FOTO: Evandro Seixas/DPE-AMO projeto Defensoria Pública Digital (DPDigital) da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) iniciou um ciclo de oficinas para ensinar pessoas da terceira idade a identificarem e se protegerem de novas técnicas no universo on-line conhecidas como “deepfakes”.No primeiro encontro, participantes aprenderam o que são e como identificar vídeos falsos, conhecidos como deepfakes; atividade acontece em parceira com a FUnATI
As oficinas acontecem na Fundação Universidade Aberta da Terceira Idade (FUnATI), na zona oeste de Manaus, onde serão realizadas uma vez por semana. A primeira ocorreu no último dia 5.
“Deepfake” é uma metodologia que usa inteligência artificial para trocar o rosto de pessoas e manipular vozes em vídeos, sincronizando movimentos labiais, expressões e outros detalhes para convencer alguém sobre um determinado assunto (que pode ser uma informação falsa).
Além do defensor, servidores da Diretoria de Tecnologia da Informação e da Comunicação da DPE-AM participaram da oficina, sendo estratégicos na construção direta do conteúdo apresentado ao público. Eles conversaram com idosos sobre como funciona a produção de vídeos com conteúdo falso, como identificá-los, e colheram experiências que poderão influenciar na construção de produtos e sistemas inclusivos da Defensoria, por exemplo.
“A Defensoria está saindo na frente, porque estamos vivendo uma nova era, e a deepfake já é uma realidade. Nós precisamos mostrar para as pessoas idosas, que são hipervulneráveis, como identificar um vídeo falso para não caírem em golpes e saberem o que fazer quando estiverem diante de uma situação dessas”, explicou o defensor público Marcelo Pinheiro, coordenador do projeto.
Hoje, Maria Auxiliadora se diz bastante “desconfiada” com a internet e, por ter tido experiências negativas em compras on-line, atualmente ela evita também realizar qualquer tipo de transação financeira pelo celular.
“Nós estamos em uma época em que recebemos muitos desses vídeos manipulados. Eu sempre tento alertar aos meus conhecidos sobre o risco que isso traz, e que a gente tem que procurar a informação correta. Já me envolvi em polêmicas por causa disso. Então, aqui no nosso grupo, temos muitas pessoas que precisam de orientações para saber distinguir o que é falso e o que é verdadeiro”, afirmou a aposentada Maria Auxiliadora Carvalho, de 65 anos.
“Nas eleições, nós vimos muitas violências acontecerem. Um exemplo disso é a ausência de um design na urna eletrônica que leve em consideração as nuances da pessoa idosa. Muitos sequer conseguiram ter suas digitais lidas pelo sistema, devido ao desgaste, ao envelhecimento do corpo, além de não terem a certeza de que conseguiram exercer sua cidadania de forma plena, em razão das dificuldades de entender o funcionamento da urna no momento do voto. São desigualdades como essas que nós temos que combater e corrigir”, completou o defensor.
Violência digital
De acordo com Pinheiro, as deepfakes podem, em alguns casos, ser consideradas como violência digital contra idosos. O defensor público afirma que ainda não existe uma definição concreta para essa modalidade, porém, cada vez mais, ela tem se disseminado entre as pessoas mais vulneráveis, podendo causar consequências graves, que vão além da disseminação de vídeos falsos.
Imagens: Evandro Seixas/DPE-AM
MATERIAL EM VÍDEO
Conteúdo: Sonora com Marcelo Pinheiro, defensor público e coordenador do programa Defensoria Pública Digital
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