Amazonas Green Jazz Festival foi o palco de um momento histórico para a música brasileira. A noite de quarta-feira (06/08) trouxe uma apresentação marcante no Teatro Amazonas, onde a Amazonas Band teve a honra de receber o multi-instrumentista, compositor e arranjador Jovino Santos Neto. O festival não só celebra a música, mas também resgata e honra a ancestralidade amazônica através da arte.
Durante este grandioso evento, ocorreu o lançamento mundial do álbum “A Onça e o Pajé”, que foi gravado ao vivo no festival do ano passado e já está cotado para o Grammy, concorrendo nas categorias Large Jazz Ensemble Album e Melhor Composição Instrumental. Este álbum é um testemunho da rica cultura amazônica e da habilidade artística de Jovino Santos Neto, que compôs a faixa-título especialmente para a Amazonas Band.
A faixa-título, “A Onça e o Pajé”, tem uma duração impressionante de 12 minutos e conta uma narrativa profunda. Jovino explica que a música é uma espécie de filme sonoro, retratando a jornada de um curumim chamado Uyu Puyuh Ira, que busca se tornar um pajé, usando a canela da onça, Yauaretê Pixuna, para criar sua flauta sagrada, a jacobete. A narrativa musical aborda temas de espiritualidade e a conexão entre os seres da floresta.
O multi-instrumentista tem uma relação íntima com a Amazônia, não apenas como artista, mas também como biólogo. Em 1977, Jovino teve a chance de se especializar no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), mas escolheu seguir sua paixão pela música ao ser convidado a se juntar à banda de Hermeto Pascoal. Ele menciona que, mesmo após anos em turnê com Hermeto, a floresta nunca deixou de ser parte dele.
Radicado em Seattle por mais de três décadas, Jovino também é um professor respeitado no Cornish College of the Arts. Ele elogiou a colaboração com a Amazonas Band, ressaltando que tocar com uma big band é uma experiência rara e que o festival proporcionou uma produção de altíssima qualidade. “É como lançar um foguete”, afirmou, destacando o nível profissional do evento.
Além da faixa principal do álbum, o concerto também apresentou composições inéditas de Jovino, assim como arranjos únicos de clássicos da música brasileira, como “Você Já Foi à Bahia?” de Dorival Caymmi e “Brigas Nunca Mais” de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Cada peça traz a saborosa mistura de ritmos e temas da cultura brasileira, enriquecendo ainda mais o repertório da Amazonas Band.
O maestro Rui Carvalho, que lidera a Amazonas Band, também compartilhou sua visão sobre a importância desse projeto. Segundo ele, gravar e apresentar este espetáculo com Jovino é um marco significativo para o grupo, um projeto inédito e desafiador que não apenas engrandece artisticamente a banda, mas também faz todos os envolvidos crescerem musicalmente.
O Amazonas Green Jazz Festival, promovido pelo Governo do Amazonas através da Secretaria de Cultura e economia criativa, continuará sua programação até domingo (10/08), com apresentações de renomados artistas. No dia seguinte ao lançamento do álbum, Rony Ferreira e a Orquestra Som do Nordeste subirão ao palco, seguidos por Cleber Almeida Quarteto e outros. As apresentações culminarão com Ivan Lins e Gilson Peranzzetta, encerrando o festival com chave de ouro.
Outro ponto notable do festival é a “Casa do Jazz”, que possui uma programação paralela no Largo de São Sebastião, incluindo a exposição e venda de um livro que celebra os 25 anos da Amazonas Band, um testemunho da rica trajetória musical do grupo. O Amazonas Green Jazz Festival, portanto, não é apenas uma celebração da música jazz, mas também um tributo à cultura e à diversidade da Amazonia.