As oficinas buscam ajudar famílias que enfrentam processos de separação a lidar com a situação de forma saudável e amadurecida, mantendo os vínculos de ambos os genitores com os filhos, evitando práticas de alienação parental.
O Centro Judiciário de Solução de Conflitos (Cejusc-Famílias), coordenado pelo juiz Gildo Alves de Carvalho Filho, promoveu nesta semana o retorno das atividades presenciais das “Oficinas de Parentalidade”, que vinham sendo realizadas virtualmente desde agosto de 2020, por meio da plataforma Google Meet, em razão das medidas de prevenção à covid-19.
Prática recomendada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), as oficinas buscam ajudar famílias que enfrentam processos de separação a lidar com a situação de forma saudável e amadurecida, mantendo os vínculos de ambos os genitores com os filhos, evitando práticas de alienação parental e fornecendo a pais, mães, crianças e adolescentes mecanismos para lidar com os desentendimentos e os próprios sentimentos.
Atividade realizada desde 2004, as oficinas são conduzidas pela equipe psicossocial (psicologia e serviço social) do Cejusc/Família. Na terça-feira (26/07), três espaços foram preparados para a ação retomada das atividades presenciais pela equipe de 17 integrantes, entre coordenadores e estagiários do Centro: o auditório do Fórum Cível Des.ª Euza Maria Naice de Vasconcellos, que abrigou 24 adultos (pães e mães), além de duas oficinas no 1.º andar do Fórum, sendo uma para crianças e outra para adolescentes, ambas decoradas de forma lúdica.
A Oficina de Parentalidade está alinhada à Resolução 125/2010que dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses atribuindo ao Poder Judiciário o papel de pacificador social. A ideia é que os casais consigam lidar de forma positiva com a separação, garantindo um ambiente acolhedor aos filhos e que eles não apenas sobrevivam, mas amadureçam positivamente após o divórcio, trazendo uma reflexão para o momento vivenciado pela família.
De acordo com o o estagiário do Serviço Social do Cejusc-Famílias, Ewerton Verçosa, os envolvidos precisam de orientações para a nova realidade. “Muitas das vezes, quando os casais se separam, eles esquecem de exercer essa parentalidade. Só porque você não está mais convivendo com seu filho que você não deve exercer esse papel de pai. Mesmo que esteja morando em uma outra casa, a criança tem direito de conviver com o pai. Nós damos orientações de como o filho precisa se sentir pertencente a um novo local, um novo espaço em que ele está convivendo com a nova família”, explicou Verçosa.
“A gente foca no direito das criança e do adolescente indicado pelo ECA, além do direito dos pais de serem pai ou de serem mãe. A criança precisa poder conviver com o pai e com a mãe, tem o direito de conviver com ambas as partes, ambas as famílias e desfrutar da parentalidade de forma diferente agora. Mas agora que a família se transformou, eles começam a viver uma nova realidade e a gente fala sobre os direitos e a importância de conviverem e serem preservados o direito e o bem-estar dela”, explicou Lorena Lisboa estagiária do Serviço Social.
Uma das presentes, que preferiu não se identificar, contou que está recém-separada e estava atenta ao tema. “Está sendo muito bom o esclarecimento. Muitas pessoas entram em processo de separação com muitas mágoas e não percebem que essa situação não é um impacto somente pra ela, mas é uma transformação para os filhos. Eu percebi isso aqui e pretendo me esforçar para meu filho ter a convivência com o pai e todos os direitos”, declarou.
Na oficina para crianças e adolescentes as equipes criaram espaços adaptados da Oficina de Parentalidade dos adultos, mas com jogos. “Optamos por uma linguagem em que possamos tratar com crianças e adolescentes, construída a partir de um jogo de fácil assimilação, mostramos os tipos de família, as transformações que as famílias passam, os sentimentos que eles estão sentindo durante essas transformações, como eles julgam e lidam com esses sentimentos, como eles podem conseguir a rede de apoio, como conseguem conversar com os pais. Normalmente eles têm essa preocupação mas não sentem que têm um espaço para falar sobre o assunto. Aqui, percebem que não vêm para decidir alguma coisa, mas para estar em um ambiente onde se sintam seguros para conversar e serem orientados”, explicou o integrante da equipe de psicologia, Sander Filho.
As próximas oficinas de 2022 estão marcadas para 30 de agosto, 28 de setembro, 25 de outubro, 29 de novembro e 13 de dezembro.
Sandra Bezerra
Foto: Sandra Bezerra
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