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Evento faz parte da programação do 26º Festival de Ópera do Amazonas
Foto: Antonio Lima/Secom
O Teatro Amazonas teve uma noite de imersão e inclusão voltada para as pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com um espetáculo adaptado, fazendo com que os jovens vivenciassem uma verdadeira récita de ópera, apresentada na quinta-feira (24/04).
O evento, intitulado de “Ópera no Mundo Azul”, aconteceu dentro da programação da 26ª edição do Festival Amazonas de Ópera (FAO), em uma edição especial em homenagem ao mês de conscientização ao autismo. E teve como diretor artístico e regência o conceituado maestro Marcelo de Jesus, que levou pessoas com TEA e seus familiares para o palco do teatro, para que, ao som do concerto, pudessem sentir a musicalidade e interagissem
Realizado com recursos da Lei Rouanet, com patrocínio do Bradesco, e com apoio da Innova e Swarovski, o Festival Amazonas de Ópera é organizado pelo Fundo do Festival, em parceria com o Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
Fotos: Antonio Lima/Secom“É muito bonita a sensação que a gente tem aqui no palco. É de amor mesmo, de um amor puro. Ano passado, quando a gente fez, eu tive uma coisa assim de falar: ‘Nossa, como é que pequeno gesto pode trazer tanta felicidade?’ Eu vejo nos olhos deles que estão felizes. E essa energia contagia, ela volta, só que volta em dobro”, frisou o maestro Marcelo, após o espetáculo, enquanto estava rodeado de crianças e jovens com TEA, todos animados e encantados com a apresentação.
Na plateia, a funcionária pública Virgínia Barros levou, pela primeira vez, o filho Vinícius, de 21 anos, autista com grau mais severo, ao espetáculo. “Antes, por causa do autismo severo, era difícil trazer. Mas ele está bem trabalhado e a gente consegue controlá-lo na maior parte do tempo. Eles se sentiram felizes. Eles sentem a música, eles movimentam o corpo e eles se sentem bem”, ressaltou a mãe de Vinícius.
Ela ainda acrescentou que foram necessários muitos anos de terapia comportamental, com a participação de toda a família, para poder mudar o comportamento de Vinícius e que ele pudesse levar uma vida equilibrada.
Filho de peixe…
Fotos: Antonio Lima/SecomDurante a apresentação do Ópera no Mundo Azul, o pequeno Noah Malheiro, de 7 anos, ao lado da professora Bárbara Soares, mostrou segurança e dedicação ao tocar no violino as músicas “Marcha Soldado” e “Laranjada Doce”.
Aluno dedicado e filho do maestro Luiz Fernando Malheiro, Noah gosta de seguir uma rotina, saber o que vai acontecer primeiro e o que vai acontecer depois. “A gente tem toda uma estratégia para trabalhar com ele. E ele é um excelente aluno, ele estuda todo dia”, contou a professora, ao dizer que Noah sabe tocar Mi Fá, Mi Ré e está aprendendo todas as notas do Brilha, Brilha.
Encantado e emocionado
Após o espetáculo e ainda encantado com a interação da plateia que preencheu os assentos do Teatro Amazonas, Marcelo de Jesus afirmou que concertos como o Ópera no Mundo Azul fazem com que os músicos saiam de sua zona de conforto.
E o que antes parecia ser caótico para quem está de fora, assistindo aos jovens correndo pelo palco, batendo palmas, gritando, perceberam que eles começaram a entrar no mundo da música, sentir as vibrações. A música, que começou baixo, foi evoluindo até chegar ao ápice, como se fosse um “grand finale”.
Fotos: Antonio Lima/Secom“Talvez não dê para ouvir uma ópera inteira, mas eles ouviram ‘Carmen’, ouviram ‘La Bohème’, ouviram ‘O Barbeiro de Sevilha’, então isso já é uma forma de inclusão. Eu tenho certeza que todos os músicos que saem daqui, saem com felicidade, com amor no coração, verdadeiro”, finalizou o maestro Marcelo de Jesus.