A Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), por meio da Escola do Legislativo Senador José Lindoso, deu início à 1ª Semana Estadual de Educação Legislativa do Amazonas, nesta segunda-feira (13/5). O evento, cujo tema é “Educação Legislativa: uma revolução silenciosa a favor do Brasil”, teve como ponto de partida a palestra “Dia de Combate ao Racismo e a Educação Antirracista”, realizada no auditório Senador João Bosco Ramos.
Participaram do evento cerca de 30 estudantes da Escola Estadual Maria Amélia do Espírito Santo, localizada no bairro Dom Pedro, zona Centro-Sul de Manaus.
Os palestrantes foram os professores Rafaela Fonseca da Silva, Edeney Salvador e Vinícius Alves Rosas, doutorando no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), que possuem perfis distintos e complementares, promovendo uma abordagem abrangente sobre o tema.
Sobre a educação antirracista, Rafaela Fonseca afirma que é necessária a presença dos brancos no debate. “Não se faz a educação antirracista sem a participação dos brancos. Os negros sozinhos não vão dar conta dessa tarefa. Esse problema atinge a nossa sociedade como um todo”, afirmou.
Rafaela explicou sua opinião a respeito das cotas em universidades. “Quando abordei a questão das cotas, o fiz com a intenção de destacar sua importância. É crucial compreender que quando algumas pessoas afirmam que os brancos não são afetados pelas cotas, estão desconsiderando a dimensão socioeconômica do acesso à educação. Não sou contrária às cotas, pelo contrário, defendo que todos devem ter acesso igualitário”, advertiu.
Segundo a pesquisadora, é essencial avaliar se as pessoas negras e indígenas realmente têm a oportunidade de ingressar nas instituições de ensino.
“Nem sempre foi assim para mim. Tive que interromper meus estudos quando fui aceita em um curso universitário, pois minha mãe faleceu, e ela era meu principal apoio, e minha irmã também havia sido aprovada. Ficamos sem suporte para continuar estudando. Tínhamos que escolher entre trabalhar ou passar o dia inteiro cuidando das tarefas domésticas”, comentou.
De acordo com a professora Jacy Braga, organizadora do evento, é fundamental que busquemos desfazer os preconceitos enraizados que são transmitidos de nossos lares para a sociedade.
“É de grande importância que a Assembleia, como um órgão legislativo, se engaje nessa batalha contra o racismo, assumindo também o papel de agente de mudança ao fomentar a educação antirracista. Essa iniciativa deve ser implementada tanto internamente, entre seus próprios servidores, quanto externamente, abrangendo os estudantes que devem se envolver ativamente nesse processo”, explicou.
13 de maio não é dia de negro
Em 13 de maio de 1888, foi promulgada a Lei Áurea, marco histórico que oficialmente encerrou a escravidão no Brasil. Contudo, essa data não é celebrada pelo movimento negro. A justificativa reside no tratamento negligente conferido aos indivíduos recém-libertos no país.
Para o movimento negro, essa data é algo a ser reelaborado, porque houve uma abolição formal, mas os negros continuaram excluídos do processo social.
A abolição resultou na libertação dos escravizados, porém não foi acompanhada de qualquer forma de reparação pelos quase três séculos de escravidão que a precederam. Durante esse período, emergiu um movimento de resistência liderado pelos próprios escravos, exemplificado pelas lutas dos quilombos em busca da liberdade.
Especialmente notáveis foram as contribuições das mulheres escravizadas, que, através do trabalho forçado, muitas vezes conseguiram comprar a liberdade de seus filhos e parceiros.
Programação da semana:
13 de maio – Dia de Combate ao Racismo e a importância da educação antirracista;
14 de maio – Educação inclusiva: como atender a demanda dos alunos com deficiência no ambiente escolar;
15 de maio – Educação Legislativa: importância do atendimento da educação comunitária aos cidadãos;
16 de maio – Maternidade Precoce: discussão sobre futuras gerações;
17 de maio – Apresentação do Programa Cidadão de Berço.