A Prefeitura de Manaus, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), iniciou, nesta segunda-feira, 10/3, na Unidade de Saúde da Família (USF) Dr. Agnaldo Gomes da Costa, no bairro São José, zona Leste, a Campanha de Mobilização e Luta contra a Tuberculose 2025. A campanha, que seguirá nas unidades de saúde da rede municipal até dia 31 de março, será executada abordando o tema “Prevenir, Diagnosticar e Tratar: Rumo à Eliminação da Tuberculose em Manaus!”.Na abertura do evento, a secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe, destacou que o objetivo é intensificar a detecção precoce da doença, reforçar a investigação de contatos de pacientes infectados e buscar a redução do abandono do tratamento, considerados os principais desafios para o controle da tuberculose.“Em 2024, houve o registro de mais de três mil casos novos de tuberculose em Manaus. Ainda temos problemas em que é necessário avançar. O abandono do tratamento continua a ser um desafio e contribui para a disseminação da doença, já que, sem o tratamento, a cadeia de transmissão não é interrompida”, alertou a secretária.Além da mobilização no início da campanha, Shádia Fraxe explicou que as equipes de saúde devem reforçar a busca ativa de casos suspeitos de tuberculose e alertar a população sobre os sintomas da doença.“Pessoas com tosse por mais de duas semanas, febre, dificuldade de respirar ou outro sintoma, devem procurar uma unidade básica de saúde. O mesmo deve ocorrer no caso de pessoas que são contatos dos pacientes com tuberculose, que são as que convivem com o paciente. As equipes de saúde estão preparadas para orientar e as UBSs prontas para a coleta do exame de escarro”, afirmou Shádia Fraxe.Em 2025, Manaus já registrou 408 casos de tuberculose. No ano passado, o número chegou a 3.122 casos novos, representando um aumento em relação ao ano de 2023, quando houve 2.845 casos.Entre os casos registrados no ano passado, em 23% dos casos novos de tuberculose pulmonar com confirmação laboratorial houve abandono do tratamento.De acordo com a chefe do Núcleo de Controle da Tuberculose da Semsa, enfermeira Eunice Jácome, o abandono não só contribui para manter a cadeia de transmissão, mas também para o desenvolvimento da tuberculose resistente.“Quando o paciente interrompe o tratamento, há uma grande probabilidade de que passe a ter resistência ao esquema padrão de medicamentos, o que vai dificultar a cura e exigir esquemas alternativos. E o número de casos de tuberculose resistente tem aumentado, inclusive em casos novos, ou seja, quando transmite a doença, já é na forma resistente”, explica Eunice Jácome.Infecção LatenteUma das estratégias utilizadas pela Semsa para o controle da tuberculose em Manaus é o foco na investigação de contatos, que são as pessoas que convivem de forma próxima e prolongada com pacientes diagnosticados com a tuberculose ativa.Com a investigação, é possível identificar casos novos, iniciando o tratamento de forma precoce, e também casos de Infecção Latente da Tuberculose (ILTB), que ocorre quando uma pessoa foi infectada pelo Mycobacterium tuberculosis, mas ainda não desenvolveu a doença ativa, o que permite iniciar o tratamento preventivo e evitar novos casos.Eunice Jácome informa que a Semsa vem ampliando a oferta do diagnóstico e tratamento da ILTB. Ela explica que, para a realização do tratamento para tuberculose latente, os critérios necessários incluem o exame do PPD (derivado proteico purificado) e o exame de Raio-X.Para fortalecer o acesso aos exames, em 2024, o número de unidades de saúde da rede municipal com a oferta do PPD passou de 16 para 50, um aumento de 212%.“Com o incremento das informações no Sistema iTB, ferramenta desenvolvida pela Semsa para o acompanhamento e gestão da tuberculose, foi possível encaminhar mais rapidamente o paciente para a realização do Raio-X. São ações que permitiram agilizar e facilitar o acesso da população ao tratamento preventivo, reduzindo os riscos de novas infecções”, apontou Eunice Jácome.Em 2024, 42,5% dos contatos identificados buscaram avaliação nas unidades de saúde, resultando em 2.259 tratamentos preventivos iniciados.Durante a abertura da campanha, o subsecretário de Gestão da Saúde da Semsa, Djalma Coelho, apontou que Manaus alcançou no ano passado o título de capital brasileira com o maior número de tratamentos para ILTB realizados.“Manaus está de parabéns por esse importante avanço no controle da tuberculose. Apenas com o diagnóstico precoce e o tratamento precoce é possível quebrar a cadeia de transmissão e assim vencer o desafio de erradicar a tuberculose”, afirmou Djalma Coelho.CampanhaAs ações da campanha terão continuidade durante o mês com uma série de atividades educativas e lúdicas, caminhada de sensibilização, rodas de conversa e busca ativa de sintomáticos respiratórios.A programação também vai envolver a realização do curso “Tuberculose: Acolhimento na Atenção Primária”, direcionado para profissionais de saúde que atuam na recepção das UBSs; uma caminhada, no dia 24 de março, marcando o Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose, promovida pelo Comitê de Controle da Tuberculose no Amazonas, com concentração na Praça da Saudade, centro de Manaus; e o lançamento, dia 31, do Boletim Epidemiológico – Tuberculose 2025, que reúne dados como incidência, distribuição de casos e outras informações fundamentais para orientar a política pública de saúde no combate à doença no município.TuberculoseDoença infecciosa e transmissível, a tuberculose é causada pela micobactéria Mycobacterium tuberculosis ou Bacilo de Koch (BK), que afeta prioritariamente os pulmões. O principal sintoma é a tosse e por isso a recomendação é para que pessoas com tosse por duas semanas ou mais sejam examinadas, procurando uma das unidades de saúde da rede municipal para a realização de exames.A transmissão da doença ocorre quando, ao falar, espirrar e, principalmente, ao tossir, as pessoas com tuberculose ativa, ainda sem tratamento, lançam no ar partículas em forma de aerossóis que contêm bacilos, podendo transmitir a doença para outras pessoas.O tratamento é oferecido de forma gratuita nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e dura no mínimo seis meses.
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Texto – Eurivânia Galúcio/SemsaFotos – João Viana / SemcomDisponíveis em –https://flic.kr/s/aHBqjC56QP