Há 2 minutos
Mostra reúne obras interativas, vídeos e bate-papos para o público sobre urbanização, ancestralidade e justiça climática
Foto: Arthur Castro / Secom
A exposição do Museu Itinerante da Amazônia, denominada “MIA – Passado, presente e futuros”, chegou à Manaus reunindo obras e ações que promovem reflexões profundas sobre o modo como as cidades amazônicas vêm sendo construídas e o impacto das mudanças climáticas no cotidiano da população. A mostra, iniciada em Belém deve seguir após sua passagem por Manaus para outras capitais como São Luís, Brasília e Rio de Janeiro, destacando a importância de repensar os moldes urbanos impostos historicamente à região.
A exposição é fruto de uma colaboração entre o Laboratório da Cidade, sediado em Belém, e a organização Oca Amazônia, com participação ativa de pesquisadores e artistas locais. Um dos destaques é o vídeo desenvolvido em conjunto entre as duas organizações, que nasceu de um estudo sobre áreas urbanizadas sem arborização na capital paraense, e está sendo adaptado para as cidades que receberão a itinerância. A proposta do vídeo é imaginar alternativas de urbanismo mais adequadas ao clima e à realidade amazônica, ampliando o debate sobre o direito à cidade.
Segundo Jade Jares, gerente de projetos culturais do Laboratório da Cidade e curadora do “MIA – Passado, presente e futuros”, a ideia da exposição começou a ser pensada em 2022, com a proposta de um museu a céu aberto para o Dia da Amazônia. Em 2023, o projeto ganhou novo formato, mais interativo e com foco na escuta do público. “A exposição busca entender como a cidade foi construída, como ela ainda replica modelos europeus que não se adaptam ao nosso clima e geografia, e como podemos aprender com os povos originários para transformar o futuro urbano da Amazônia”, explicou.
Foto: Arthur Castro / Secom
Durante a abertura, foi realizado um bate-papo com o tema “COP30 e as cidades amazônicas”, conectando os eixos do MIA com o projeto apoiado pelo Instituto Clima e Sociedade. Para Tatiana Lobão, natural do Rio de Janeiro e de passagem à Manaus, a exposição toca especialmente por mostrar como as mudanças climáticas afetam de forma mais intensa as populações vulneráveis da região. “Quando andar de bicicleta ou ônibus se torna quase impossível devido ao calor e à falta de infraestrutura, vemos como o planejamento urbano está falhando com as pessoas. A exposição materializa essas discussões e provoca o olhar de quem passa por isso, achei muito interessante ver esse ponto de vista”, comenta.
As obras também denunciam situações críticas vividas nas cidades amazônicas, como um rio transformado em esgoto a céu aberto e a substituição de espaços verdes por asfalto, vendidos como sinônimo de progresso. “A gente precisa repensar os moldes de como tudo está sendo construído. Não dá mais para continuar reproduzindo padrões urbanos que ignoram a realidade da Amazônia”, reforça Jade.
Foto: Arthur Castro / Secom
Além do impacto visual e sensorial, o Museu Itinerante da Amazônia (MIA), visa dialogar com a sociedade civil e também com as autoridades, provocando reflexões sobre políticas públicas, especialmente diante da aproximação da COP30, que será realizada em novembro deste ano em Belém. “Queremos que essa exposição não apenas toque as pessoas, mas que influencie decisões e inspire uma nova forma de viver e pensar a cidade amazônica”, conclui Jade.
Com entrada gratuita, a exposição segue em cartaz até o dia 29 de abril, de segunda a sábado (exceto às quartas), das 9h às 15h, no Palacete Provincial.