O objetivo do projeto é estruturar a rede de saúde para uma atuação mais efetiva no diagnóstico precoce de pacientes que apresentam situação de imunodeficiência avançada, assim como fortalecer o cuidado em saúde desse grupo de pessoas, prevenindo o adoecimento e principalmente o óbito por Aids. No ano passado, Manaus registrou 250 mortes pela doença.Manaus é um dos municípios brasileiros incluídos no projeto-piloto “Circuito Rápido da Aids Avançada”, que o Ministério da Saúde pretende executar em cidades de cinco estados (Amazonas, Ceará, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul). A Prefeitura de Manaus inicia a execução do projeto na próxima segunda-feira, 5/6.
“Um dos pontos principais do projeto consiste na implantação de testagem rápida de CD4, que identifica se o paciente apresenta deficiência grave na imunidade. Considera-se o resultado adequado quando o paciente apresenta um valor de CD4 acima de 500 cel/mm. Mas, caso o exame aponte CD4 <200 cel/mm, é considerado como doença avançada”, explica Rita de Cássia.
A técnica da gerência de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (GEVEP/Semsa), enfermeira Rita de Cássia de Jesus, informa que a execução do projeto terá início na segunda-feira, 5/6, após uma série de treinamentos para capacitação de profissionais, coordenados pelo Ministério da Saúde, e a organização de fluxos do serviço envolvendo a Semsa, a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) e a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP).
“Quando o paciente é diagnosticado já com a doença avançada, é preciso que haja uma intervenção, onde terá atendimento prioritário em todos os níveis de atenção da rede pública de modo a minimizar os riscos de evolução da doença, o que poderia levar à internação ou óbito. Por isso, a implantação da testagem rápida do CD4 é um passo muito importante para o cuidado com as pessoas vivendo com HIV no Sistema Único de Saúde”, afirma Rita de Cássia.
Segundo a enfermeira, a rede de saúde municipal já disponibiliza o exame laboratorial para CD4 em sete serviços que realizam o tratamento antirretroviral, liberando o resultado em até 15 dias. O novo teste rápido para CD4 terá a vantagem de apresentar resultado em 45 minutos e será realizado logo após a chegada do usuário ao Serviço de Atenção Especializada (SAE) para avaliação inicial.
No momento da identificação de um paciente com diagnóstico positivo em uma das 193 Unidades de Saúde da rede municipal que oferecem o teste rápido para o HIV, será feito o encaminhamento para tratamento nos SAEs, onde será realizado o teste rápido de CD4.
Fluxo
A partir do resultado do exame de CD4, o paciente diagnosticado com doença avançada também realizará mais três testes visando identificar três coinfecções que podem comprometer o estado de saúde: tuberculose, criptococose e histoplasmose.
Os SAEs da rede municipal selecionados para o projeto piloto funcionam nas Unidades de Saúde: Policlínica Comte Telles (zona Leste); USF Ajuricaba (zona Oeste); e Clínica da Família Antônio Reis (zona Sul).
Rita de Cássia aponta que são três doenças oportunistas, ou seja, atingem pessoas com algum tipo de deficiência na imunidade, como é o caso de pacientes com HIV, e podem levar a outros problemas de saúde.
Os novos testes contribuem para o diagnóstico dos três agravos que apresentam maior incidência em casos de doença avançada: Tuberculose, doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões, e é causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch; a Criptococose, classificada como micose sistêmica, causada por fungos do gênero Cryptococcus, que pode ser encontrado em matéria orgânica morta presente no solo, em frutas secas e cereais, e nas árvores, e também é encontrado nas fezes de aves, principalmente dos pombos; e Histoplasmose, uma infecção fúngica sistêmica, adquirida geralmente pela inalação do fungo no manuseio do solo, frutas secas e cereais e nas árvores.
A Aids é uma doença causada pela infecção do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV é a sigla em inglês), que ataca o sistema imunológico e prejudica a capacidade de defesa do organismo contra doenças.
“A criptococose, por exemplo, muitas vezes provoca um quadro de meningoencefalite, que pode levar o paciente ao óbito. Os estudos mostram que 70% dos pacientes que apresentam CD4 <200 cel/mm desenvolvem um desses três agravos”, alerta a enfermeira.
A diretora de Vigilância Epidemiológica, Ambiental, Zoonoses e da Saúde do Trabalhador (DVAE/Semsa), Marinélia Ferreira, esclarece que existe diferença entre o HIV e a Aids.
Em 2022, Manaus registrou 1.848 casos novos de HIV, 546 casos novos de Aids e 250 óbitos por Aids. No ano de 2021, houve o registro de 283 óbitos.
Entre janeiro e fevereiro de 2023, houve o registro de 165 casos novos de HIV em Manaus, 48 casos novos de Aids e nove óbitos por Aids.
“O HIV é o vírus, que é transmissível. A Aids, síndrome da imunodeficiência humana, é a doença, que pode ser desenvolvida a partir da infecção pelo HIV. Iniciar o tratamento com medicamentos antirretrovirais após testar positivo, pode evitar que o HIV cause a Aids e outras infecções”, ressalta a diretora.
Texto – Eurivânia Galúcio / Semsa
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Foto – Divulgação / Semsa