica que as cirurgias são precedidas de avaliação do ortopedista da equipe médica. Para cada caso, um tipo de procedimento é adotado. “Se tem um grupo de pacientes, em um município como Eirunepé, que é bem distante e é complicado para o paciente se deslocar até Manaus, a gente faz um agendamento, a equipe se desloca até o local e o nosso cirurgião (ortopedista) faz uma avaliação caso a caso, vendo a necessidade de cada um”, explica Valderiza.
Em Eirunepé, atuaram pela Fuham, o médico ortopedista Thiago Montenegro, a fisioterapeuta Jaqueline Nunes e o enfermeiro Danilo Nunes.
Os pacientes operados, agora, passarão por uma avaliação de resultados, dentro de um mês, e seguirão em um programa de fisioterapia. “A fisioterapia pós-cirúrgica tem como objetivo trazer a reabilitação desses pacientes para restituir a qualidade de vida através dos movimentos, fortalecimento e diminuição ou eliminação das dores. Em 30 dias depois da cirurgia, os pacientes precisam passar por uma avaliação neurológica simplificada para identificação das melhoras”, explicou a fisioterapeuta Jaqueline Nunes, da equipe da Fuham.
O diretor clínico do hospital, médico ortopedista Leonardo Borda, disse que o impacto do trabalho foi positivo e considerável. A unidade cedeu o espaço cirúrgico, dois técnicos de enfermagem e uma enfermeira, além de apoio do próprio diretor, na função de ortopedista.
Avaliação local
Novas estratégias contra a Hanseníase
“O impacto da vinda dessa equipe de Manaus foi positivo, pra nossa cidade e pra região. Há muitos anos que não se fazia uma ação deste tipo. A fila de espera diminuiu. Desafogou em grande parte a população portadora de hanseníase. Será necessário vir daqui há um ano, aproximadamente, para fazer seguimentos e ver novos casos”, declarou Leonardo.
Agora, para 2023 e 2024, a ida aos municípios com essas ações de campo vão incluir não só a busca ativa, mas também as cirurgias e a aplicação dos testes rápidos, como novas estratégias do PECH. O treinamento da aplicação dos testes começou em agosto do ano passado, numa parceria da SES-AM com a Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (Semsa). A distribuição dos kits começou este ano, feita pelo Ministério da Saúde. O cronograma definitivo para o biênio 2023/2024 para as visitas aos municípios ainda está sendo definido.
Além das cirurgias reabilitadoras, este ano, o Programa Estadual de Combate à Hanseníase estará implantando uma outra novidade: a realização dos testes rápidos (ML Flow) gratuitos para diagnóstico da doença. Valderiza Pedrosa também explica que o trabalho de levantamento da situação da hanseníase no estado está consolidado e mantido.
Dados da Hanseníase
“Estamos fechando a programação de atividades de campo, que vão ser intensificadas. Além do monitoramento e supervisão, nós vamos também estar realizando as cirurgias conforme a necessidade de cada município e a situação dos pacientes”, finalizou Valderiza Pedroza.
Os municípios que apresentaram o maior número de casos foram: Manaus com 113 casos novos, Maraã com 24, Uarini com 17, Benjamin Constant com 13, Manacapuru com 12, Caapiranga com 11, Humaitá com 10, Coari com 9, Itamarati com 9 e Tapauá com 8.
Segundo dados do Departamento de Controle de Doenças e Epidemiologia (DCDE) da Fuham, Eirunepé registrou, de 2018 a 2022, um total de 34 casos de hanseníase. No Amazonas, em 2022, foram detectados 338 casos novos de Hanseníase. Do total de casos novos, 113 (33,4%) eram residentes de Manaus e 225 (66,6%) residentes em outros 47 municípios.