A palestra “Urbanismo Social e Segurança Pública: Limites e Possibilidades” do professor Ricardo Brisolla Balestreri, educador, consultor empresarial e governamental, durante o segundo Seminário de Segurança Inovadora apresentou, entre outros pontos, as experiências de renovação de uso do solo urbano, como promotoras de sensação de segurança e da ordem pública.
O evento que começou nesta quinta-feira (23/5), no auditório Belarmino Lins, na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), é promovido pela Comissão de Segurança Pública do Poder Legislativo Estadual, presidida pelo deputado Comandante Dan (Podemos), com apoio da Mesa Diretora da Aleam.
Balestreri, abordou, como exemplo bem-sucedido de segurança inovadora, a experiência dos projetos “Territórios pela paz” e “Usina de Paz”, implantados por ele no Estado do Pará. O foco, segundo ele, é a ocupação do espaço urbano popular com serviços públicos e acesso da população às atividades de promoção de cidadania, educação, saúde e empregabilidade.
“São mais de 80 serviços gratuitos, disponibilizados pelos órgãos e entidades parceiras do Estado, como espaços para atividades esportivas, salas de audiovisual e inclusão digital. Além de atendimento médico e odontológico, consultoria jurídica, emissão de documentos, ações de segurança, capacitação técnica e profissionalizante, espaço multiuso para feiras, eventos e encontros da comunidade. Há espaços para cursos livres e de dança, teatro, robótica, artes marciais, musicalização e biblioteca”, afirmou o palestrante.
Para o deputado Comandante Dan (Podemos), promotor do evento, o professor é uma das grandes autoridades intelectuais da segurança pública no Brasil.
“Fui conhecer uma Usina de Paz e me enchi de esperanças de poder um dia, ver um projeto tão efetivo, sendo realizado em Manaus e no interior do Amazonas”, disse.
A ausência do Estado em bairros periféricos e populares (algo corriqueiro nas cidades de médio e grande porte do país), desenvolvendo políticas públicas inclusivas e oportunidades, são para o professor Balestreri, um dos principais fatores do crescimento do crime organizado.
“O crime praticado na favela não é no atacado, é no varejo. Os líderes das organizações criminosas não estão na favela. A dinâmica do crime não vem de baixo para cima, vem de cima pra baixo”, argumentou.
Para ele, não é na favela que se resolve o crime organizado, o que não quer dizer que não se deva combater o crime no varejo. O palestrante avaliou que matar bandido não resolve nada, essa visão, além de mal articulada, é ingênua.
“O que resolve é desestruturar as organizações criminosas. Não há crime organizado que sobreviva sem a corrupção de autoridades. Cidades mais equânimes com seus cidadãos, com os espaços públicos bem cuidados e honestamente administrados são a receita para a segurança e a ordem pública”, finalizou.