Idealizada pela equipe multidisciplinar do Juizado, a exposição “Não vista esta camisa” está no Shopping Phelippe Daou e busca estimular a reflexão sobre os vários tipos de violência doméstica e familiar contra a mulher.
A exposição “Não vista esta camisa”, idealizada pela equipe multidisciplinar do 1.º Juizado Especializado no Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (“1.º Juizado Maria da Penha”) pode ser conferida nesta semana no Shopping Phelippe Daou, localizado na Avenida Camapuã, bairro Jorge Teixeira, zona Leste de Manaus. Montada na entrada principal do shopping e também no segundo piso, a exposição permanecerá no local até sexta-feira (25/03) e é composta de camisetas pintadas com frases colhidas em depoimentos de mulheres em situação de violência e atendidas pela equipe multidisciplinar do Juizado, que tem como titular a juíza de Direito Ana Lorena Gazzineo.
Segundo a assistente social Celi Cristina Nunes Cavalcante, que integra a equipe do “1.º Juizado Maria da Penha”, a exposição foi parte, em novembro do ano passado, da programação da 19.ª edição da “Campanha Justiça pela Paz em Casa”, organizado pela Comissão da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJAM, coordenada pela desembargadora Graça Figueiredo e, agora, integra as ações preventivas desenvolvidas pelo Juizado.
“As atividades preventivas acontecem o ano inteiro. Desta vez montamos a exposição de forma alusiva ao mês do ‘Dia Internacional da Mulher’. Escolhemos esse local porque, no Juizado, atendemos muitas mulheres das zonas Norte e Leste e o shopping é um espaço aberto, em que todos os públicos podem transitar e participar, ter interesse pelas camisas expostas como vem acontecendo”, explicou Celi.
Ela ressalta que as frases estampadas nas camisetas, ditas por homens e por mulheres, buscam estimular a reflexão pois, muitas vezes, são ditas de forma irrefletida. “As frases, quando expostas dessa maneira, causam um impacto que contribui para uma conscientização acerca da problemática. A reflexão que queremos trazer é que não é fácil sair da situação de violência, mas que é possível. A partir dessa exposição queremos que a vítima encontre seu lugar e busque ajuda nos órgãos que apoiam a proteção da mulher.”, explica a assistente social.
“Vai sair vestida assim?”; “Ele teve ciúmes”; “Ninguém vai te amar como eu te amo”; “Mas ele nunca me bateu”; “Não conta pra ninguém se não te mato”; “Isso é tudo coisa da sua cabeça”; são algumas das frases estampadas nas camisetas em exposição, ditas de forma costumeira e que acabam sendo aceitas como “normais” em um relacionamento. Mas são falas que escondem violências física, moral, psicológica, sexual, e patrimonial.
A vendedora ARS, 43 anos, que passou pela experiência de dois relacionamentos abusivos, em que sofreu agressões psicológicas e físicas, passou pela exposição e disse que se identificou com algumas das frases. À reportagem, contou que, no primeiro relacionamento, aguentou abusos e humilhações durante 16 anos e, no segundo, que durou 2 anos e meio, chegou a ser esfaqueada. “Eu me identifiquei com quase todas as frases nas camisetas. Hoje me libertei, prefiro estar sozinha e para as mulheres que ainda estão tentando sair desse ciclo, eu digo que não aceitem ser diminuídas por situações e palavras que possam ofender, é preciso dar um basta imediatamente”, aconselhou ARS, que ainda está sob medida protetiva. “Achei boa a ideia dessas frases porque às vezes as mulheres escutam isso e pensam: Ah, não, ele não vai mais fazer isso! Só que já é um alerta, porque a gente pensa que é uma coisa à toa e que ele vai mudar. É um confronto para quem está passando por essa situação”, acrescentou.
A administradora do Shopping Phelippe Daou, Eliviane Moraes, elogiou a iniciativa da exposição. “Funcionamos de segunda a sábado, das 8h as 12h e recebemos uma média diária de mil pessoas, que vêm fazer compras e resolver problemas nos postos de serviços instalados aqui. A exposição traz um esclarecimento muito grande para as mulheres e está montada aqui na frente do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), que tem como público mulheres que podem estar passando por esse tipo de situação e precisam entender que não estão desamparadas”, afirma a administradora do shopping.
Durante a exposição, a equipe do “1º Juizado Maria da Penha” distribui panfletos e flyers informativos com endereços e números de telefones úteis para mulheres em situação de violência doméstica, além de orientar aquelas que buscam maior esclarecimento.
#PraTodosVerem – a foto principal que ilustra a matéria mostra uma mulher observando as camisas que integram a exposição organizada pelo “1.º Juizado Maria da Penha”, estendidas em uma espécie de varal, no hall do Shopping Phelippe Daou .
Sandra Bezerra
Fotos: Raphael Alves / 21/03/2022
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