Ativistas ambientais foram ao local e identificaram queda do barranco no trecho de 250 metros em que a prefeitura colocou pneus para facilitar o acesso da praia ao mirante
Parte do morro onde será construído o Parque Encontro das Águas, na zona oeste de Manaus, conhecido como Mirante Encontro das Águas, cedeu nos últimos dias e a estrutura do local está comprometida. A informação é de membros do movimento SOS Encontro das Águas. Fotografias registradas pelo ativista ambiental Valter Calheiros nesta quarta-feira (20) mostram que há risco de ocorrer novos desmoronamentos.
No local, a Prefeitura de Manaus pretende concretizar o projeto do arquiteto Oscar Niemeyer, adquirido na gestão de Serafim Corrêa (2005-2008) por R$ 600 mil. O projeto inclui um mirante para que visitantes possam contemplar o encontro dos rios Negro e Solimões, heliponto, elevador para acesso à praia, centro de artes, museu e restaurante.
Nesta quarta-feira, após receberem informações de desmoronamentos na orla onde será construído o parque, ativistas ambientais foram ao local e identificaram queda do barranco no trecho de 250 metros em que a prefeitura colocou pneus para facilitar o acesso da praia ao mirante. Segundo eles, há risco de desabamento.
“Na semana passada, nós recebemos mensagem de um pessoal que sempre passa por lá dizendo: ‘olha, vai desabar, vai cair, está caindo’. Mas, como não parava de chover, a gente não foi antes. Ontem (quarta-feira, 20), parou de chover, corremos para lá e fizemos o registro junto com o pessoal do centro de pesquisa [Instituto Soka]”, disse Calheiros.
Os pneus foram colocados como escada provisória, em novembro do ano passado pela Semulsp (Secretaria Municipal de Limpeza Pública), na trilha que dá acesso à praia para quem acessa o mirante por terra.
De acordo com Calheiros, o movimento SOS Encontro das Águas visita o local com frequência há anos e já registrou outras quedas de barrancos no local. No entanto, ele destaca que os desmoronamentos dos últimos dias ocorreram somente na parte esquerda do mirante [para quem está de frente para o rio], ou seja, na parte em que foram colocados os pneus.
“Só tem desmoronamento onde tem os pneus. Do lado direito, que não tem pneu, está inteiro, não tem nenhum problema. [No lado esquerdo], foi retirada toda a parte de vegetação para colocar pneus. Antes, a vegetação protegia, fazia a água escorrer. Agora, com o pneu, infiltrou. Está muito pesado o barro lá em cima”, disse Calheiros.
O movimento solicitou à Semuslp que interdite o local e envie engenheiros para que verifiquem as causas dos desmoronamentos e apontem as medidas necessárias para evitar acidentes.
Calheiros aconselha que as pessoas evitem visitar o local. “Hoje, eu não recomendo ninguém a descer no meio dos pneus porque pode cair tudo de uma vez só”, disse o ativista.
“São 250 metros de pneu, de cima até embaixo. Em toda área que foi colocado pneus tem infiltração. Resultado: vai desabar todinho. Já caiu uma grande parte e vai cair o restante agora”, alertou Calheiros.
“O pessoal da Semulsp se comprometeu a ir ainda hoje lá, provavelmente hoje, para interditar a área e não deixar ninguém passar”, completou.
A reportagem solicitou informações da Prefeitura de Manaus sobre as medidas adotadas para evitar acidentes no local, mas até a publicação desta matéria nenhuma resposta foi enviada.
No dia 11 deste mês, o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), se reuniu com o responsável técnico do escritório de Niemeyer, Jair Valera, para definir detalhes do projeto. Na ocasião, o presidente do Implurb, Carlos Valente, disse que até setembro deste ano a prefeitura deve assinar a ordem de serviço para o início das obras do parque.
Veja as fotos registradas nesta quarta-feira pelo ativista Valter Calheiros: