Antes de ingressar na polícia, desempenhou outras funções, como a de gari, mas percebeu que na carreira militar conseguiria mudar a vida de sua família. Com muita persistência, amor pelos filhos e determinação, conseguiu não só transformar a realidade em que vivia, como também inspirar a filha a seguir os mesmos passos na PMAM.
Mãe e filha trilharam o mesmo caminho de força e luta. (Foto: Carlos Soares/SSP-AM)Os desafios de seguir uma carreira na Polícia Militar são grandes, essa carga aumenta quando se é mãe solteira, ainda mais com dois filhos. Essa é a história da 2º tenente da Polícia Militar do Amazonas (PMAM), Grazia Mieli, que começou a trilhar um caminho para mudar a vida dos seus filhos.
Desde que eram crianças, a mãe foi um espelho de determinação, independência e inspiração. E não demorou muito para que começassem a falar que queriam ser como ela. O caminho até aqui não foi fácil, mas hoje a policial sente orgulho e gratidão pela própria história.
Atualmente, Grazia é mãe de três filhos. A 2º tenente está lotada no 1º Pelotão Independente de Polícia Militar (PIPM), subordinado ao 2° Batalhão de Polícia Militar (BPM), de Itacoatiara, e inspirou dois deles a seguir carreira militar, na PMAM e no Exército Brasileiro.
Com apoio do pai, formou-se e iniciou sua carreira, para hoje ser tenente e uma profissional respeitada na instituição. Mas, o que ela não esperava, é que toda essa história de luta e superação inspiraria sua filha a seguir os mesmos passos de luta, conciliando maternidade e uma carreira na Polícia.
“Eu me desdobrava. Tinha meus dias na escala que eu tinha que trabalhar, e a profissão de policial militar em si é muito estressante, cansativa, mas quando chegava o momento maravilhoso de retornar para casa e via a alegria dos meus filhos em me receber, aquilo era meu motivo maior de trabalhar por eles, mesmo com risco da nossa vida, que é inerente da nossa profissão, de muitas vezes sair para trabalhar e não saber se retorna com vida”, relembra.
Inspiração
Pamela, também mãe de dois filhos, é cabo da PMAM. Ela conta que via, desde pequena, o esforço e a independência da mãe, que se desdobrava entre uma rotina arriscada e cansativa como policial, mas que ao mesmo tempo não deixava faltar nada dentro de casa, principalmente o exemplo.
“Eu fui gari, varria rua e quando prestei a prova e as etapas, meu irmão me cobria no trabalho de gari e cada uma das etapas eu fui vencendo, até conseguir ser aprovada, em 1997. Nessa época eu já tinha dois filhos, Pamela, que hoje é cabo e o Graziano que está no exército. Eu ainda fiquei grávida logo quando entrei, então foi uma história de muita luta”, contou.
Com a força que aprendeu desde cedo a ter, Pâmela, mulher, mãe e policial, hoje enfrenta um câncer de mama e, da mesma forma que a mãe Grazia, encontra na maternidade o combustível para vencer essa luta.
“Eu como uma interiorana sempre tive sonhos, desde que eu cresci já via minha mãe sendo policial, para mim era muito bonito, mulher alta, grande, forte, sempre achei muito bonito. Outra coisa que sempre me inspirou foi a independência dela, mãe solteira, policial, sempre tive muito orgulho dela”, declarou.