Em vistoria técnica realizada de forma integrada pela Prefeitura de Manaus, a Gerência de Patrimônio Histórico (GPH) do Instituto Municipal de Planejamento Urbano (Implurb) verificou que elementos arquitetônicos do mercado Adolpho Lisboa, uma unidade de preservação histórica de 1º grau, sofreram desprendimento da fachada pela rua dos Barés, no Centro, zona Sul.
O relatório da vistoria será apresentado em reunião municipal nesta quarta-feira, 19/10, que vai tratar da situação do bem de preservação e das providências necessárias para recuperação do dano ocorrido na edificação.
Na inspeção, se verificou que houve desprendimento de parte da fachada histórica, onde o elemento arquitetônico denominado cornija (conjunto de molduras salientes que servem de arremate superior às obras de arquitetura) desabou em área interna, sem causar qualquer prejuízo aos frequentadores. Há no local uma fissura na parede.
Para a gerente do GPH, arquiteta e urbanista Luiza Lacerda, entre as intervenções emergenciais estão ações de conservação e manutenção para recuperação dos danos, incluindo a interdição parcial do estabelecimento, que já foi realizada na terça-feira, 18, no trecho mais comprometido, visando a proteção dos permissionários e frequentadores.
“O imóvel se encontra em área acautelada pela Lei Orgânica de Manaus (Loman) e pelo decreto 7.176/2004, a ser autorizado pelo Implurb, atendendo às normas de preservação, manutenção e conservação das características originais conforme legislação vigente, e precedida de autorização prévia do Iphan-AM (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), uma vez que está em local protegido da instância federal”, citou Luiza.
A Defesa Civil do município irá apresentar laudo técnico especificando os danos e possíveis riscos, bem como as medidas emergenciais a serem adotadas.
A vistoria técnica contou ainda com a presença de representantes da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) e do Iphan.
História
O mercado Municipal Adolpho Lisboa, também conhecido como mercadão, está localizado às margens do rio Negro. Construído durante o ciclo da borracha com material importado da Europa, sua estrutura em ferro fundido foi projetada pelo engenheiro francês Gustave Eiffel, o mesmo que projetou e deu seu nome à famosa Torre Eiffel, de Paris.
Foi inaugurado em 15 de julho de 1883, sendo um dos mais importantes espaços de comercialização de produtos e alimentos típicos da Amazônia, em função da variedade de espécies de peixes de água doce, artesanatos, frutas, legumes e especiarias, atraindo a atenção e a curiosidade de quem o visita.
O mercadão é um símbolo da arquitetura do período áureo da economia da borracha e uma relíquia para todo o Brasil. Sobre a bandeira do portão principal, existe uma cartela cravada com o nome Adolpho Lisboa que, na época da construção, era prefeito da cidade de Manaus.
Por ser um dos principais exemplares da arquitetura de ferro sem similar em todo o mundo, foi tombado como patrimônio histórico nacional pelo Iphan em 1987 e incluído no Livro das Belas Artes. O prédio foi interditado em 2006 para obras de restauro, sendo reaberto em 2013.
Texto – Claudia do Valle / Implurb
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Fotos – Divulgação / Implurb