Há 36 minutos
Trabalho dos pesquisadores foi amparado pelo Programa Biodiversa da Fapeam
Foto: Isabella Freitas
A presença e a diversidade de borboletas frugívoras (espécies que se alimentam principalmente de frutos) em uma área fornecem indicativos sobre o estado de conservação do ecossistema, devido à sua especificidade ambiental e sensibilidade a mudanças no habitat, seja por desmatamento, degradação ou alterações climáticas.
O principal resultado de pesquisa apoiada pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), foi a produção de seis guias de identificação de borboletas frugívoras, com mais de 100 espécies encontradas nas Unidades de Conservação (UCs) da Amazônia brasileira.
Amparado via Programa Biodiversa/Fapeam, o estudo intitulado “Guias de borboletas frugívoras do Amazonas: informações para uso técnico, científico e social” catalogou a diversidade de borboletas frugívoras de seis UCs do Amazonas: a Reserva Extrativista (Resex) Arapixi, o Parque Nacional (Parna) Nascentes do Lago Jari, Parna do Jaú, Parna dos Campos Amazônicos, Parna Mapinguari e a Reserva Biológica (Rebio) do Uatumã. Foram catalogadas tanto borboletas comumente encontradas na Amazônia, quanto algumas raras e pouco amostradas.
Os guias foram escritos e coordenados pelos doutores em Biologia (Ecologia), Isabela Freitas Oliveira, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Fabricio Beggiato Baccaro, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Durante a fase de pesquisa, foram identificadas diversas espécies, algumas com potencial como bioindicadoras de ambientes preservados e perturbados, que podem auxiliar os gestores das UCs a desenvolver diagnósticos ambientais mais completos.
Foto: Isabella Freitas
Guias ilustrados
O estudo contou com a colaboração e a logística do Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade – Programa Monitora, do ICMBio, que vem sendo desenvolvido há mais de 10 anos. O programa realiza o monitoramento anual de borboletas frugívoras em diversas UCs Federais nos biomas Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica.
Primeiramente, a captura desses insetos foi realizada por meio de coletas em duas campanhas anuais, usando armadilhas com iscas atrativas. As borboletas capturadas foram enviadas para Manaus, onde foram identificadas, fotografadas e depositadas em coleções entomológicas de referência. Logo depois, houve as fases de identificação das borboletas até o nível de espécie, registro fotográfico das amostras, revisão por taxonomistas especializados, diagramação e produção do conteúdo dos guias e, por fim, a publicação e disponibilização para uso técnico e educativo.
O coautor Fabricio Beggiato Baccaro afirmou que cada guia inclui informações detalhadas sobre a biodiversidade de borboletas específicas a cada região e suas características ambientais. “Os guias trazem uma estrutura gráfica de uma coleção. Ou seja, todos os guias têm os mesmos tópicos e estão estruturados da mesma forma. Obviamente, a exceção são as espécies e informações locais sobre a UC em questão. Nosso objetivo foi criar um material que poderia ser usado não só pelos gestores, mas também pelos moradores locais e turistas”, explicou.
A coautora Isabela Oliveira complementou ainda que um dos resultados importantes da pesquisa foi a identificação das chamadas “espécies crípticas”, aquelas que possuem aparência muito similar. Com isso, facilita o trabalho de monitores, entusiastas e jovens pesquisadores na diferenciação dessas espécies.
Foto: Isabella Freitas
“Contribuímos para suprir uma lacuna importante, uma vez que ainda são raros os guias de borboletas voltados para a Amazônia brasileira que trazem fotografias de alta qualidade e são disponibilizados gratuitamente”, enfatizou sobre a importância dos guias.
Cada Unidade de Conservação possui características ambientais e contextos biogeográficos únicos, o que influencia a diversidade das borboletas presentes, apresentando uma proporção distinta de tribos e espécies, que são influenciadas por essas variações ambientais, climáticas e biogeográficas.
As espécies mais comuns, sendo encontradas em todas as seis UCs e geralmente em outras regiões da Amazônia brasileira, foram: Catonephele acontius, Nessaea obrinus, Pseudeuptychia herseis, Opsiphanes invirae e Taygetis sosis. Já aquelas que foram raramente capturadas e que, anteriormente, não possuíam fotografias ou fotografias em cores em artigos ou guias, foram: Eunica amelia (fêmea), Hamadryas alicia, Hamadryas belladonna e Taygetis oyapock.
Para saber mais informações, confira os guias:
Resex Arapixi:
https://www.researchgate.net/publication/385168706_BORBOLETAS_FRUGIVORAS_DA_RESEX_ARAPIXI
Parna Nascentes do Lago Jari: https://www.researchgate.net/publication/385169328_BORBOLETAS_FRUGIVORAS_DO_PARNA_NASCENTES_DO_LAGO_JARI
Parna do Jaú:
https://www.researchgate.net/publication/385168901_BORBOLETAS_FRUGIVORAS_DO_PARNA_DO_JAU
Parna dos Campos Amazônicos:
https://www.researchgate.net/publication/385169103_BORBOLETAS_FRUGIVORAS_DO_PARNA_DOS_CAMPOS_AMAZONICOS
Parna Mapinguari: https://www.researchgate.net/publication/385169105_BORBOLETAS_FRUGIVORAS_DO_PARNA_MAPINGUARI
Rebio do Uatumã: https://www.researchgate.net/publication/385172076_BORBOLETAS_FRUGIVORAS_DA_REBIO_DO_UATUMA
Sobre o Programa Biodiversa
Com o tema “CT&I para Ambiência e Biodiversidade no Estado do Amazonas – Ano I”, o Programa Biodiversa/Fapeam apoia propostas de pesquisa científica, tecnológica e/ou de inovação, ou de transferência tecnológica, coordenadas por pesquisadores residentes no Amazonas, vinculados às instituições de pesquisa ou ensino superior ou centros de pesquisa de natureza pública ou privada sem fins lucrativos, voltadas para caracterização, conservação, restauração, uso sustentável do meio ambiente e exploração sustentável da diversidade amazônica, com vistas à produção de conhecimentos que contribuam para o enfrentamento dos problemas ambientais amazônicos e subsidiem a formulação de políticas públicas de conservação ambiental no Amazonas.