Criado: Quinta, 31 Outubro 2024 18:10
Palestrante orienta sobre sinais de esgotamento e práticas para lidar com o estresse
Em mais uma iniciativa voltada à promoção da saúde mental e ao fortalecimento de um ambiente de trabalho acolhedor e equilibrado, o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM), por meio de sua Comissão de Prevenção a Situações de Riscos à Saúde Mental, realizou na tarde desta quinta-feira (31/10) o evento “Prevenção ao Burnout, Sinais de Esgotamento e Estratégias para Gerenciar o Estresse”. A palestra, ministrada pelo professor e psicólogo Mário Marcelo Marreiros Pardo, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), abordou caminhos e práticas que visam auxiliar servidores e colaboradores a identificar e gerenciar os sinais de esgotamento, fortalecendo o bem-estar no ambiente institucional.
Na ocasião, o especialista conduziu reflexões com os colaboradores do MPAM sobre o esgotamento profissional e os sinais de burnout, explorando suas causas e apresentando estratégias práticas para gerenciamento do estresse. De maneira envolvente e interativa, ele se utilizou de uma dinâmica em grupo, onde incentivou os participantes a compartilharem suas experiências e a reconhecerem seus limites emocionais. Esse formato trouxe à discussão uma visão coletiva sobre o tema, permitindo que os colaboradores identificassem em suas próprias rotinas formas de prevenir o desgaste emocional e de valorizar práticas de autocuidado no ambiente de trabalho.
Em sua fala, Marcelo Pardo enfatizou a seriedade dos transtornos mentais, destacando que a ciência, apesar de rigorosa e metodológica, possui limitações claras. “Ciência não faz milagre, não afaga o ego de ninguém; acolhe, é empática, mas não faz mágica”, explicou. Ele alertou também sobre a importância de reconhecer os primeiros sinais de esgotamento, que muitas vezes não são percebidos pela própria pessoa. “Geralmente, são pessoas próximas que notam, como familiares e colegas de trabalho. Às vezes, alguém diz: ‘Marcelo, você não está no seu normal’, e é aí que deve haver acolhimento”, concluiu o palestrante.
Ao final, Marcelo Pardo expressou sua satisfação pelo convite e se colocou inteiramente à disposição do Ministério Público e dos colaboradores presentes. “Quero me colocar inteiramente à disposição de todos os que aqui estão, e daqueles que, por algum motivo, não puderam comparecer”, declarou, reiterando a prontidão de sua equipe multidisciplinar, formada por especialistas, para auxiliar na promoção da saúde e bem-estar de todos. “Muito obrigado pela presença, pela troca, pela construção, pelo presente de estar com vocês em uma das instituições mais importantes da República. Foi um prazer estar aqui”, completou.
Durante a palestra sobre saúde mental, a subprocuradora-geral de Justiça para Assuntos Jurídicos e Institucionais do MPAM, Anabel Vitória Mendonça de Souza, destacou a importância de se discutir abertamente o sofrimento humano. Segundo ela, “vivemos numa sociedade que, ao invés de promover seus enredos, acaba tomando um panorama de frustrações e depressões”. Anabel Mendonça enfatizou que “não tem como passar pela vida sem sofrimento“, alertando que essa questão tem se tornado tão naturalizada que muitos já a incorporam em sua rotina, como um remédio que se toma sem questionar. Em sua fala, ela concluiu de maneira contundente: “Precisamos amadurecer como instituição para enfrentar essas dificuldades que todos nós estamos sentindo“.
Sobre a síndrome de burnout
O termo “burnout” vem do inglês “to burn out”, que significa “queimar por completo” ou “consumir-se”. Criado pelo psicanalista americano Herbert Freudenberger, o conceito descreve um estado de esgotamento físico e emocional decorrente do excesso de desgaste de energia e recursos internos, geralmente em resposta ao estresse laboral crônico. Embora não haja uma definição única, o burnout é amplamente reconhecido como uma síndrome de exaustão profissional, na qual o indivíduo sente-se “acabado”, em um processo em que a energia se desgasta até “queimar-se” completamente.
Caracterizada como uma resposta prolongada a estressores do trabalho, a síndrome geralmente se desencadeia em cenários de sobrecarga ou frustração. O esgotamento é gradual: começa com um entusiasmo inicial, que dá lugar a um tédio persistente, seguido de irritação e mau humor. Aos poucos, o trabalhador perde a motivação, desistindo mentalmente diante das demandas excessivas e perdendo a conexão com seu ambiente de trabalho, o que afeta profundamente sua saúde mental e bem-estar.
Texto: Victor LemosFoto: Hirailton Gomes