A pesquisa, da Universidade de Southampton, na Inglaterra, também ocorre na Colômbia, México e El Salvador
MANAUS – A saúde sexual e reprodutiva das mulheres migrantes da Venezuela, em condição de vulnerabilidade social em Manaus e Boa Vista (RR), é objeto de estudo. A pesquisa, coordenada pela Universidade de Southampton, na Inglaterra, ocorre também na Colômbia, México e El Salvador, país com fluxo migratório desencadeado pela crise na Venezuela em 2014. O trabalho é em parceria com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e Universidade Federal do Maranhão.
A médica Maria do Carmo Leal, pesquisadora senior da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz e coordenadora do estudo no Brasil, explica que a finalidade é conhecer as dimensões e diferentes aspectos da vida sexual e reprodutiva desse público para formular políticas públicas. A pesquisa também ajuda a conhecer como se dá o processo de migração das mulheres e acolhida delas no Brasil.
Aproximadamente 2 mil mulheres participaram da pesquisa, na faixa etária dos 15 aos 49 anos, que migraram para o Brasil entre 2018 e 2021. Elas foram entrevistadas durante um an, em Manaus e Boa Vista, principais portas de entrada da migração venezuelana no país, por mulheres também venezuelanas capacitadas para o projeto.
Com financiamento do governo inglês, a parte quantitativa da pesquisa identificou índices de gravidez na adolescência, pobreza menstrual, métodos contraceptivos e questões como renda familiar, tipo de moradia, situação conjugal, escolaridade, entre as entrevistadas. “Os dados começaram a ser coletados em meados do ano passado. Aqui em Manaus nos meses de junho e julho, e em Boa Vista, no mês de setembro”, disse Maria do Carmo.
Parte dos resultados do levantamentos quantitativos e qualitativos da pesquisa foi apresentada nesta terça-feira (10), na sede da Fiocruz em Manaus.
Pia Riggirozzi esclarece que o trabalho está na etapa de fechamento de coleta de dados, a partir de todas as histórias de adolescentes e mulheres venezuelanas ouvidas ao longo de meses de pesquisa. “A segunda etapa do projeto será a de análises após a conclusão do trabalho de campo, feito por meio de diferentes modalidades de entrevistas (on line e individuais), nas quais se percebeu a necessidade que as adolescentes e mulheres venezuelanas migrantes sentem de falar e serem ouvidas”, afirmou.