O deputado Comandante Dan (Podemos) denunciou a situação em que se encontram as delegacias dos municípios de Fonte Boa (distante 678 quilômetros em linha reta de Manaus), de Alvarães (a 532 quilômetros da capital), e de Juruá (distante 671 quilômetros de Manaus), os três na região do Médio Amazonas. O parlamentar visitou as localidades no final de semana e inspecionou as instalações das forças de segurança.
“Em Fonte Boa, fomos visitar a delegacia às 19h e ela estava fechada, entregue aos presos, se alguém decidisse patrocinar uma fuga, não sofreria qualquer tipo de resistência, um completo absurdo”, afirmou Câmara.
Em Alvarães, que sedia a 57ª Delegacia de Polícia Interativa (DIP), o detento Gracirnei Rodrigues Ferreira, conhecido como “Léo”, foi encontrado morto na cela da unidade, na última sexta-feira, 22/3. A Policia Civil fez apurações que apontaram outro detento, Sirley Pontes de Araujo, como autor do assassinato, em decorrência de uma rixa. A família da vítima faz acusações e lança suspeição sobre os policiais.
“Alvarães não possui presídio, a DIP tem uma população de 32 detentos, de ambos os gêneros, 12 apenados, já cumprindo pena, a cozinha virou uma cela improvisada para as mulheres, o prédio está um caos, precisa de intervenção de obra civil urgentemente, o que não é novidade para muitas delegacias do nosso interior”, lamentou Dan Câmara. Em Juruá, a situação é a mesma vivida em Alvarães, segundo o parlamentar. “Não há sequer salubridade para policiais e detentos, e salubridade é um dos itens obrigatórios ao conceito de ordem pública, estamos falhando naquilo que há de mais primário”, afirmou.
Em Fonte Boa, são quatro policiais militares e seis policiais civis para uma população de aproximadamente 26 mil cidadãos. Em Alvarães, com pouco mais de 15 mil pessoas, a tropa residente na cidade é de 16 policiais, 10 militares e seis civis. Já em Juruá, há sete policiais militares e três civis para atender a um contingente populacional de 11 mil habitantes.
“Nós, da Comissão de Segurança Pública do Legislativo, estamos percorrendo os municípios do interior fazendo um trabalho basilar, de estimular a implementação da municipalização de segurança, além de levantar o capital humano, as estruturas e equipamentos disponíveis e ouvir as angústias dos cidadãos: a situação não é animadora, embora menos violenta que na capital”, revelou o deputado. Ele defende a adoção de um plano emergencial, composto por ações que causem um choque de ordem na segurança pública do Estado. Em novembro do ano passado, Câmara encaminhou ao governo do Amazonas um documento intitulado “Memórias Justificativas”, com o detalhamento do plano emergencial proposto.